Inca identifica 19 tipos de câncer que podem estar relacionados ao trabalho
02/05/2012 | 18h49min
O levantamento
Diretrizes de Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho,
divulgado nesta segunda-feira (30) pelo Instituto Nacional do Câncer
(Inca), identificou 19 tipos de tumores malignos que podem estar
relacionados ao trabalho.
Além dos vilões já conhecidos como
amianto, radiação solar e agrotóxicos, o estudo inclui 112 substâncias
cancerígenas identificadas no ambiente de trabalho, como poeiras de
cereal e de madeira. O estudo mostra também que os casos mais comuns da
doença relacionada ao trabalho são leucemia, câncer de pulmão, no
nariz, de pele, na bexiga, na pleura e na laringe.
Cabeleireiros
e funcionários de salões de beleza estão entre as ocupações com alto
risco de desenvolvimento de câncer, devido ao contato direto com
tinturas, formol e outras químicas.
De acordo com a
coordenadora do estudo, Ubirani Otero,o documento serve como alerta
para a população, sobretudo, os trabalhadores e para as autoridades,
que devem reavaliar as políticas públicas hoje existentes. Ela explicou
que a relação câncer e trabalho no Brasil está subdimensionada, o que
prejudica o plano de ação de enfrentamento ao câncer.
“É
importante que o médico pergunte sobre o tipo de ocupação do paciente
com câncer e que as pessoas prestem mais atenção a que tipo de
substâncias estão expostos no seu dia a dia e que informem aos seus
médicos sobre isso”.
De acordo com o estudo, cerca de 46% dos
casos de câncer relacionados ao trabalho não são notificados por falta
de mais informação a respeito. Dos 113,8 mil benefícios de
auxílio-doença por câncer dados pela Previdência Social, apenas 0,66%
estavam registrados como tendo relação ocupacional.
Em países
com mais pesquisas sobre o tema e políticas públicas voltadas para o
câncer relacionado ao trabalho, como Espanha e Itália, casos de câncer
ocupacional variam entre 4% e 6% do total de canceres e na maioria das
estimativas dos países industrializados esse tipo de câncer corresponde
a uma média de 5% dos casos da doença.
Ainda segundo a
pesquisadora, a crescente inserção de mulheres em certos setores do
mercado de trabalho, antes exclusivos dos homens, apontam para a
necessidade de novas políticas voltadas para a saúde da mulher.
“Hoje
há muitas mulheres trabalhando em postos de gasolina, com maior
exposição ao benzeno; na construção civil, trabalhando com telhas de
amianto, cimento; como mecânicas, ou seja, em várias novas situações de
risco”.
Para o o diretor do Departamento de Vigilância em
Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde,
Guilherme Franco Netto, a publicação é inédita e mostra o tamanho do
desafio para os trabalhadores, gestores do Sistema Único de Saúde, do
Ministério do Trabalho, da Previdência no diagnóstico, na prevenção,
assistência e vigilância nessa área...
“Esse documento permite
que organizemos integradamente [governos e órgãos de saúde]os conjuntos
de ações para combater o câncer relacionado ao ambiente de trabalho.
Hoje, as medidas são muito pontuais. Além de nos dar suporte técnico,
mostra uma dívida [do Estado] com a sociedade, que deve ser prontamente
sanada”.
Guilherme Netto lembrou ainda que após o boom
industrial da década de 70, somente agora casos de câncer antes
incomuns estão aparecendo e que é fundamental diagnosticar esses casos,
notificar e prevenir para que novos casos não aconteçam. Segundo ele,
os sindicatos têm um papel vital principalmente no processo de
prevenção.
“Ninguém do mercado vai apresentar uma lista dos
problemas que um empregado pode ter em função de determinado trabalho.
O papel do sindicato, por exemplo, é muito importante nesse sentido
para alertar os trabalhadores sobre essas substâncias”, completou Netto.
Agência Brasil
fonte:http://www.paraiba.com.br/2012/05/02/36207-inca-identifica-19-tipos-de-cancer-que-podem-estar-relacionados-ao-trabalho
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