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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Aproveitando melhor a consulta geriátrica


Está bem claro que a dependência do idoso está diretamente relacionada com o grau de saúde que ele apresenta. Em outras palavras, quanto maior o número de doenças incapacitantes o idoso apresentar (como doenças do coração, déficit de visão, demência, Parkinson…), maior é o cuidado e a atenção que os familiares e os cuidadores terão com ele. Complementando, quanto maior o grau de dependência funcional de um idoso, certamente maior o número de médicos que o assistem. E é aí que mora o perigo.


A medicina está alcançando, nos dias atuais, um grande avanço no que diz respeito aos diagnósticos mais precisos e à tratamentos mais eficazes para inúmeras patologias. Entretanto, ela ficou muito segmentada, muito dividida em várias especialidades, cada uma preocupada somente com seu órgão, seu sistema e suas doenças. Não olha a pessoa como um todo. “Olha, a sua pressão está controlada, mas esta parte da gastrite você dever ver com o gastro!”

”Dona Maria, seu intestino solto não é causado pela vesícula. Talvez, seria melhorar procurar um proctologista e examinar melhor seu intestino.” “O médico ortopedista pediu para ir ao reumatologista ver esta minha coluna, que não pára de doer!”

Os exemplos acima mostram claramente como a medicina funciona, nos dias de hoje. Na grande maioria das vezes, funciona até muito bem, quando a pessoa é mais jovem ou tem poucos problemas de saúde para resolver. Já com o idoso e, principalmente com o idoso mais dependente, esta fórmula é causadora de inúmeros transtornos e efeitos colaterais. Explico: quanto maior a dependência do idoso, maiores e mais severos são os problemas de saúde, maior o número de medicamentos que ele toma, maior a quantidade de exames que ele faz e, para fechar esta conclusão, maior o número de médicos que o acompanha. Cada um tratando da sua parte, do seu órgão, da sua doença!

A visão do médico generalista, do clínico geral, do médico da família, neste caso, é sempre bem vinda, pois ao tratar o idoso como uma pessoa, ele vê sua saúde como parte de um todo, racionalizando o tratamento e evitando excessos de medicamentos e exames. Este é o trabalho e a função primordial do geriatra. Lembrando, a geriatria é a especialidade da medicina que trata das pessoas da terceira idade.

Algumas vezes, o próprio geriatra solicita auxílio de outros colegas especialistas, para ajudar em enfermidades que, sozinho, não consegue tratar. Exemplo: o oftalmologista, o urologista, o oncologista e os cirurgiões. Porém, a racionalização do plano geral de tratamento e reabilitação de um idoso dependente é responsabilidade do geriatra. Com uma visão mais holística, olhando o idoso como pessoa, procurando diagnosticar e tratar o que realmente vai melhorar sua qualidade de vida, o geriatra busca estreitar laços de respeito e confiança com seus clientes e com a família, resgatando a imagem do médico da família.

Tanto em consulta domiciliar, muito comum no caso do idoso dependente e imobilizado, quanto no consultório médico, é muito importante a família atentar para as seguintes recomendações, aproveitando melhor o tempo e as orientações do médico:


  1. Chegue com alguma antecedência à hora marcada para consulta (10 minutos). Digo isso, pois é muito comum ver familiares e idosos chegarem aos consultórios com muita antecedência, às vezes de mais de uma hora. Enche a sala de espera e cria um desconforto para o idoso e para outros clientes que estão com hora marcada antes e acham que o seu idoso será passado na frente.

  2. O tempo do médico é de ouro. Não há justificativa para atender um cliente em 10 minutos, principalmente o idoso que demanda uma atenção maior e um exame mais apurado. Porém, trazer vários membros da família, fazer inúmeras perguntas ao médico, principalmente que não tem relação com a saúde do idoso, é atrasar uma consulta além do necessário.

  3. Tragam escrito no papel as dúvidas, as queixas e os questionamentos sobre o idoso, se for uma consulta de rotina e de controle. Se for uma consulta inicial com o geriatra, faça em casa um relatório escrito com toda a história de saúde e de doenças do seu familiar idoso, com detalhes sobre datas de internamentos e cirurgias, medicações que já tomou e as medicações atuais que está tomando. Este procedimento irá facilitar muito a consulta inicial e ajudar no diagnóstico do médico e no posterior tratamento.

  4. Fale de todos os médicos que estão acompanhando o idoso atualmente, com as suas respectivas medicações e exames já feitos (os mais atuais).

  5. Evite que o seu idoso, principalmente se for mais dependente, tenha inúmeros médicos acompanhando. Como frisado acima, o geriatra poderá encaminhar, se necessário, para o especialista.

  6. Se você tiver dúvida em relação à medicação que o idoso está tomando, traga a sacola com todos os medicamentos e converse com o geriatra. Ele irá te orientar quais os medicamentos corretos que o idoso deve tomar, otimizar as doses e facilitar os horários da administração dos remédios.


  7. Procurem ter uma relação de cordialidade e confiança com o médico do idoso. Lembrar que os exames complementares (exames de sangue, rx, tomografias, ultrassons, dentre outros) são para ajudar no diagnóstico. Eles não substituem o médico e nem são a última palavra em relação ao diagnóstico. Muitos exames desnecessários trazem prejuízo para a saúde do idoso e encarecem o tratamento.

  8. Finalmente, lembrar que o médico é um ser humano como qualquer outro. Tem sua família, seus problemas pessoais e um tempo extremamente curto para lazer, hobbies e convívio com a família. “Endeusar” a figura do médico pode não ser mais uma maneira de elogiar o seu trabalho (antigamente isto era muito comum: Pra mim, é Deus no céu e o Dr. Fulano na terra!).

Falamos em melhorar o rendimento de uma consulta geriátrica, mas também devemos lembrar que o idoso dependente requer um cuidado mais complexo e, por isto, a presença de uma equipe multidisciplinar geriatra, fisioterapeuta, psicólogo, fonoaudiólogo, enfermeiro, odontogeriatra, nutricionista, assistente social, dentre outros, é fundamental e certeza de sucesso na condução de cada caso.


abs,

Carla

fonte:www.cuidardeidosos.com.br/ A reprodução deste texto só pode ser realizada mediante expressa autorização do Portal Cuidar de Idosos

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