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domingo, 1 de abril de 2012

Síntese de Resultados e Comentários

Linfoma não Hodgkin

Esperam-se 5.190 casos novos de linfoma não Hodgkin em homens e 4.450 em mulheres, para o Brasil, no ano de 2012. Esses valores correspondem a um risco estimado de 5 casos novos a cada 100 mil homens e 4 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).

Sem considerar os tumores da pele não melanoma, o linfoma não Hodgkin em homens é o oitavo mais frequente na região Norte (2/100 mil). Na região Sudeste (7/100 mil), ocupa a nona posição. Nas regiões Sul (6/100 mil) e Nordeste (3/100 mil), ocupa a décima posição, e, na região Centro-Oeste (5/100 mil), é o 11º mais frequente. Para as mulheres, é o oitavo mais frequente na região Sudeste (6/100 mil) e o 11º na região Centro-Oeste (4/100 mil), enquanto, nas regiões Sul (5/100 mil), Nordeste (2/100 mil) e Norte (1/100 mil), é o 12º mais frequente (Tabelas 4, 12, 22, 27 e 32).

Comentário
O linfoma não Hodgkin (LNH) compreende uma variedade de doenças para as quais os padrões de incidência são heterogêneos nas populações. Foram estimados cerca de 356 mil casos novos e 191 mil óbitos por LNH no mundo para o ano de 2008. América do Norte, Austrália, Nova Zelândia e algumas partes da Europa possuem as mais altas taxas de incidência desse tipo de câncer. Em geral, essas taxas são baixas na África, com exceção do linfoma de Burkitt (um subtipo de LNH), que é causado pela infecção do vírus Epstein-Barr (EBV) entre crianças. Além do EBV, outras infecções, como a ocasionada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), estão associadas a um maior risco no desenvolvimento dos LNH.

As taxas de incidência do LNH aumentaram na maioria dos países desenvolvidos durante a década de 1990. Esse aumento deveu-se, em parte, à melhoria nos procedimentos diagnósticos e nas mudanças na classificação morfológica do tumor. Além disso, nessa década, deu-se o início da epidemia pela Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), principalmente em homens brancos.

Como a maioria dos cânceres, o risco para o desenvolvimento do LNH aumenta com a idade. Os homens têm um risco duas vezes maior do que as mulheres. Na maior parte dos casos, a etiologia para LNH é desconhecida, embora exista uma associação com a função imune alterada. Com isso, pessoas transplantadas que receberam tratamento com imunossupressores para prevenção de rejeição do transplante, indivíduos com condições autoimunes severas e pessoas infectadas pelo HIV possuem um maior risco para o desenvolvimento de LNH. A infecção por H. pylori aumenta o risco de linfoma gástrico. Além desses, certas variações em genes responsáveis pela resposta imune, bem como exposições ocupacionais e ambientais a substâncias químicas também estão associadas, embora com menor peso, ao desenvolvimento dessa neoplasia.

Câncer da glândula tireoide

Para o Brasil, em 2012, estimam-se 10.590 casos novos de câncer da tireoide, com um risco estimado de 11 casos a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).

Sem considerar os tumores da pele não melanoma, o câncer da tireoide em mulheres é o terceiro mais incidente na região Norte (7/100 mil). Nas regiões Sudeste (15/100 mil) e Nordeste (6/100 mil), ocupa a quarta posição, e, nas regiões Sul (10/100 mil) e Centro-Oeste (6/100 mil), a quinta e sexta posições, respectivamente (Tabelas 4, 12, 22, 27 e 32).

A magnitude em homens é muito pequena e, portanto, o cálculo da estimativa não é recomendado.

Comentário
O câncer da tireoide é considerado raro na maioria das populações mundiais, representando entre 2% e 5% do total de câncer em mulheres e menos de 2% em homens. América Central, Japão e Ilhas do Pacífico são consideradas áreas de alto risco para o desenvolvimento do câncer da tireoide em mulheres, com uma incidência superior a 5 casos novos a cada 100 mil mulheres.

