Uma pílula de insulina oral capaz de imitar a ação do pâncreas e liberar o hormônio sob demanda, de acordo com os níveis de glicose no sangue, acaba de mostrar resultados promissores em testes com animais. O estudo, realizado por pesquisadores da Shanghai Jiao Tong University School of Medicine, foi publicado em 23 de dezembro de 2024 e pode representar um marco na busca por uma alternativa às injeções diárias de insulina.
A tecnologia, chamada PPF-ins, combina nanotecnologia, resposta inteligente à glicose e uma estratégia que direciona a insulina primeiro ao fígado — exatamente como acontece no corpo humano.
Por que buscar uma insulina oral?
Apesar do avanço de sistemas automatizados, sensores e insulinas semanais, a insulina injetável continua sendo uma barreira importante para boa parte dos pacientes.
Entre os desafios que afetam a rotina estão:
- Dor, medo e aversão às agulhas, que reduzem a adesão.
- Risco de hipoglicemia por doses fixas, que não acompanham a variação real da glicose.
- Absorção instável, influenciada por temperatura, fluxo sanguíneo e local da aplicação.
A busca por uma insulina oral é antiga, mas sempre esbarrou em obstáculos técnicos, como a degradação do hormônio no estômago e a baixa absorção intestinal.
A nova formulação foi criada justamente para superar essas barreiras.
Como funciona a pílula inteligente PPF-ins
A inovação está em uma cápsula microscópica de 50 nanômetros construída com um polímero especial que garante três funções fundamentais:
1. Proteção no estômago
A pílula evita que a insulina seja destruída pelo ácido gástrico e pelas enzimas digestivas.
Isso garante que o hormônio chegue intacto ao intestino.
2. Alta absorção
A superfície “zwitteriônica” permite que a cápsula atravesse o muco intestinal rapidamente, aumentando significativamente a absorção, um dos maiores desafios da via oral.
3. Liberação responsiva à glicose
Esse é o componente mais revolucionário:
- em glicose normal, a liberação é lenta e estável;
- quando a glicose sobe, moléculas de açúcar se ligam ao polímero e disparam a liberação rápida de insulina.
É um mecanismo que simula a resposta natural do pâncreas, reduzindo o risco de hipoglicemia.
Resultados dos testes com camundongos e porcos
A PPF-ins foi testada em dois modelos animais de diabetes tipo 1, e os resultados chamam atenção da comunidade científica:
Controle glicêmico por 24 horas
Uma única dose manteve a glicemia sob controle durante um dia inteiro, sem episódios de hipoglicemia.
Resposta inteligente comprovada
No teste clamp isoglicêmico, a liberação de insulina foi dez vezes maior quando a glicose estava alta, prova direta da resposta sensível ao açúcar.
Biodisponibilidade recorde
A formulação alcançou 18,9% de absorção, número superior ao de todas as insulinas orais testadas até hoje.
A maioria das tentativas anteriores não passava de 15%.
Segurança e eliminação
Exames mostraram:
- ausência de toxicidade nos órgãos analisados;
- nenhuma reação inflamatória;
- eliminação completa da fórmula em 36 horas.
O que ainda precisa avançar
Apesar dos resultados animadores, a tecnologia ainda está em fase pré-clínica.
Dose elevada
Por ser oral, a quantidade de insulina usada ainda é muito maior do que a dose injetável.
Os pesquisadores buscam aumentar ainda mais a absorção para reduzir essa necessidade.
Segurança a longo prazo
Como o diabetes exige tratamento contínuo, ainda são necessários estudos prolongados para garantir segurança total em uso crônico.
Testes em humanos
A etapa seguinte será avaliar a segurança e a eficácia da pílula em ensaios clínicos. Ainda não há previsão de início.
Possível expansão para diabetes tipo 2
O estudo analisou apenas diabetes tipo 1.
A equipe sugere investigar também aplicações em tipo 2.
Um passo importante para um futuro sem agulhas
A nova insulina oral representa mais que conveniência.
Ela se
aproxima do funcionamento natural do corpo humano e pode melhorar a
segurança, a adesão e a qualidade de vida de milhões de pessoas.
Embora ainda leve tempo até chegar ao mercado, o estudo coloca a ciência mais perto de um futuro com menos agulhas e mais conforto para quem precisa de insulina todos os dias.
Advogado e Jornalista - Advogado apaixonado por Comunicação, fez do Jornalismo também profissão. Natural de Araraquara-SP, Daniel tem mais de 20 anos de atuação no meio jurídico e 10 anos de experiência como jornalista. Pós-graduado em Gestão e Comunicação em Jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo, dedicou boa parte de sua carreira à televisão, em emissoras como a Record News, e colaborou com inúmeros veículos de imprensa escrita na produção de artigos e conteúdo que unem rigor técnico e linguagem clara. No Um Diabético, é responsável por matérias de interesse especial para as pessoas que convivem com o diabetes. Sua missão é trazer informação de qualidade e conhecimento útil que fortaleçam o leitor, mostrando que é possível, sim, viver de forma satisfatória e com bem-estar, mesmo diante dos desafios impostos pela doença.
FONTE: https://umdiabetico.com.br/2025
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abs
Carla




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