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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Familiares com Alzheimer não devem ser excluídos das festas de final de ano

O fim do ano está se aproximando. Encontrei essa reportagem interessante escrita por Enio Rodrigo e resolvi postar para vocês.

Nessa época de final de ano, com as festas se aproximando, é hora da família e dos amigos se reunirem e celebrarem. Entretanto, quando um ente querido está em processo de perda de memória causada pela doença de Alzheimer, o período de festas pode ser um evento desafiador.

A família pode ficar insegura em como lidar com essa situação, na qual uma pessoa próxima e que faz parte do núcleo familiar principal – como pais e mães – começa a perder a memória, repetir conversas, esquecer o nome dos familiares e ficar confusa com o que ocorre ao seu redor. Isso pode causar certo desconforto e as pessoas acreditam que tanto os adultos como as crianças nas festas possam, de alguma forma, ficar incomodados com a interação com essas pessoas com Alzheimer.

“Mas não se deve isolar esses indivíduos. Dependendo da fase da doença ela só vai ter certos esquecimentos, mas continuam capazes de realizar as tarefas e de se comunicar perfeitamente. Claro que em uma fase mais avançada, ao invés de levar a pessoa até uma festa, por exemplo, talvez seja melhor que a festa venha até ela, pois a agitação de ter que se deslocar até um local diferente do habitual pode causar algum tipo de ansiedade e nervosismo”, explica Cybelle Diniz, médica geriatra e pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Para isso, aponta Cybelle, é preciso ter em mente algumas estratégias para lidar com essa situação, que pode ser nova para algumas famílias.

• A família precisa se informar sobre o Alzheimer.

Aprender a falar sobre a condição ajuda os familiares a entender a importância para as pessoas com Alzheimer terem apoio de pessoas próximas. Mesmo as crianças precisam ser educadas sobre o que a condição representa e como isso não deve ser assustador, mas enfrentado como uma situação nova, mas normal e, apesar de difícil, adaptável.

“Existem livros que ajudam as crianças a entenderem a situação. E é preciso explicar a doença do avô ou avó de acordo com a idade da criança. Além disso é preciso explicar que caso aquele familiar esteja nervoso ou fale alguma coisa diferente é porque ele está doente e não falou por maldade”, diz Cybelle.

• Conversar com as pessoas com Alzheimer e mantê-las envolvidas com atividades ajuda na manutenção da saúde delas.

Manter uma conversação, entendendo que as pessoas com Alzheimer podem se repetir nas respostas, esquecer o tema da conversa ou alterar a linha lógica do diálogo. As conversas fazem que essas pessoas com Alzheimer exercitem a memória, mas não se deve testar essas pessoas, ou seja, dizer que elas estão erradas nas respostas ou apontar incongruências naturais na narrativa delas. Esse tipo de atitude, pressionando os indivíduos acometidos da doença, em vez de ajudar pode gerar mais ansiedade e fazer que a memória, a cognição e o comportamento piorem.

“Algumas pessoas tentam brincar de ‘jogo de adivinhação’ com os familiares com Alzheimer. Ficar insistindo com perguntas do tipo ‘quem sou eu?’ ou ‘lembra de tal pessoa’ pode deixar os indivíduos doentes inseguros e agitados”, aponta Cybelle.

Outra coisa, explica a especialista, é que a conversa deve ser individual, focada no indivíduo com a condição. “Fazer uma ‘rodinha’, com várias pessoas falando ao mesmo tempo vai deixar esse indivíduo com Alzheimer mais deslocado e nervoso. O ideal é que os familiares se revezem conversando com ele”, afirma.

“E a maioria dessas pessoas conseguem realizar diversas atividades, como a organizar algumas coisas da festa. Isso é bom para o sentimento de bem estar e para exercitar a memória. Mas desde que alguém os auxilie nessas atividades”, lembra Cybelle.

• Perguntar sobre eventos do passado é algo bastante benéfico.

O Alzheimer age primeiramente sobre as memórias mais recentes. Os eventos mais longínquos no tempo permanecem inalterados no início do desenvolvimento da condição. O melhor é perguntar sobre esses eventos, como relembrar as festas de final de ano na sua infância ou durante sua juventude. “Especialmente aqueles momentos mais divertidos e cômicos da vida. Isso é bom para que eles se sintam alegres e reavivem boas memórias”, diz Cybelle.

• As crianças também devem aprender sobre a doença e os adultos podem ajudá-las a definir temas para conversar com as pessoas com Alzheimer.

Indicar que os avós, por exemplo, se lembram de assuntos mais antigos – mas que repetirão algumas respostas – pode motivar as crianças a se envolverem em diálogos sobre histórias que essas pessoas possam reavivar e compreender. É importante também que os pais não afastem a interação com as crianças das pessoas com Alzheimer, e ficar por perto e atentos às reações dos pequenos também é bom para que a situação seja positiva para ambos os lados.

Ana P.

Fonte: oqueeutenho.uol.com.br


abs,

Carla

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