A angiotomografia de coronárias no checkup cardiovascular

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A maior precisão diagnóstica reduz a necessidade de testes adicionais e procedimentos invasivos desnecessários e caros

Por 

Ludhmila Hajjar

19/07/2024 04h30 

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A Angio-CT é um procedimento não invasivo que envolve a administração de um meio de contraste iodado e a aquisição de imagens por tomografia computadorizada. — Foto: Freepik

A doença cardiovascular (DCV) é a principal causa de mortalidade no Brasil, representando um grande desafio para o sistema de saúde pública. A detecção precoce é crucial para a implementação de intervenções terapêuticas que podem reduzir as altas taxas de complicações e de mortalidade dessas doenças. Tradicionalmente, a avaliação inicial de pacientes com suspeita de doença arterial coronariana (DAC) inclui testes de estresse, como a ergometria, conhecida como teste de esforço. No entanto, esses testes apresentam limitações significativas. Considerando que boa parte dos pacientes com DAC não tem sintomas, é necessário um teste diagnóstico mais preciso. A angiotomografia coronária (Angio-CT) surgiu há alguns anos como alternativa promissora, oferecendo maior precisão diagnóstica e, potencialmente, menor custo. E atualmente, as evidências científicas apontam para seu importante papel no diagnostico e na estratificação da doença coronária. Devemos trabalhar para incorporar essa prática no cuidado a saúde da população.

A DCV continua sendo a principal causa de morte no Brasil, responsável por aproximadamente 30% de todos os óbitos. Fatores de risco como hipertensão, diabetes, dislipidemia, tabagismo e obesidade são prevalentes na população brasileira, contribuindo para a alta incidência de eventos cardiovasculares. A detecção precoce e a gestão eficaz desses fatores de risco são fundamentais para reduzir a carga da doença. Além do impacto na saúde, a DCV representa um enorme ônus econômico para o sistema de saúde. Embora a ergometria seja amplamente utilizada como um teste de primeira linha para a detecção de DAC, ela possui limitações consideráveis em termos de sensibilidade e especificidade. Estudos mostram que a sensibilidade da ergometria varia de 68% a 72%, enquanto a especificidade varia de 77% a 79%. Isso significa que há uma taxa significativa de falsos negativos e falsos positivos, o que pode levar a diagnósticos incorretos e tratamentos inadequados. A reprodutibilidade dos resultados da ergometria pode ser influenciada por vários fatores, incluindo a capacidade física do paciente, a presença de outras condições médicas, como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), e o uso de medicamentos que podem afetar a resposta ao exercício. Esses fatores de confusão podem comprometer a precisão diagnóstica do teste.

A Angio-CT coronariana oferece uma precisão diagnóstica superior em comparação com a ergometria. Estudos demonstram que a sensibilidade da Angio-CT para a detecção de DAC significativa é superior a 95%, com especificidade em torno de 85%. Isso se traduz em uma menor taxa de falsos negativos e falsos positivos, proporcionando um diagnóstico mais confiável. Uma das principais vantagens da Angio-CT é a capacidade de fornecer uma avaliação anatômica detalhada das artérias coronárias. Isso permite a visualização direta de placas ateroscleróticas, a determinação da localização e extensão da obstrução e a caracterização da composição da placa (calcificada, fibrosa, mista). Essas informações são cruciais para o planejamento terapêutico além de propiciar estratégias de prevenção precoces. A Angio-CT é um procedimento não invasivo que envolve a administração de um meio de contraste iodado e a aquisição de imagens por tomografia computadorizada. A exposição à radiação é uma preocupação, mas avanços tecnológicos, como a tomografia de dupla energia e algoritmos de redução de dose com adequada orientação médica, têm minimizado esse risco.

Embora o custo inicial da Angio-CT possa ser superior ao da ergometria, a análise de custo-efetividade sugere que a Angio-CT pode ser mais econômica a longo prazo. A maior precisão diagnóstica reduz a necessidade de testes adicionais e procedimentos invasivos desnecessários, como a angiografia coronária invasiva, que é mais cara e apresenta riscos associados. Além disso, a detecção precoce de DAC permite intervenções preventivas que podem reduzir a incidência de eventos cardiovasculares agudos e os custos associados ao tratamento desses eventos.

A introdução da Angio-CT no Brasil para a população geral requer investimentos em capacitação de profissionais e infraestrutura. Radiologistas e cardiologistas devem ser treinados para interpretar as imagens da Angio-CT com precisão. Apesar da crescente importância do método na estratificação da doença coronária, a educação médica ainda carece de regularização. É urgente a necessidade da criação da área de atuação em tomografia e ressonância cardiovascular para que os médicos que vão laudar estes exames sejam capacitados e treinados. O treinamento supervisionado é imprescindível para que o paciente receba seu laudo correto e seja adequadamente tratado.

Além disso, a instalação de equipamentos modernos de tomografia computadorizada é essencial para garantir a qualidade das imagens e a segurança dos pacientes. E a telemedicina pode ser uma importante estratégia para reduzir custos e ampliar o acesso da população a esse método.

A implementação bem-sucedida da Angio-CT requer a adoção de diretrizes clínicas nacionais, investimentos em capacitação e infraestrutura e políticas públicas que promovam o acesso equitativo. Ao enfrentar esses desafios, podemos melhorar significativamente a detecção e o manejo da doença cardiovascular no Brasil, contribuindo para a redução da mortalidade e a melhoria da qualidade de vida da população.

FONTE: https://oglobo.globo.com/blogs/receita-de-medico/post/2024/07/a-angiotomografia-de-coronarias-no-checkup-cardiovascular.ghtml

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