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O câncer renal, também chamado por alguns de hipernefroma, é uma forma
relativamente comum de câncer, representando cerca de 3% de todos os casos de
neoplasias malignas em homens e mulheres. O carcinoma de células claras é o tipo
de câncer mais comum dos rins, sendo responsável por mais de 90% dos casos.
O câncer renal costuma ser uma doença assintomática nas fases iniciais, o que
faz com que 1 em cada 4 pacientes só descubra o tumor em fases muito avançadas,
já sem possibilidade de tratamento com intuito de cura.
Por ser a forma mais comum, neste artigo iremos falar
apenas do carcinoma de células claras.
Epidemiologia do câncer renal
Estima-se que, no Brasil, a incidência anual do câncer do rim seja de 1 caso
para cada 10.000 habitantes.
O carcinoma de células claras costuma surgir em indivíduos acima dos 50 anos
de idade, sendo a média de idade no momento do diagnóstico ao redor dos 64 anos.
Este tipo de neoplasia é infrequente em pessoas com menos de 40 anos. Homens
possuem 50% mais riscos de desenvolverem esse tipo de tumor.
Atualmente, no momento do diagnóstico, cerca de 55% dos pacientes apresentam
o tumor restrito ao rim, 20% já têm sinais de invasão regional, geralmente de
linfonodos ao redor do rim, e 25% já estão em estado avançado, apresentando
metástases para outros órgãos, como fígado, pulmão ou ossos.
Fatores de risco para o câncer renal
O câncer do rim possui diversos fatores de risco, alguns muito comuns, porém
desconhecidos da população. Os principais são:
- Idade acima de 50 anos.
- Tabagismo
- Hipertensão arterial
- Obesidade
- Exposição frequente a substâncias tóxicas,
como cádmio, asbesto ou derivados do petróleo.
- Insuficiência renal crônica
em hemodiálise
- Uso crônico de aspirina (em doses
altas), analgésicos ou anti-inflamatórios.
- História familiar de câncer
renal.
- Uso de quimioterapia durante a infância.
- Hepatite C crônica
- Anemia falciforme
- Doença de Von Hippel-Lindau.
Quanto maior for o número de fatores de risco que um indivíduo possua, maior
será o seu risco ter desenvolver câncer ao longo da vida. Isso não significa,
porém, que pessoas com muitos fatores obrigatoriamente irão ter câncer, nem que
pessoas sem fatores de risco estejam completamente livres do risco de
desenvolverem esse tumor.
Sintomas do câncer de rim
O câncer renal é um tumor que pode permanecer assintomático até fases
avançadas da doença. Atualmente, quase metade dos tumores são diagnosticados
acidentalmente quando o paciente realiza um exame de imagem do abdômen, como
ultrassonografia ou tomografia computadorizada, por um outro motivo qualquer que
nada tenha a ver com o câncer.
Quando o paciente apresenta sinais e sintomas do seu câncer renal, os mais
comuns são:
- Hematúria (sangue na urina) – O sangramento urinário pode ser microscópico ou macroscópico. No segundo caso, a formação de coágulos é comum (leia: HEMATÚRIA | Sangue na urina).
- Dor lombar.
- Massa abdominal palpável do lado do rim acometido.
- Varicocele (varizes no saco escrotal) – Varicoceles que surgem em idosos, principalmente do lado esquerdo, devem sempre ligar o sinal de alerta para a presença de um tumor no rim esquerdo.
A tríade clássica de sintomas do câncer renal descrita em livros mais antigos
é composta por dor lombar, hematúria (sangue na urina) e massa abdominal
palpável. Todavia, a presença dos 3 sinais e sintomas ao mesmo tempo é pouco
comum, sendo encontrada em menos de 10% dos casos.
Síndrome paraneoplásica do câncer renal
Chamamos de síndrome paraneoplásica os sinais e sintomas provocados pela
produção de substâncias químicas pelo próprio câncer. A ocorrência de síndrome
paraneoplásica ocorre em até 30% dos casos de carcinoma de células claras. Os
sinais e sintomas mais comuns são:
- Anemia – Pode estar presente meses antes do diagnóstico e costuma ser desproporcional ao estágio da doença.
- Febre sem causa aparente – Costuma ser acompanhada de suores noturnos, cansaço e perda de peso.
- Hipertensão arterial – Ocorre por produção tumoral de hormônios que aumentam a retenção de sal e líquidos.
