A morte não acomete apenas idosos. Isto é fato. Mas em muitos casos, na melhor das hipóteses, ela ameaça fazer sua visita indesejada já em idade avançada. Entende-se por paciente terminal aquele que se encontra num estado grave de doença para a qual não é mais possível pensar em cura e cuja evolução caminha para a morte.
É extremamente difícil para familiares, cuidadores e mesmo para os profissionais de saúde lidar com estes pacientes. Alguns fatores dificultam a comunicação entre o doente terminal e as demais pessoas, o que pode gerar ainda mais sentimentos de tristeza e angústia de ambas as partes, os quais serão mais explorados a seguir.
Lidar com um paciente terminal faz aflorar uma série de sentimentos, além de ser um fator responsável pela desestruturação emocional daquele que tem contato com paciente. A pessoa que acompanha o paciente terminal vive de perto a iminência de morte daquela pessoa querida e as conseqüências que isso pode acarretar – como, por exemplo, a dor da perda, o sentimento de abandono, o medo de futuramente padecer do mesmo mal, a insegurança diante de uma nova realidade financeira (visto que muitas famílias contam prioritariamente com a renda do idoso doente para a sua subsistência). Toda esta situação pode deixar o cuidador triste, choroso, irritado e ansioso, o que afeta negativamente na relação dele com o paciente, justo no momento em que este precisa de atenção e acolhimento em sua dor.
Alguns familiares, mesmo que de modo inconsciente, adotam uma postura de afastamento do idoso doente. Normalmente ele sente medo de se envolver ainda mais naquele momento difícil e de sofrer mais com o fim inevitável cada vez mais próximo. Infelizmente ele se esquece de que, com esta postura, está abrindo mão de passar seus últimos momentos perto daquele que tanto ama, o que pode, após o óbito, ser motivo do surgimento de sentimentos de culpa, de arrependimento e depressão.
Partindo da sabedoria popular de que “quando alguma coisa está dando errado sempre surge algo a piorar”, infelizmente a doença terminal do idoso costuma vir acompanhada dos conflitos familiares. A família fica diretamente afetada pela doença do idoso, principalmente quando a patologia já o acompanhar há muitos anos (como nas doenças crônicas como, por exemplo, a Doença de Alzheimer), além disso emergem readaptações na vida dos familiares para se adequarem à realidade do idoso, o que acaba prejudicando mais alguns que outros. Estas diferenças são ainda mais exacerbadas quando a família é desunida, quando há poucas pessoas para cuidar ou quando o idoso doente não foi bom pai ou boa mãe anteriormente, e são suficientes para afastar ainda mais a família, gerar inimizades e deixar o idoso terminal ainda mais deprimido.
Em relação ao paciente idoso terminal, é possível dividir dos grupos: aqueles que sabem de sua real condição e os que não têm conhecimento de seu estado de saúde.
Os idosos que têm conhecimento de sua condição de terminalidade vivenciam algumas alterações descritas pela psiquiatra Elisabet Kübler-Ross como os cinco estágios de conciliação com a morte. Sabe-se que nem todos os pacientes vivenciam estes estágios e eles não precisam acontecer necessariamente nesta ordem, mas são eles: negação, raiva, barganha por mais tempo, depressão e aceitação. Estes estágios serão detalhadamente descritos num próximo artigo, mas, de maneira geral, pode-se entender que o paciente terminal, antes de aceitar sua condição, enfrenta uma ferrenha batalha interna, o que altera seu estado de humor, dificultando também as relações interpessoais com as pessoas ao seu redor. O sofrimento é intenso tanto da parte do idoso, quanto da parte daqueles ao seu redor.
Já no segundo grupo, há duas subdivisões: idosos lúcidos, que não conhecem seu diagnóstico por opção do médico ou da família e idosos portadores de demência, que não se dão conta do que está acontecendo. Em linhas gerais, estes sofrem menos do que os que se davam conta do que estava acontecendo, mas em ambos os casos a família sofre a mesma dor de perder alguém querido. Os idosos lúcidos podem não saber seu diagnóstico real, mas desconfiar de que algo grave está acontecendo. Nestes casos, se a família e os médicos optam por não revelar a eles o real diagnóstico, devem tomar o cuidado de não deixar transparecer nada ao idoso, o que pode ser um problema a mais para a família, que em muitos momentos pode ter dificuldades em não revelar certas emoções que a angustiam em tempo integral.
Já os idosos portadores de demência em estágio avançado não se dão conta de seu real estado, mas mesmo assim é importante que a família evite ter reações de muito choro, desespero ou desentendimentos familiares na presença do idoso, pois estas reações emocionais podem deixá-lo mais abalado.
