27/11/2013 - Ciência Hoje
Pode parecer estranho, mas um spray de insulina aplicado no nariz vem sendo
testado para o combate do Alzheimer, doença neurodegenerativa sem cura que
atinge 32 milhões de pessoas no mundo. A novidade foi apresentada pelo psicólogo
e biólogo Manfred Hallschmid, da Universidade de Tübingen (Alemanha), durante
palestra no 6º Fórum Mundial de Ciência, ocorrido esta semana no Rio de
Janeiro.
A insulina é o hormônio envolvido na retirada de glicose do sangue e na sua
entrada nas células para produzir energia. A pouca produção dessa substância
pelo corpo resulta no diabetes mellitus, que é tratado com injeções regulares de
insulina.
Mas o que esse hormônio tem a ver com o Alzheimer? Estudos da
equipe de Hallshmid e de pesquisadores brasileiros têm mostrado que o diabetes e
essa doença neurodegenerativa têm uma forte relação.
Há alguns anos, cientistas descobriram que o diabetes pode ser um fator de
risco para o Alzheimer. Pesquisas desenvolvidas nos últimos cinco anos pela
bioquímica Fernanda de Felice e colegas da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) demonstraram que o contrário também ocorre. O Alzheimer pode
causar um tipo de ‘diabetes cerebral’.
Os pesquisadores brasileiros viram que, em pacientes com Alzheimer, os
receptores de insulina cerebrais não funcionavam corretamente porque estavam
‘cobertos’ por placas de proteína beta-amiloide. Essas placas são a principal
característica do Alzheimer e estão diretamente ligadas à perda de memória vista
nos pacientes.
A equipe da UFRJ chegou a fazer testes em animais com
Alzheimer fornecendo a eles medicamentos que potencializam a ação da insulina.
Como resultado, os cientistas observaram que, com o aumento da insulina, os
animais tiveram as placas de beta-amiloide reduzidas e passaram a absorver o
hormônio no cérebro. A mudança resultou em melhor desempenho em tarefas de
memória por parte dos animais.
Agora, a equipe de Hallschmid, em colaboração com a médica Susan Craft, da
Universidade de Washington, está coordenando ensaios clínicos em humanos com o
uso da insulina injetada pelo nariz para combater a perda de memória tanto em
pacientes com Alzheimer quanto em pessoas saudáveis.
“Observamos que injetar a insulina pelo nariz é a melhor forma de fazer com
que o hormônio chegue diretamente ao cérebro sem precisar passar pela corrente
sanguínea e se espalhar por todo o corpo, o que poderia alterar o nível de
glicose sanguínea e ser prejudicial ao paciente”, diz o pesquisador.
Terapia promissora
Hallschmid testou a nova abordagem em 19 pessoas
saudáveis. Durante oito semanas, elas receberam diariamente o spray nasal de
insulina e listas de palavras para memorizar. Ao final do experimento, elas
tiveram que repetir a lista e demonstraram melhor memória do que o grupo
controle, que tentou decorar a lista sem receber a insulina.
Nos Estados Unidos, Susan Craft testou diferentes doses do spray de insulina
em 104 pacientes com Alzheimer. Os que receberam doses moderadas do hormônio
demonstraram melhorias cognitivas em comparação com os que não receberam a
substância.
Para Hallshmid, a insulina intranasal é uma abordagem terapêutica promissora
para o Alzheimer. Mas o pesquisador lembra que ainda são necessários mais testes
clínicos antes que o uso da substância seja recomendado. “A insulina é uma droga
disponível nas farmácias e facilmente acessível”, comenta. “Qualquer um poderia
comprá-la e espirrá-la no nariz de um parente idoso, mas eu não recomendo que as
pessoas façam isso, pois embora nossos resultados sejam muito bons, pode haver
efeitos colaterais que ainda não percebemos em nossos testes.”
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs,
Carla
extraído:http://www.diabetenet.com.br/conteudocompleto.asp?idconteudo=8200
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