Na maioria dos países, as taxas de incidência vêm mostrando um padrão de crescimento lento, porém contínuo (cerca de 1% ao ano) durante as últimas décadas. Segundo as informações do último volume da publicação Cancer Incidence in Five Continents, durante o período de 1973 a 2002, as taxas de incidência aumentaram mais de cinco vezes na maioria das populações analisadas. As taxas de mortalidade apresentam queda continuada na maioria das populações, provavelmente em virtude da melhoria do tratamento.

O aumento do uso de ultrassom e biópsia guiada por imagem para detecção de doença subclínica é uma possível explicação para essa tendência de aumento nas taxas de incidência. Todavia, observou-se também um aumento no diagnóstico de neoplasias com tamanhos acima de 4 cm e com metástases a distância, sugerindo, de fato, um aumento real na incidência da doença devido a outros fatores, incluindo os ambientais, os de dieta e os genéticos.

A radiação ionizante, seja em virtude da exposição a tratamentos, seja ambiental, é o mais bem estabelecido fator de risco para o desenvolvimento do câncer da tireoide. O efeito carcinogênico parece ser maior quando a exposição começa antes dos 5 anos de idade, deixando claros os efeitos e a sua relação com a idade, fazendo com que as crianças sejam mais vulneráveis aos efeitos da radiação. Após as explosões atômicas no Japão e o acidente em Chernobyl, vários estudos confirmaram essa relação.

A associação entre o câncer da tireoide e história de doença benigna da tireoide tem sido observada na maioria dos estudos. Em razão de as taxas de incidência desse tipo de neoplasia serem cerca de duas a três vezes maiores em mulheres do que em homens, alguns estudos sugerem que fatores hormonais poderiam explicar esse excesso. A síntese de hormônios da tireoide necessita da presença de iodo. A deficiência crônica, bem como o excesso nutricional de iodo no organismo, levam à hiperplasia e à hipertrofia dos elementos foliculares. Esse fenômeno pode estar associado a um maior risco de desenvolvimento do câncer da tireoide.

Dieta e componente genético também são considerados fatores de risco. Um padrão dietético de peixe e frutos do mar ocasiona um risco aumentado para o tipo folicular desse câncer. Alguns estudos relataram uma correlação entre aumento da incidência de câncer da tireoide e aumento no consumo de iodo na dieta.

Câncer do Sistema Nervoso Central

Esperam-se 4.820 casos novos de câncer do Sistema Nervoso Central (SNC) em homens e 4.450 em mulheres, para o Brasil, no ano de 2012. Esses valores correspondem a um risco estimado de 5 casos novos a cada 100 mil homens e 4 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).

Sem considerar os tumores da pele não melanoma, o câncer do SNC em homens é o oitavo mais frequente na região Centro-Oeste (6/100 mil). Nas regiões Sul (7/100 mil) e Nordeste (3/100 mil), ocupa a nona posição, enquanto, nas regiões Sudeste (6/100 mil) e Norte (2/100 mil), a décima posição. Para as mulheres, é o oitavo mais frequente nas regiões Sul (6/100 mil) e Centro-Oeste (4/100 mil). O décimo mais frequente na região Norte (2/100 mil) e, nas regiões Sudeste (5/100 mil) e Nordeste (3/100 mil), é o 11º (Tabelas 4, 12, 22, 27 e 32).

Comentário
O câncer do SNC representa, na população mundial, aproximadamente, 2% de todas as neoplasias malignas. As taxas de incidência não apresentam grandes variações geográficas.

Durante as últimas décadas, a incidência e a mortalidade dos tumores do SNC aumentaram na maioria dos países desenvolvidos, principalmente nas faixas etárias mais avançadas. Parte desse aumento atribui-se à melhoria e à introdução de novas tecnologias diagnósticas menos invasivas, como, por exemplo, tomografia computadorizada, ressonância magnética, entre outros.

