Há um universo enorme de memórias olfativas de alimentação para ser explorado pela indústria. Há também necessidades e desejos específicos em relação à consistência dos produtos.
Semana passada dei uma passadinha na Fi South America, feira de ingredientes alimentícios, em busca de inovações, pesquisas, desenvolvimentos e qualquer atenção ao target 60+.
Fiquei surpresa com a baixa incidência de novidades pensadas para os idosos. Para não ser injusta, a empresa Rousselot Gelatinas do Brasil me falou sobre pesquisas com o target e desenvolvimentos de produtos, como colágeno hidrolisado, para articulações.
Na grande maioria dos estandes, em conversas com pessoas do marketing ou P&D, as reações declaravam a distância com o segmento. Além de muita incompreensão “não entendi, pode me falar de novo?”, estranhamento “target 60+?” e confusão “você quer falar com alguém do RH, é isso?”, também reagiam com surpresa “ah é! Para os idosos, não é?” e até certo desprezo “idosos? Não…. não”.
Vale aqui falar também da diferença da disposição e interesse das pessoas que me atendiam. Quando eram pessoas mais idosas era certo que a conversa se estendia. Se interessavam pela ideia de projetos e soluções alimentares pensadas para melhor atender ao segmento dos 60+ e me diziam: “que legal essa sua proposta”, “continua com isso garota”. Além de achar graça em ser chamada de garota, ficava animada com tais motivações. Mas, quando os mais jovens me atendiam, as expressões de “o que que esta tia está querendo fazer para os velhos” me cansavam.
Porém, eu esperava mais. O pensamento está simplesmente no que precisa ser ingerido, reposto, acrescentado.
Se atentarmos aos idosos não só pelo olhar da nutrição, veremos que há um universo enorme de memórias olfativas de alimentação para ser explorado. Considerando este complexo aspecto da alimentação, quais são as referências que trazem, as práticas, as lembranças, os desejos. Sabemos que há também necessidades e desejos específicos em relação à consistência dos produtos, por vezes com uma dentição e deglutição mais fragilizada. E isso pensando somente na indústria de ingredientes.
Quando estendemos nosso olhar para a indústria de alimentos para o consumidor final, nos deparamos com uma infinidade de outras demandas específicas: mais dificuldade de acesso aos produtos, dificuldades com as embalagens, busca por diferentes porções, entre muitas outras.
Como sou uma pessoa otimista e motivada por essência, saí de lá olhando para as possibilidades, cheia de ideias. Ano que vem estarei lá de novo para ver a evolução!
Foto de destaque de Elien Dumon
Ana Gabriela S Michelin – publicitária pela FAAP, com MBA em marketing pela ESPM e mestre em Gerontologia Social pela PUC SP. É CEO da empresa www.raizes.etc.br. E-mail: gabi@gabimichelin.com
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/ha-muito-mais-do-que-complementos-e-nutricao-que-a-industria-pode-fazer-para-os-idosos/
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