- Disfunção hepática – Chamada de síndrome de Stauffer, ocorre mesmo sem a existência de metástases para o fígado. Os achados mais comuns são elevações da TGO, TGP ou fosfatase alcalina
- Hipercalcemia (cálcio sanguíneo elevado) – Pode ser devido a lesões metastáticas para os ossos ou por produção tumoral do hormônio PTH.
Diagnóstico do câncer renal
Em geral, os tumores renais são descobertos por exames radiológicos, como
ultra-som ou tomografia computadorizada do abdômen. Com a popularização destes
exames nas últimas décadas, tem sido cada vez mais comum a descoberta de tumores
renais de forma acidental. O paciente vai fazer um ultra-som do abdômen para
avaliar uma dor abdominal inespecífica e acaba descobrindo que existe um pequeno
tumor no seu rim.
É importante destacar que nem toda massa existente no rim é um tumor maligno.
Cistos renais simples, por exemplo, são lesões extremamente comuns,
principalmente nas pessoas com mais de 50 anos, que nada têm a ver com
câncer.
Porém, alguns cânceres renais podem ter uma aparência parecida com a de um
cisto, sendo difícil sua distinção pela ultrassonografia. De modo geral, toda
vez que o radiologista se depara com um cisto suspeito, ele o descreve como
“cisto complexo” e indica a realização de uma tomografia computadorizada ou
ressonância magnética, que são exames com maior capacidade de distinguir cistos
de tumores malignos.
A tomografia computadorizada (ou ressonância magnética, caso o paciente tenha
contra-indicação ao uso de contrastes iodados) é um exame que atualmente
apresenta excelente capacidade de identificar tumores malignos do rim. Na
maioria dos casos, a imagem fornecida por estes exames é tão boa que não é
necessária a realização de biópsia renal para se estabelecer o diagnóstico.
Apenas com o resultado da tomografia, o urologista pode decidir pela nefrectomia
(retirada cirúrgica do rim).
A tomografia não só é capaz de identificar o câncer renal, mas também serve
para estadiá-lo, definindo se há invasão tumoral local ou à distância.
Estadiamento do câncer renal
Uma vez que o câncer renal é diagnosticado, o próximo passo é determinar em
que estágio ele se encontra, um processo chamado de estadiamento tumoral. O
estadiamento é um sistema utilizado para descrever o tamanho, a agressividade e
o grau propagação de um câncer. Saber o estádio do câncer ajuda a orientar o
tratamento e a prever o prognóstico a longo prazo.
No caso do câncer de rim, o estadiamento é definido após avaliação dos
seguintes dados:
- Tamanho do tumor.
- Existência de invasão tumoral de vasos sanguíneos ou
gânglios linfáticos próximos do rim.
- Existência de metástases para outros
órgãos.
De forma simplificada, o câncer renal é dividido em 4 estádios:
- Estádio I – Tumor menor que 7 cm e restrito ao rim.
- Estádio II – Tumor maior que 7 cm, porém ainda restrito ao rim.
- Estádio III – Tumor de qualquer tamanho, mas com acometimento de pelo menos um gânglio próximo ao rim, invasão da veia renal ou da gordura peri-renal.
- Estádio IV – Tumor que invade a glândula supra renal ou que já apresente metástases para outros órgãos, como osso, fígado ou pulmões.
Quanto maior for o estádio do tumor, mais avançada é a doença e maior é a
taxa de mortalidade. Quando o paciente é diagnosticado com um tumor no estádio
I, ele tem 95,4% de ainda estar vivo após 1 ano e 80,9% apos 5 anos. Por outro
lado, os pacientes com tumor estádio IV apresentam sobrevida de 34,2% no
primeiro ano e apenas 8,2% ainda estão vivos após 5 anos. O percentual de
sobrevida nos primeiros 5 anos para cada estádio tumoral pode ser visto na
tabela abaixo.
Tratamento do câncer renal
Os tumores com estadiamento I, II e III são considerados tumores localizados
e o tratamento tem como objetivo a cura. Obviamente, pacientes com câncer no
estádio I têm muito mais chances de ficarem curados do que os pacientes com
doença no estádio III.
Os tumores no estádio IV, por sua vez, são tumores avançados, praticamente
sem possibilidade de cura. Nestes casos, o tratamento é voltado para aumentar
sobrevida e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Tratamento para tumores localizados
A nefrectomia (remoção cirúrgica do rim, supra-renal e linfonodos regionais)
é o tratamento indicado para os pacientes com câncer renal nos estádios I, II e
III.
Nos pacientes com estádio I, com tumor menor que 7 cm, a nefrectomia pode ser
apenas parcial, com retirada somente da parte do rim onde se encontra o tumor.
