Equipe Oncoguia
- - Data de cadastro: 22/09/2014 - Data de atualização: 03/10/2020
Alguns tipos de câncer de mama estão relacionados com hormônios, como estrogênio e progesterona. As células do câncer de mama têm receptores (proteínas) que se ligam ao estrogênio e à progesterona, o que as ajuda a crescer. Os tratamentos que impedem esses hormônios de se ligarem a esses receptores são chamados de terapia hormonal ou endócrina.
A hormonioterapia tem o potencial de atingir as células malignas em quase qualquer lugar do corpo e não apenas na mama. É recomendado para mulheres com tumores positivos para receptores hormonais.
Quando é usada a terapia hormonal?
A terapia hormonal é frequentemente usada após a cirurgia (terapia adjuvante) para ajudar a reduzir o risco de o câncer voltar.
A terapia hormonal também é usada para tratar o câncer avançado, quando o tumor voltou após o tratamento ou que se espalhou para outras partes do corpo ajudando a controlar a doença e impedindo que ele se agrave.
Como funciona a terapia hormonal?
Nos tumores dependentes de hormônio as células têm receptores (proteínas) para os hormônios estrogênio (cânceres ER-positivos) e/ou progesterona (cânceres PR-positivos) que ajudam as células cancerosas a crescer e se espalhar.
Existem vários tipos de terapia hormonal para o câncer de mama. A maioria dos tipos de terapia hormonal reduz os níveis de estrogênio ou impede que o estrogênio atue nas células do câncer de mama.
Essas drogas atuam impedindo o estrogênio de alimentar o crescimento das células do câncer de mama.
Quais são esses medicamentos?
Os principais medicamentos dessa classe são: tamoxifeno, inibidores da aromatiza (examestano, anastrozol, letrozol), goserelina e fulvestranto e possuem diferentes indicações a depender do status menopausal.
Possíveis efeitos colaterais
Os efeitos colaterais comuns são: ondas de calor e / ou suores noturnos, dor de cabeça, dor no óssea, dores articulares, espessamento endometrial.
Terapias hormonais comumente usadas no tratamento do câncer de mama avançado
Medicamento | Estado menopausal | Forma de administração |
Anastrozol | Pós-menopausa | Oral |
Exemestano | Pós-menopausa | Oral |
Letrozol | Pós-menopausa | Oral |
Goserelina | Pré-menopausa | Injetável |
Fulvestranto | Pós-menopausa | Injetável |
Leuprolide | Pré-menopausa | Injetável |
Acetato de megestrol | Pré e pós-menopausa | Oral |
Tamoxifeno | Pré e pós-menopausa | Oral |
Toremifeno | Pré e pós-menopausa | Oral |
Hormonioterapia para mulheres na pré-menopausa
Para as mulheres na pré-menopausa, a hormonioterapia geralmente começa com a supressão ovariana. Isto reduz os níveis de hormônio no corpo de modo que o tumor não possa obter o estrogênio necessário para crescer. Isso pode envolver cirurgia para remover os ovários (ooforectomia) ou, mais frequentemente, o uso de medicamentos (como a goserelina ou leuprolida) para bloquear a produção de hormônios pelos ovários.
O tamoxifeno também é utilizado para tratar o câncer de mama avançado em mulheres na pré-menopausa.
A combinação de supressão ovariana e tamoxifeno pode melhorar a sobrevida em relação ao tratamento isolado.
Hormonioterapia para mulheres na pós-menopausa
A hormonioterapia para mulheres na pós-menopausa pode ser realizada com um inibidor da aromatase, tamoxifeno ou outro medicamento antiestrogênio, como o fulvestranto. Se o primeiro tipo de medicamento parar de responder e a doença começar a avançar, um segundo medicamento pode ser usado. Se o segundo medicamento também parar de responder, tenta-se outro e assim por diante. Em algum momento, embora isso possa levar anos, a hormonioterapia quase sempre deixa de ser eficaz. Nesse momento, a quimioterapia pode ser recomendada.
A supressão ovariana não é útil para as mulheres na pós-menopausa porque os ovários já pararam de produzir grandes quantidades de estrogênio. Entretanto, as mulheres na pós-menopausa ainda produzem uma pequena quantidade de estrogênio no tecido adiposo e nas glândulas suprarrenais. E por isso, os inibidores de aromatase são eficazes, pois agem nesses tecidos.
Medicamentos usados em combinação com a hormonioterapia
Inibidores de CDK4/6
Os inibidores de CDK4/6 aprovados para o tratamento do câncer de mama avançado são abemaciclibe, palbociclibe e ribociclibe.
