ABRALE – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia
A medula óssea é um tecido que se encontra no interior de alguns ossos e sua principal função é a produção das células do sangue. Quando ela é atingida por alguma doença, é possível que aquela pessoa tenha que passar por um transplante e que, para isso, ela precise de um doador. Também é muito importante saber que esse elemento não está relacionado à medula espinhal.
“Eu costumo comparar a medula óssea a uma fábrica e, de uma forma bem simplista, ela tem a função de produzir todas as nossas células sanguíneas. Sendo que nós temos os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas”, o Dr. Volney Vilela, hematologista do Hospital Sírio-Libanês Brasília, explica.
Cada um dos grupos é composto por diferentes tipos de células e desempenham funções específicas. Dentre as principais estão:
- Glóbulos vermelhos: compostos por células como a hemoglobina e a hemácia. Realizam o transporte de oxigênio.
- Glóbulos brancos: formado pelos leucócitos e linfócitos, dentre outros. Responsáveis pela defesa do corpo contra infecções.
- Plaquetas: são fragmentos celulares que ajudam na coagulação do sangue.
Onde a medula óssea está localizada?
O Dr. Vilela esclarece que, nos bebês e nas crianças, ela pode ser encontrada no interior de praticamente todos os ossos. Já no caso dos adultos, a medula óssea fica em ossos mais longos, como o fêmur (perna), o úmero (braço), bacia, esterno (caixa torácica) e no crânio. É popularmente conhecida por “tutano do osso”.
Qual a diferença entre a medula óssea e a medula espinhal?
Apesar de ambas conterem o termo “medula” no nome, elas são completamente diferentes, tanto em questão da sua localização quanto em relação à sua função.
O especialista reforça que a medula óssea é responsável por produzir as células do sangue. Já a medula espinhal fica dentro do canal espinhal (um espaço dentro das vértebras) e tem a função de conduzir os nervos ao longo corpo, fazendo com que eles cheguem das diferentes partes do organismo até o sistema nervoso central.
“Ela faz a inervação do nosso corpo. É da medula espinhal que saem todos os nervos que permitem o movimento das pernas e dos braços, e é onde se encontra o líquor, o líquido associado à meningite”, ele diz.
Justamente por estarem localizadas em partes diferentes do corpo, não é possível atingir a medula espinhal ao fazer algum exame ou doar medula óssea.
Doenças que podem acontecer na medula óssea
Segundo o Dr. Vilela, há algumas condições que podem acontecer nesse tecido e são condições que “alteram o funcionamento do nosso sangue” e precisam ser diagnosticadas rapidamente. Sendo que as principais doenças da medula óssea são:
- Leucemias (mieloide ou linfoide, aguda ou crônica)
- Linfomas (de Hodgkin ou não-Hodgkin)
- Mieloma múltiplo
- Anemia aplásica
- Síndrome Mielodisplásica
- Mielofibrose
- Policitemia vera
- Trombocitemia essencial
- Hemoglobinúria paroxística noturna
O doutor descreve que cada uma dessas condições tende a causar sinais diferentes, mas os sintomas mais comuns de problemas na medula óssea são:
- Anemia (hemoglobina baixa), que causa fadiga extrema e falta de ar.
- Imunidade baixa (linfócitos e leucócitos baixos), que faz com que a pessoa tenha infecções e febres recorrentes.
- Problemas de coagulação (plaquetas baixas), que facilita o aparecimento de hematomas, manchas roxas pelo corpo e sangramentos sem motivo aparente.
“Muitas vezes, as doenças na medula alteram todas as séries e causam todos esses sintomas”, ele alerta.
É válido saber que esses quadros são diagnosticados e tratados por médicos especialistas em Hematologia ou Onco-Hematologia e, geralmente, para identificá-las é preciso fazer exames específicos, como a biópsia de medula.
Como é feito o transplante de medula óssea?
O transplante de medula óssea (TMO) é realizado com a finalidade de substituir a medula doente por células-tronco saudáveis.
“O objetivo do transplante é que essa medula nova repovoe a que estava doente e comece a produzir células saudáveis, permitindo que o paciente consiga ficar livre da doença de base e evitando o retorno da doença”, o Dr. Vilela informa.
O TMO pode ser realizado com a medula do próprio paciente, chamado de transplante de medula óssea autólogo, ou com a medula de um doador, recebendo o nome de transplante de medula óssea alogênico.
“Muitas vezes, contamos com um doador aparentado – um irmão, uma irmã, ou pais – ou, quando não há doadores disponíveis na família, podemos recorrer a doadores não aparentados no REDOME (Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea)”, o médico comenta.
Ele ainda esclarece que todo esse processo não é feito por meio de cirurgia. Então, para eliminar a doença da medula, usa-se quimioterapia e/ou radioterapia em altas doses e, para oferecer as células novas e saudáveis, é feita uma infusão, semelhante à transfusão de sangue.
Como funciona a doação de medula óssea?
Primeiramente, o voluntário deve fazer um cadastro no REDOME. Feito isso, o candidato recebe uma ligação falando que há alguém precisando da doação. Em seguida, ele realiza alguns testes e exames clínicos e laboratoriais e, por último, acontece a coleta da medula, que pode ser por punção ou por aférese.
Na primeira, a coleta é feita em um centro cirúrgico e faz-se a punção na região pélvica superior, no osso do quadril. Já no segundo, por aférese, a coleta das células é feita diretamente da corrente sanguínea.
“Atualmente, na ampla maioria dos casos,o doador não é mais submetido à punção e nem precisa ir para centro cirúrgico, pois a coleta é feita por uma máquina de aférese. Então, fazemos uma punção na veia, com um acesso mais calibroso, e conseguimos coletar as células. Isso diminui muito o risco de lesões e o desconforto para o doador”, o Dr. Vilela afirma.
Quem pode doar medula óssea?
Podem se cadastrar pessoas que preencham os seguintes pré-requisitos:
- Ter entre 18 e 35 anos de idade (o doador permanece no cadastro até 60 anos e pode realizar a doação até esta idade).
- Apresentar um documento de identificação oficial com foto.
- Estar em bom estado geral de saúde.
- Não ter nenhuma doença impeditiva para cadastro e doação de medula óssea.
Para realizar o cadastro, basta ir ao hemocentro mais próximo, dizer que quer se registrar no REDOME e coletar uma amostra de sangue (10 ml) para exame de tipagem HLA.
FONTE: https://revista.abrale.org.br/saude/2024/07/medula-ossea-funcaes-doencas-e-processo-de-doacao/?fbclid=IwZXh0bgNhZW0CMTAAAR0WQvs7eoIk0D_AVinGR-B6OrWuHl_9LGSO3fRKv45-U8Ivcc8lH0rZU38_aem_9PRJ6i6NK1fnrz1dyCDC3Q
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abs
Carla
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