BRASIL, O ALEMÃO VAI TE PEGAR
Márcio F. Borges – médico geriatra
Editor de conteúdo
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Não
se trata de ataques de traficantes do Morro do Alemão, do Rio de Janeiro; nem de
ameaças do querido povo germânico, muito bem representado, por sinal,
principalmente nas colônias de descentes do sul do país. Falo de outro alemão,
que está se alastrando e preocupando vários países em todo o mundo:
ALZHEIMER.
Ao descobrir esta doença em 1906, Dr. Alois Alzheimer
descreveu acertadamente os três principais sinais: problemas sérios com a
memória, alterações importantes de comportamento e a perda
da independência e autonomia. Mas sequer imaginou o alcance das proporções que a
doença teria na virada do milênio. A doença de Alzheimer já é considerada a
grande epidemia do século XXI. Mais, uma pandemia de alcance mundial, sentida
seriamente nos países mais ricos e avançando celeremente para os países menos
desenvolvidos.
O que está dando impulso a essa tão temida enfermidade é
justamente uma grande conquista da humanidade: o envelhecimento populacional. A
expectativa de vida está aumentando a cada década e o Brasil é considerado um
dos países mais envelhecidos do mundo. Temos 21 milhões de pessoas idosas, o que
corresponde a 12% de toda a população. As mulheres estão chegando facilmente aos
80 anos, enquanto os homens penam para passar dos 70 anos. E o Alzheimer? Raro
antes de 60 anos e incomum antes dos 70 anos, somente após os 80 anos é que
aparece com números realmente preocupantes: 30% dos idosos com mais de 80 anos
poderão ser acometidos por Alzheimer! Também está claro que a grande maioria dos
idosos com mais de 80 anos (pelo menos 70%) não sofrerão as mazelas desta
patologia.
É uma doença da família, pois quem cuida da pessoa idosa com Alzheimer é a esposa, a filha, a neta, com o auxílio de outros familiares. É uma doença cara, com medicamentos caros, requer profissionais de saúde capacitados, contratação de cuidadoras de pessoas idosas ou institucionalização em casas de repouso. Em nosso país, temos perto de 3,5 milhões de pessoas idosas com mais de 80 anos (IBGE,2010). A equação é clara e cruel: mais de 1,2 milhões de pessoas idosas com Alzheimer! Um lembrete: daqui a 20 anos teremos, no Brasil, perto de 9 milhões idosos com mais de 80 anos. E 30% de 9 milhões é....
O Brasil está carente de cuidados com as pessoas idosas mais dependentes, temos muito pouco a oferecer em termos de saúde e de assistência social. Não oferecemos nenhum auxílio, nenhum programa social para as famílias que cuidam de seus idosos com Alzheimer. O que era para ser um direito de todos e um dever da Nação, do estado e do município (artigo 196 da Constituição Federal), é letra morta e esquecida na Carta Magna e no Estatuto do Idoso.
21 de setembro é o Dia Mundial de Alzheimer. Dia para lembrar que todos nós também ficaremos idosos, sem distinção de cor, sexo, situação econômica ou social. A doença de Alzheimer também é democrática, não faz distinção e todos estão no mesmo barco. Copiando uma brincadeira comum em rodas de conversas e na internet, quando uma pessoa esquece algo, diz “o alemão tá me pegando”. Fica o alerta: cuidado, Brasil, "o alemão" vai te pegar!
É uma doença da família, pois quem cuida da pessoa idosa com Alzheimer é a esposa, a filha, a neta, com o auxílio de outros familiares. É uma doença cara, com medicamentos caros, requer profissionais de saúde capacitados, contratação de cuidadoras de pessoas idosas ou institucionalização em casas de repouso. Em nosso país, temos perto de 3,5 milhões de pessoas idosas com mais de 80 anos (IBGE,2010). A equação é clara e cruel: mais de 1,2 milhões de pessoas idosas com Alzheimer! Um lembrete: daqui a 20 anos teremos, no Brasil, perto de 9 milhões idosos com mais de 80 anos. E 30% de 9 milhões é....
O Brasil está carente de cuidados com as pessoas idosas mais dependentes, temos muito pouco a oferecer em termos de saúde e de assistência social. Não oferecemos nenhum auxílio, nenhum programa social para as famílias que cuidam de seus idosos com Alzheimer. O que era para ser um direito de todos e um dever da Nação, do estado e do município (artigo 196 da Constituição Federal), é letra morta e esquecida na Carta Magna e no Estatuto do Idoso.
21 de setembro é o Dia Mundial de Alzheimer. Dia para lembrar que todos nós também ficaremos idosos, sem distinção de cor, sexo, situação econômica ou social. A doença de Alzheimer também é democrática, não faz distinção e todos estão no mesmo barco. Copiando uma brincadeira comum em rodas de conversas e na internet, quando uma pessoa esquece algo, diz “o alemão tá me pegando”. Fica o alerta: cuidado, Brasil, "o alemão" vai te pegar!
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