Partindo do pressuposto de alguns estudos, indicando que
os diabéticos têm mais probabilidades de desenvolver demências
(nomeadamente demência vascular e doença de Alzheimer), 9 investigadores
do Centro de Neurociências e Biologia Celular e da Faculdade de
Medicina da Universidade de Coimbra (UC) estudaram ao longo dos últimos
três anos, em modelos animais, a relação direta entre a diabetes tipo 2 e
a doença de Alzheimer, nomeadamente ao nível da mitocôndria.
Usando
ratinhos diabéticos (diabetes induzida por ingestão de sacarose) e
triplo-transgênicos para a doença de Alzheimer (manipulados
geneticamente para desenvolver esta doença), os investigadores
observaram que "as mitocôndrias (fábricas de energia do organismo) do
cérebro destes animais apresentavam uma alteração drástica da sua
função, provocando um défice energético e um aumento do estresse
oxidativo", afirma Paula Moreira, coordenadora do estudo e investigadora
no grupo “Mecanismos Moleculares da Doença” do CNC.
A
equipe examinou igualmente o comportamento dos animais diabéticos e dos
que padeciam de Alzheimer e, dos vários testes comportamentais e
cognitivos (avaliação da memória e aprendizagem) realizados, "o perfil
apresentado é idêntico. Ambos apresentaram níveis elevados de ansiedade e
medo e revelaram dificuldades de aprendizagem e memória
(características da doença de Alzheimer)", observa Paula Moreira.
O
estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e
QREN - Quadro de Referência Estratégica Nacional, permitiu ainda
verificar anomalias ao nível dos vasos cerebrais, semelhantes nos dois
grupos de animais. Além disso, e à semelhança do que acontece no cérebro
de quem tem Alzheimer, também nos animais diabéticos se verificou um
aumento dos níveis da proteína beta-amiloide que potencia a deposição
das placas senis.
Para a também docente da
Faculdade de Medicina da UC, as conclusões desta investigação que será
publicada na edição de maio do Journal of Alzheimer Diseases, "além de
permitirem conhecer melhor o porquê da diabetes tipo 2 ser um fator de
risco para a doença de Alzheimer, assumem relevância para a
identificação de estratégias profiláticas. A alteração de estilos de
vida, como p. ex., a adoção de uma dieta equilibrada e o combate ao sedentarismo faz toda a diferença na prevenção das patologias".
extraído: http://www.diabetenet.com.br/conteudocompleto.asp?idconteudo=7480
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