Com tudo isto em vista, seguem algumas dicas para os familiares e profissionais que lidam com um idoso em estado terminal:
Entenda a situação difícil que o idoso está passando e respeite seu estado de humor diferenciado, que muitas vezes pode irritar familiares. Respeite sua agressividade, sua dor física e psíquica, sua tristeza, seu silêncio e seus medos. Não o force a se mostrar forte, em certos momentos isso realmente não é possível.
Fale menos e ouça mais. Muitas vezes comentários irreais como “como você melhorou!” ou “hoje mesmo você sai do hospital” podem não ser legais, pois o idoso sabe que aquilo não é verdade. Respeite quando o idoso quiser ficar quieto e ouça o que ele tem a dizer. Às vezes, quando o idoso fala sobre sua própria morte o cuidador se angustia e corta o assunto do idoso, o que não é benéfico para ele. Por mais difícil que seja ouvir esses assuntos, deixe-o falar sobre sua situação e seus medos, esta é uma necessidade do paciente terminal.
Evite ao máximo discussões desnecessárias com a família. Já existe um sério problema a ser enfrentado – o estado de saúde grave do idoso – por isso, não vale à pena despender energia em outros estressores. Quando se deparar com uma situação de conflito com outros parentes, evite bater de frente e alimentar a discussão. Conversas são importantes, porém em momentos mais apropriados.
Evite chorar, gritar e demonstrar desespero na frente do idoso. Independente de seu estado geral, ele pode perceber aquilo e se sentir ainda pior por ver seu ente querido sofrendo por causa dele.
Este não é o momento para discutir divisão de bens. Ao menos que o idoso decida fazer um testamento, espere para resolver isso depois de sua morte. O idoso que se separa com essas situações pode sentir que a família está mais preocupada com os bens que com ele mesmo, e que só estão esperando que ele morra para usufruir de suas coisas.
Incentive os familiares a ficarem próximos do idoso, neste momento ele quer se sentir acolhido por aqueles que ama. Muitos pacientes terminais também têm o desejo de se reconciliar com pessoas pelas quais guardava alguma mágoa, caso esta seja a sua vontade, auxilie-o para que consiga realizar suas últimas vontades.
Para que o cuidador consiga dar suporte prático e emocional ao idoso terminal, ele precisa receber apoio e amparo e outras pessoas, sejam familiares, amigos ou profissionais. Não hesite em pedir e aceitar a ajuda de outras pessoas.
Na medida do possível, respeite as vontades do paciente terminal. Converse com o médico sobre cuidados paliativos e qualidade de vida, peça que o mesmo avalie questões acerca de sua permanência em sua própria casa e sobre sua alimentação, isto pode deixá-lo mais feliz em seu final de vida.
abs,
Carla
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p.s: eu particularmente não tenho nenhuma palavra para descrever a dificuldade que o momento nos coloca somente a fé que nos fortalece. Passei para o meu pai nos 16 dias de internação final (graças a Deus ele nos 07 anos de enfermidade não precisou de internação somente algumas observações) confiança, paz e tranqüilidade, e, vedei qualquer procedimento evasivo pq ele tinha pavor de ficar no hospital sem a presença minha (foi um custo eu deixar uma enfermeira dormir com ele somente deixei pq eram pessoas que eu confiava e cuidava dele nas seções de hemodiálise)ou da minha irmã. Não queria vê-lo sozinho no CTI/UTI graçãs a Deus os médicos que acompanhava eram e são a 2º mão de Deus no 18/05/2009 conversei com o médico que estava na hemodiálise e disse para ele meu pai esta indo embora ele me informou agora está Carla, e não vou intervir no processo natural ( isto pq eu sempre fala para eles que meu pai tá indo) nunca vou esquecer os olhos dele com lágrima. Depois somente para encargo de consciência tornei a pergunta caso o ressuscitassem quais eram as chances dele sair do CTI/ UTI a Drª com um gesto gracioso que somente ela tem me informou que eram mínimas para não dizer nenhum. E foi o que eu fiz no fatídico dia 01/06/2009, notei uma respiração mais forte como se fosse um suspiro de alívio olhei alguns sinais vitais compreendi que ele estava partindo e telefonei para minha irmã retornar para o quarto fizemos uma oração e ele partiu muito tranqüilo igual uma criança quando dorme somente soltou uma lágrima pq sabia que o seu dever estava cumprido e retornava para sua casa(eu falava para ele ir descansar e retornar para casa que aqui não é a nossa casa somente junto ao Pai) e deixando a sua família terrena. Deus, obrigada!
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