Colesterol alto e diabetes tipo 2 são uma combinação perigosa — e, muitas vezes, silenciosa. A presença simultânea dessas condições aumenta significativamente o risco de complicações cardiovasculares, como infarto, AVC e insuficiência renal. No entanto, apesar da gravidade, esse tema ainda recebe pouca atenção em consultas de rotina ou no autocuidado.
No Dia Nacional de Combate ao Colesterol, celebrado em 8 de agosto, especialistas reforçam a importância do controle conjunto da glicemia e dos níveis de gordura no sangue. Em uma live transmitida pelo canal Um Diabético, o cardiologista Dr. José Rocha Faria e o endocrinologista Dr. Rodrigo Siqueiraexplicaram os principais riscos e as estratégias de prevenção para quem vive com diabetes.
A principal causa de morte entre pessoas com diabetes
De acordo com o Dr. José Rocha, 50% das mortes entre pessoas com diabetes no Brasil são causadas por doenças cardiovasculares, principalmente infarto do miocárdio. Entre a população geral, essa taxa é de um terço. “A maior parte dessas mortes acontece por doenças do coração, e não apenas por derrame. No diabetes, predomina o infarto”, alertou o cardiologista.
Ele ainda destacou que o risco é maior quando o diabetes não é controlado e está associado à hipertensão, obesidade e dislipidemia (alterações no colesterol e triglicérides). “O problema não é só a glicose alta. É a glicose alta somada à pressão alta, ao excesso de peso, ao colesterol alto. O controle precisa ser de todos esses fatores.”
Exames fundamentais para quem tem diabetes
Pessoas com diabetes devem realizar exames laboratoriais com frequência. Segundo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), é recomendado fazer o perfil lipídico completo duas vezes ao ano, incluindo:
- Colesterol total
- LDL (colesterol ruim)
- HDL (colesterol bom)
- Triglicérides
O Dr. Rocha ainda explicou que os valores ideais de LDL variam conforme o grau de risco cardiovascular:
- Abaixo de 100 mg/dL para pessoas com risco moderado
- Abaixo de 70 mg/dL para quem tem diabetes há mais de 10 anos
- Abaixo de 50 mg/dL para quem já teve infarto ou AVC
Além disso, outros exames complementares, como creatinina, microalbuminúria e PCR-ultrassensível, ajudam a acompanhar a saúde do coração e dos rins.
Por que o colesterol alto é tão perigoso?
O colesterol ruim (LDL), quando em excesso, se acumula nas paredes das artérias, formando placas de gordura. Pessoas com diabetes apresentam um tipo de LDL mais aterogênico, ou seja, que penetra com mais facilidade nos vasos sanguíneos. Como consequência, o risco de formação de placas é maior. Além disso, esses pacientes frequentemente têm o HDL mais baixo e os triglicérides mais altos, o que agrava ainda mais o quadro e amplia o risco cardiovascular.
“O diabético, em geral, tem um LDL que entope mais facilmente as artérias. Mesmo quando os valores numéricos são parecidos com os da população em geral, a composição dessas moléculas é mais perigosa”, explicou o cardiologista Dr. José Rocha Faria.
Outro problema grave, segundo os médicos, é que muitos diabéticos infartam sem sentir dor no peito. A evolução silenciosa da doença cardiovascular, sem sintomas claros, dificulta o diagnóstico precoce.
“O
paciente só sente quando a doença já está avançada. E muitos abandonam o
tratamenporqunão veem resultado imediato com as medicações para
colesterol”, alertou o Dr. Rodrigo Siqueira. “Mas o benefício é de longo
prazo. Precisa manter o tratamento contínuo.”
O papel da prevenção: estilo de vida e tratamento
Tanto o Dr. Rodrigo quanto o Dr. José Rocha enfatizaram a importância do estilo de vida saudável como base da prevenção.
Principais orientações:
- Controle do peso corporal
- Alimentação com menos gordura saturada e mais fibras
- Atividade física regular
- Parar de fumar
- Avaliação médica periódica, especialmente com cardiologista e endocrinologista
“A atividade física é como uma poupança. Você pratica hoje e colhe os benefícios mais tarde”, afirmou o cardiologista. “E sobre cigarro, a tolerância é zero.”
Além disso, hoje em dia, existem opções que atuam de forma integrada, controlando o diabetes, auxiliando na perda de peso e melhorando o perfil lipídico. É o caso dos agonistas do GLP-1 (como semaglutida, liraglutida e tirzepatida) e dos inibidores de SGLT2.
“Hoje temos medicamentos que atuam de forma simultânea no controle glicêmico, na perda de peso e na proteção cardiovascular”, explicou o Dr. Rodrigo. “Isso muda a forma como tratamos o diabetes.”
Avaliação anual com cardiologista é essencial
Outro ponto enfatizado na live foi a necessidade de acompanhamento preventivo com cardiologista. Pessoas com diabetes a partir dos 35 ou 40 anos devem fazer uma avaliação cardíaca pelo menos uma vez ao ano — mesmo sem sintomas.
Por isso, a gente sempre diz: a pessoa com diabetes passa anos com o endocrinologista, mas quem sofre nos últimos anos é o coração. Queremos mudar esse ciclo com prevenção desde cedo”, concluiu o Dr. José Rocha.
Editor-Chefe e Supervisor de Comunicação - Jovem, antenado e questionador, Marcelo convive com diabetes tipo 1 desde os 5 anos de idade. Natural de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, é jornalista e está sempre em busca de novos aprendizados. Atua na produção e edição de reportagens, roteiros e conteúdos que unem informação, sensibilidade e relevância. Também supervisiona a comunicação institucional do Um Diabético e contribui ativamente para o diálogo com a comunidade. Sua vivência com o diabetes traz ainda mais autenticidade e empatia para o conteúdo que produz.
Fundador & CEO | Jornalista e Criador de Conteúdo - Tom é jornalista experiente, com mais de 17 anos de carreira em televisão, tendo atuado como repórter e apresentador nas principais emissoras do país. Diagnosticado com diabetes tipo 1 aos 22 anos, transformou sua trajetória pessoal em uma missão profissional. Além de liderar o Um Diabético, também realiza documentários e curtas com foco em saúde e impacto social. É reconhecido como um dos principais porta-vozes do diabetes no Brasil, dando voz e visibilidade a milhares de pessoas que convivem com a condição.
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abs
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