Berna Almeida
Como lidar com a recusa de medicamentos em pessoas com demência
É comum que, em algum momento do cuidado, a pessoa com demência se recuse a tomar os remédios necessários para o seu tratamento. Essa recusa pode gerar angústia no cuidador e comprometer a adesão ao tratamento. Mas, com paciência, estratégia e orientação, é possível contornar essas situações.
1. Antes de tudo: medicação só com prescrição médica
Jamais ofereça remédios por conta própria, mesmo que pareçam inofensivos. Todo medicamento precisa ser prescrito e monitorado por um médico. Sempre comunique aos profissionais de saúde sobre tudo o que o idoso está utilizando, inclusive suplementos ou medicamentos naturais.
Abordagem emocional: menos fala, mais escuta e presença
Quando a recusa acontece, não entre em confronto. A pessoa com Alzheimer pode se sentir ameaçada com insistências verbais. Isso gera confusão e irritação tanto no doente quanto no cuidador.
Dica de ouro: observe o rosto da pessoa. Pergunte-se: "O que ele está sentindo agora? Como estou sendo percebido?" A linguagem corporal — seu olhar, tom de voz e postura — fala muito mais do que suas palavras.
A chave está na comunicação não verbal:
- Transmita tranquilidade e segurança com seu corpo.
- Mantenha o tom de voz suave e os movimentos lentos.
- Evite confrontos diretos. Seja presença calma.
Técnicas práticas para ofertar os medicamentos
- Ofereça uma pílula por vez, e permita que a pessoa veja o que vai tomar.
- Use copos transparentes com água para evitar desconfiança.
- Incentive-a a pegar o copo sozinha, sem pressa ou imposição.
- Triture a medicação, com orientação médica, e misture em alimentos se houver dificuldade para engolir.
- Verifique se a medicação foi realmente ingerida.
- Mantenha a pessoa sentada em local seguro.
- Crie uma rotina de horários fixos, pois isso gera previsibilidade e segurança.
- Diante da recusa, não discuta. Espere, tente mais tarde e mantenha o tom afetuoso.
- Após tomar o remédio, elogie, conte algo bom, ofereça algo que ela goste. Associe o momento da medicação a uma experiência positiva.
Organização e prevenção: cuidados que fazem a diferença
- Nunca altere horários ou doses por conta própria. Consulte o médico.
- Não compartilhe medicamentos entre pacientes.
- Faça uma lista com:
- Nome dos medicamentos
- Dosagens
- Horários
- Data de início e fim
- Nome do médico prescrito
- Mantenha os remédios fora do alcance do idoso, de preferência trancados.
- Tenha uma lista atualizada das farmácias 24h e telefones de emergência.
- Mantenha sempre à mão os contatos dos médicos e hospitais.
Fique atento a sinais de alerta!
- Reações gástricas (azia, náuseas, vômitos): podem indicar intolerância. Avise o médico.
- Medicamentos para o coração (digitálicos): meça os batimentos. Se estiverem <60 bpm, não administre o remédio sem consultar o médico.
- Remédios para pressão alta: meça a pressão antes. Em queda brusca, mantenha o idoso deitado com pernas elevadas, sem travesseiro, e ofereça líquidos.
- Suspeita de superdosagem ou intoxicação: não provoque vômitos. Vá ao pronto-socorro imediatamente.
Finalizando:
A rotina de medicamentos pode se tornar mais leve quando envolve empatia, organização e acompanhamento médico contínuo. Cuidar da medicação é mais do que seguir horários: é também cuidar da dignidade e bem-estar de quem vive com demência.


FONTE: https://www.facebook.com/groups/mentesedemencias
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
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