“A psicoterapia de apoio ajuda a obter a cooperação no manejo médico dessa complexa doença. Os terapeutas devem encorajar os pacientes a levarem uma vida tão normal quanto possível, reconhecendo que têm uma doença crônica, porém controlável” (Kaplan, 1997, p.888).
Segundo Jamison (2012), em seu livro “Uma Mente Inquieta”, expõe que é a psicoterapia, que vai dar sentido ao que está acontecendo na vida da pessoa com diabetes, vai ajudar o sujeito a enfrentar a doença, fazer com que ele possa resgatar sua consciência de morbidade e manter seu tratamento.
Para Seidman e Swift (SEIDMAN E SWIFT, 1971 in BURD, 2007), após o diagnóstico da diabetes, haveria primeiro um período de choque, manifesto ou não, que corresponderia a uma reação de luto, em que o paciente e a família devem ser convidados a expor seus sentimentos a equipe que a está atendendo. Em seguida, haveria um período refratário em que a família não tem condições de absorver informações sobre a doença porque se ocupa apenas com o que está sentindo.
Num terceiro momento haveriam perguntas ressentidas sobre o porquê de a doença ter surgido justamente para ela e seus pais passam a se culpar. Esses autores ainda apresentam outros mecanismos de defesa frequentemente usados, como, a negação da doença, que pode trazer alívio temporário, e um ressentimento em relação ao filho doente, transformado em superproteção, já que não pode ser aceito conscientemente como tal. Sabendo disso, é de extrema importância um atendimento psicológico adequado para que o paciente e sua família possam dissolver suas dúvidas da melhor forma, e assim possam fazer um acompanhamento para tratar sua doença.
O psicoterapeuta vai poder ouvir as pessoas envolvidas, e diferentemente dos médicos, ter um olhar para o sujeito e não somente para a doença, com a intenção de que o paciente e sua família possam se sentir acolhidos para falar sobre suas angústias em relação a doença, e a partir daí possa se dar o processo de elaboração e aceitação da diabetes. É necessário que o psicoterapeuta possa compreender o significado da doença para o paciente e sua família e quais são seus conflitos inconscientes e suas crenças em relação a diabetes. Assim, o papel principal do psicólogo nesse momento inicial é a escuta para que possa desvendar como a doença é vivida subjetivamente pelo sujeito acometido e ajudá-lo a elaborar as novas informações.
Autores como Delamater e colaboradores (DELAMATER & COLS, 2001 in MARCELINO & CARVALHO, 2005), consideram igualmente importante este trabalho de grupo em jovens diabéticos, pois melhora o controle glicêmico, a curto prazo.
Para além disso, é atribuída importância a intervenções psicoeducacionais com crianças e com as suas famílias a fim de resolver problemas e aumentar o apoio dos pais em relação à doença. Pesquisas realizadas têm comprovado a eficácia e sucesso de psicoterapia de grupo que podem melhorar a aderência ao tratamento, controle glicêmico, funcionamento psicossocial e qualidade de vida.
“Com a contribuição do trabalho psicológico em grupo, as crianças e adolescentes diabéticos passam a não se sentirem sozinhos e a construir uma estrutura de personalidade não debilitada devido a doença. Como todos sofrem de problemas semelhantes, enfrentam as mesmas vicissitudes e necessidades, há, no grupo, um forte nível de coesão e solidariedade. Uns se enxergam através dos outros. Os pacientes sentem-se protegidos e amparados. O grupo ajuda a combater a alienação, baixa autoestima e desmoralização que ocorrem quando o indivíduo se sente a única pessoa afligida pela doença” (Graça & cols., 2000, p. 216-217).
Por fim, é ainda importante que os pais estejam informados a respeito das repercussões da doença, para que consigam orientar os seus filhos. Com esta contribuição do trabalho psicológico, crianças e adolescentes afetados pela doença não se sentem tão sós e passam a construir uma estrutura de personalidade não debilitada pela doença.
Referências Bibliográficas:
- BURD, M. – A Criança e o Diabetes: Uma Visão Psicossomática. Rio de Janeiro. Wakeditora, 2007.
- GRAÇA, L. A. C. et al – Grupo e corpo: Psicoterapia de Grupo com Pacientes Somáticos (p. 213-232). Porto Alegre. Artes Médicas, 2000.
- JAMISON, K. R. – Uma Mente Inquieta. São Paulo. Martins Fontes, 2012.
- KAPLAN, H. & SADOCK, B. – Compêndio de Psiquiatria: Ciência, Comportamento e Psiquiatria Clínica. Porto Alegre. Artes Médicas, 2007.
- MARCELINO, D. & CARVALHO, M. – Reflexões sobre o Diabetes Tipo I e a sua Relação com o Emocional. Psicologia: Reflexão e Crítica, v.18(1), p. 72-77. 2005
Dra. Raquel Pilotto
- Psicóloga Clínica - CRP: 05/56133
- Formada pela Universidade Veiga de Almeida
- Centro de Diabetes do Rio de Janeiro
- Voluntária na Associação dos Diabéticos da Lagoa (ADILA)
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
https://www.diabetes.org.br/publico/noticias/
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