CDK4 e CDK6 são enzimas importantes na divisão celular. Os inibidores de CDK4/6 são uma classe de medicamentos que bloqueiam esses receptores e interrompem o crescimento das células cancerígenas.
Embora os inibidores de CDK4/6 abemaciclibe, palbociclibe e ribociclibe não tenham sido comparados diretamente entre si, estudos mostram resultados similares com cada um desses medicamentos.
Esses medicamentos são usados em combinação com a hormonioterapia para tratar o câncer de mama avançado, receptor de hormônio positivo, HER2-negativo. Em comparação com a hormonioterapia isolada essa combinação pode aumentar a sobrevida das pacientes antes que a doença se dissemine, aumentando a sobrevida.
O inibidor de CDK4/6 abemaciclib também pode ser usado isoladamente no tratamento do câncer de mama avançado, receptor de hormônio positivo, HER2-negativo que continuou em progressão durante a hormonioterapia e quimioterapia inicial.
O abemaciclibe, palbociclibe e ribociclibe são administrados por via oral.
Os possíveis efeitos colaterais dos inibidores de CDK4/6 podem incluir:
- Abemaciclibe. Diarreia, diminuição dos glóbulos brancos, anemia, náuseas, dor abdominal, fadiga e vômitos. Em alguns casos, pode provocar problemas hepáticos. Em casos raros, pode causar inflamação pulmonar.
- Palbociclibe. Diminuição dos glóbulos brancos, anemia, fadiga, náuseas, feridas na boca, queda de cabelo e diarreia. Em casos raros, pode causar inflamação pulmonar.
- Ribociclibe. Diminuição dos glóbulos brancos, náusea, fadiga, diarreia, perda de cabelo, vômito, constipação, dor de cabeça e dor nas costas. Em alguns casos, pode causar problemas hepáticos. Em casos raros, pode provocar alterações no eletrocardiograma e inflamação pulmonar.
Everolimus
Everolimus é um medicamento, por via oral, direcionado conhecido como inibidor de mTOR. Ele bloqueia a mTOR, uma proteína nas células que normalmente as ajuda a crescer e se dividir. O everolimus também impede que os tumores desenvolvam novos vasos sanguíneos, o que pode ajudar a limitar o seu crescimento. No tratamento do câncer de mama, a associação com a terapia hormonal tem maiores benefícios que a terapia hormonal isolada.
É usado em associação com o inibidor da aromatase exemestano para mulheres cujos cânceres cresceram durante o tratamento com letrozol ou anastrozol (ou se o câncer começou a crescer logo após a interrupção do tratamento com esses medicamentos).
Os efeitos colaterais comuns do everolimus incluem feridas na boca, diarreia, náuseas, sensação de fraqueza ou cansaço, contagens sanguíneas baixas, falta de ar e tosse. O everolimus também pode aumentar o colesterol e triglicéridos por isso, seu médico irá verificar o seu hemograma periodicamente enquanto estiver a tomar este medicamento.
Alpelisibe
Alpelisibe é um medicamento novo conhecido como inibidor de PI3K. Ele age bloqueando uma forma da proteína chamada PI3K nas células cancerosas, o que as impede de crescer, nas pacientes que apresentam mutação no gene PIK3CA.
Este medicamento pode ser usado junto com fulvestranto para tratar mulheres pós-menopáusicas com câncer de mama HER2-negativo, receptor hormonal avançado positivo com mutação do gene PIK3CA e que cresceu durante ou após o tratamento com um inibidor de aromatase. O seu médico irá testar o seu sangue ou tumor para esta mutação antes de iniciar o tratamento com este medicamento.
Os possíveis efeitos colaterais podem incluir níveis elevados de açúcar no sangue, sinais de problemas renais, hepáticos ou pancreáticos, diarreia, erupção cutânea, contagens sanguíneas baixas, náuseas e vômitos, fadiga, diminuição do apetite, feridas na boca, perda de peso, níveis baixos de cálcio, problemas de coagulação do sangue, e queda de cabelo. Reações cutâneas muito graves, como erupções cutâneas com descamação e bolhas, são possíveis e devem ser relatadas a um médico. Pacientes com histórico de reações cutâneas graves devem informar seu médico antes de tomar alpelisibe
Para saber se o medicamento que você está usando está aprovado pela ANVISA acesse nosso conteúdo sobre Medicamentos ANVISA.
Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenciá-los, consulte nosso conteúdo Efeitos Colaterais do Tratamento.
Texto originalmente publicado nos sites Susan G. Komen, em 29/06/2020, e American Cancer Society, em 18/09/2019, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.
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Carla
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