A maioria dos tumores do SNC se origina no cérebro, nervos cranianos e meninges. Mesmo não sendo muito frequente, esse câncer contribui significativamente para a morbidade global. A distribuição etária da incidência se apresenta com característica peculiar, ou seja, possui um pico em crianças e outro em adultos acima dos 45 anos. A incidência dos tumores do SNC é ligeiramente mais alta no sexo masculino do que no feminino. Na maioria dos países desenvolvidos, a mortalidade por essa neoplasia ocupa a 12ª posição.

A etiologia desse câncer ainda é pouco conhecida, mas a irradiação terapêutica é sabidamente uma de suas causas, mesmo que a ocorrência, nesses casos, seja muito rara. Traumas físicos na região da cabeça e traumas acústicos (casos de trabalhadores expostos a alto nível de som) também são possíveis fatores de risco para tumores do SNC. Exposições a certas ocupações também são consideradas como possíveis fatores de risco, como trabalhadores da indústria petroquímica, lavradores, embalsamadores, entre outros. Alguns estudos sugerem que radiação gerada por radiofrequência, telefonia móvel e telecomunicação está associada à etiologia desses tumores, porém esse assunto permanece inconclusivo.

Leucemias

Para o Brasil, em 2012, estimam-se 4.570 casos novos de leucemia em homens e 3.940 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 5 casos novos a cada 100 mil homens e 4 a cada 100 mil mulheres (Tabela 1).

Sem considerar os tumores da pele não melanoma, a leucemia em homens é a quinta neoplasia mais frequente na região Norte (3/100 mil). Na região Nordeste (4/100 mil), ocupa a oitava posição, na região Centro-Oeste (5/100 mil), a décima e, nas regiões Sul (6/100 mil) e Sudeste (5/100 mil), a 11ª. Para as mulheres, é a sétima mais frequente na região Norte (3/100 mil) e a décima nas regiões Centro-Oeste (4/100 mil) e Nordeste (3/100 mil), enquanto, nas regiões Sudeste (4/100 mil) e Sul (5/100 mil), é a 12ª e a 13ª mais incidente, respectivamente (Tabelas 4, 12, 22, 27 e 32).

Comentário
Foram estimados cerca de 351 mil casos novos e 257 mil óbitos por leucemia no mundo para o ano de 2008.

A leucemia é uma doença que se origina a partir da série branca do sangue. Clínica e patologicamente, subdivide-se em grandes grupos. A primeira divisão está em suas formas agudas e crônicas. A leucemia aguda se caracteriza por um aumento rápido nos números de células imaturas do sangue, o que faz com que a medula óssea seja incapaz de reproduzir células sanguíneas saudáveis. Já a forma crônica da leucemia se caracteriza pelo aumento excessivo no número de células maduras anormais da série branca do sangue, levando meses ou até anos para progredir. A segunda divisão diz respeito ao tipo de célula afetado pelas desordens, sendo assim caracterizada como do tipo linfoide ou mieloide.

Por causa das diferenças no acesso ao tratamento, observa-se uma considerável variação entre populações com relação à sobrevida. Entre a população masculina dos Estados Unidos e da Europa Ocidental, a sobrevida em 5 anos é de 43%; no Japão, observa-se uma sobrevida de 25%; na América do Sul, 24%; Índia, 19%; Tailândia, 15%, e África subsaariana, 14%. Em crianças, em áreas com acesso a esses tratamentos, a sobrevida relativa em 5 anos alcança 80%.

Embora as causas para o desenvolvimento de leucemia ainda não sejam bem conhecidas, existem evidências para alguns fatores de risco, como exposição à radiação ionizante, medicamentos utilizados em quimioterapia e exposição ocupacional ao benzeno. Os primeiros indícios de que a exposição à radiação ionizante ocasionava o desenvolvimento de leucemia foram de estudos realizados após os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki.

fonte:www.inca.gov.br

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