Quanto menor for o tumor, mais segura é a nefrectomia parcial.
Se o paciente for idoso e o seu risco cirúrgico for elevado, uma opção
não-cirúrgica para os casos de tumores pequenos é a destruição do mesmo através
de calor ou congelamento, procedimentos chamados, respectivamente, de ablação
térmica por radiofrequência ou crioterapia. Estes procedimentos são feitos
através de agulhas especiais, que são inseridas pela pele até o rim.
Nos pacientes muito idosos, com expectativa de vida já muito baixa
independentemente do câncer, se o tumor tiver menos de 2 cm de diâmetro, a
melhor conduta pode ser não fazer nada, mantendo apenas acompanhamento semestral
do tumor com tomografia computadorizada. Como tumores renais pequenos crescem
lentamente, é mais provável que o paciente venha a falecer por outro motivo que
não o câncer. Deste modo, o paciente não precisa ser submetido ao risco de uma
cirurgia.
Tratamento para tumores avançados
Pacientes com câncer renal estádio IV são habitualmente tratados com a
combinação de cirurgia + tratamento com drogas. Ao contrário da maioria dos
cânceres, não se usa quimioterapia no tratamento do câncer renal.
A cirurgia para remover o rim e suas metástases não costuma curar o câncer,
mas pode reduzir os sintomas e retardar a necessidade de tratamento com
remédios.
O tratamento medicamentoso dos cânceres renais avançados pode ser feito de 3
formas:
- Terapia imune – Habitualmente feito com uma droga chamada Interleucina-2.
- Terapia anti-angiogênica – Feita com medicamentos que reduzem o fornecimento de sangue ao tumor, retardando o seu crescimento. As drogas mais usadas são: Sunitinib, Axitinib, Sorafenib ou Pazopanib.
- Terapia-alvo molecular – Medicamentos que inibem diretamente o crescimento do câncer. Os mais usados são: Temsirolimus ou Everolimus
Tumores renais com estádio IV são muito difíceis de curar. Quando há apenas
uma metástase única à distância, a nefrectomia associada à ressecção desta
metástase pode levar à cura em alguns casos.
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs,
Carla
Postado: Dr. Pedro Pinheiro
extraído:http://www.mdsaude.com/2014/03/cancer-rim.html?
utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=cancer-rim
Em Janeiro de 2016, aos 53 anos, foi-me diagnosticado um tumor maligno no rim esquerdo, 6 meses depois tinha metastases no pulmão....
ResponderExcluirhttps://tenhocancrorenal.blogspot.pt/
J. Francisco, olá! Gratidão pela visita e comentário. Espero que você esteja bem, eu também em 2012 fui diagnosticada com um Tumor Maligno no Sistema Linfático( Linfoma não Hodgkin)fiz quimo e radio. É uma doença dolorosa graças a Deus que os medicamentos estão cada vez mais eficazes, fique firme e continue o seu tratamento. Vou visitar o seu blog. Deus contigo!
ResponderExcluirabs. fraternos,
Carla
Boa Tarde! Meu irmão foi diagnosticado com o Carcinoma de Células Claras Renais, em dezembro de 2017, em abril ele fez a retirada do rim direito, sendo que o esquerdo já tinha sido afetado, as Metasfase estão no pulmão, no estomago e agora na coluna,ele está usando o colete, foi indicado o tratamento com Pazopanib, mas não conseguimos pelo estado e nem temos como comprar, te pergunto existe ainda tratamento? ele tem 54 anos, qual é a estimativa de vida no caso dele, como podemos ajudá-lo?
ResponderExcluirOLá, Suzana! Tenha fé em Deus que tudo ficará bem. Quanto ao medicamento já procurou o Ministério Público para fazer com que o Estado forneça a medicação sendo que é de responsabilidade do Estado o fornecimento de medicamento de alto custo. Procure o Ministério juntamente com todos os documentos e relatórios faça o pedido de fornecimento da medicação. Em relação a estimativa de vida eu infelizmente não posso relatar nada primeiro eu não sou médica e nem conheço o caso dele somente os médicos dele possa dizer. Melhore a qualidade de vida dele respeitando as orientações médicas. Ele para passeio, faz o que gostava de fazer antes da doença. Sei o quanto é difícil eu ainda me encontro em depressão por causa do Câncer e todos os traumas que passei, Deus contigo sempre.
ResponderExcluirEspero que tudo dê certo.
abs. fraternos,
Carla