Publicado em: 02/11/2020 - 07:11:36
Saiba quando a melhor alternativa é apenas monitorar um tumor urológico
Novembro Azul é o mês que reafirma a importância de as pessoas ficarem atentas a fatores de risco, sinais, sintomas e, quando diagnosticadas com um tumor urológico, aos tipos de tratamento existentes.
Neste ano em particular, vivemos o dilema entre postergar tratamentos oncológicos para alguns pacientes de alto risco para infecção ou complicações da Covid-19, e que tenham tumores de baixo risco que podem ter os tratamentos adiados, versus pacientes nos quais o tratamento é urgente, independentemente da situação dele.
Há muito, a urologia já aprendeu ser possível não tratar quem tem câncer de próstata de baixo risco, contudo isso requer também disciplina dos pacientes: eles não se submetem aos efeitos colaterais dos tratamentos, mas mantêm o compromisso de fazer consultas e exames rotineiros, para que não se perca as chances de cura oncológica.
A questão: seria possível não tratar ou postergar o tratamento de alguns tumores renais, principalmente durante essa pandemia do novo Coronvirus?
Frente a esse dilema, o artigo Consideration in the management of renal cell carcinoma during the Covid-19 Pandemic, de autoria do Dr. Stênio de Cásiso Zequi, líder do Centro de Referência em Tumores Urológicos do A.C.Camargo, publicado em julho no International Brazilian Journal of Urology, discute o assunto e traz recomendações sobre como lidar com o câncer renal durante a pandemia da Covid-19.
Quando “não tratar”
Logicamente, a maioria dos pacientes não pode postergar o tratamento de, por exemplo, um câncer de rim. Há tumores renais agressivos que precisam ser cuidados de imediato para preservar a chance de cura e o aumento de sobrevida. É o caso de tumores localmente avançados, que estão invadindo órgãos adjacentes ou se disseminando por trombos tumorais na veia renal ou na veia cava.
No entanto, levando em conta a pandemia em curso, há tumores renais de agressividade intermediária cujo tratamento poderia ser adiado em 60 ou 90 dias, mas a equipe e o paciente mantêm uma vigilância “de perto” repetindo exames de imagem, como tomografia, ressonância ou ultrassom. Depois, reavaliam o caso. Se houver qualquer sinal de progressão, o tratamento é rapidamente realizado.
“Se a Covid-19 apresentar algum risco para o pacientes do grupo de risco, como obesos, diabéticos, hipertensos e portadores de doenças respiratórias, por exemplo, a gente pode acompanhar mais um pouco os casos indolentes de tumores iniciais. Existem até alguns raros casos metastáticos indolentes em que se pode fazer isso, conforme publicação do Dr. Brian Rini, dos Estados Unidos”, explica o Dr. Stênio Zequi.
Mais casos
Em tempos de Novembro Azul, outros quadros os quais se pode esperar um pouco para tratar são os pequenos nódulos renais, com menos de 4 cm – em média, 20% deles são benignos, 60% são tumores de baixa agressividade e apenas 20% são perigosos.
“Essa pequena massa renal cresce em taxas médias de 3 mm por ano, então posso pedir para a pessoa voltar entre quatro e seis meses”, afirma o Dr. Stênio, que é cofundador e coordenador do Latin American Renal Cancer Group, o LARCG.
Já os pacientes com câncer de rim metastático podem receber tratamento sistêmico, como imunoterapia dupla ou imunoterapia associada a terapias de alvos moleculares. E, a depender da resposta ao tratamento, poderão ter a remoção do tumor renal primário postergada. A maioria destes não precisará operar o rim urgentemente.
“Mesmo assim, alguns pacientes não suportam esperar e pedem para ser tratados de imediato, seja por motivos psicológicos ou por questões econômicas. Por exemplo, quando ele vai perder o convênio”, conta o médico.
Nesses casos, temos alternativas de tratamentos não cirúrgicos menos invasivos. Exemplos: se forem essas pequenas massas renais, há como fazer uma punção e uma ablação (destruição térmica) com radiofrequência (calor) e crioterapia (resfriamento); já no câncer de próstata, caminhos viáveis são a hormonioterapia ou a radioterapia, em vez de operar.
Novembro Azul, foco do paciente
Uma coisa é a doença, a outra é o “portador” da doença.
“Às vezes, o tumor é de fácil tratamento, a cirurgia não é complexa, mas o paciente é muito idoso, hipertenso, diabético, tem problemas respiratórios, então há um risco de tratá-lo durante a Covid-19”, analisa Stênio Zequi.
“Em outros casos, o tratamento é mais complexo, mas o doente é forte, goza de ótima saúde e pode suportar a abordagem”, acrescenta.
Assim, o importante é avaliar o câncer de cada paciente individualmente.
O mesmo tem ocorrido para pacientes com câncer de próstata, que é uma doença de crescimento lento: Há uma minoria de casos de baixa agressividade que podem ser acompanhados nos protocolos de “Vigilância Ativa” sem necessidade de tratamento imediato.
Também há casos de risco intermediário, que, durante a pandemia, podem ter seu tratamento postergado por dois, quatro ou 6 meses (mas sempre sob vigilância).
E há quadros de alto risco que requerem tratamentos imediatos. Estes, mais agressivos, podem se submeter à cirurgia (no sistema de Vias Livres de Covid implantado no A.C.Camargo Cancer Center, no início da pandemia), com bom nível de segurança. Ou, ao invés da cirurgia, podemos optar por tratamentos não cirúrgicos por algum período, como radioterapia ou hormonioterapia.
“Cada caso tem suas particularidades, de acordo com as características dos pacientes e de seus tumores. Somente após uma discussão franca entre os ‘prós e contras’ de cada alternativa, pacientes e equipe médica conseguirão chegar a uma escolha terapêutica que melhor se adapte às necessidades de cada um, neste período de exceção”, afirma o Dr. Zequi, que reitera:
“Somente o médico pode definir quais casos podem ter seu tratamento retardado junto com os pacientes; pacientes não devem tomar essa decisão sozinhos”, finaliza.
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
https://www.accamargo.org.br/sobre-o-cancer/noticias/novembro-azul-e-possivel-nao-tratar-um-cancer-de-rim-ou-de-prostata
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