Aspectos da medicina cardiovascular, em especial sobre a cardio-oncologia pautaram live com o presidente da SBC, Marcelo Queiroga, e o professor titular e diretor do InCor da FMUSP, Roberto Kalil Filho
Em live transmitida pelas redes sociais no último dia 29/8, o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Marcelo Queiroga, conversou com o professor titular e diretor do Instituto do Coração (InCor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Roberto Kalil Filho, que também é coordenador do Grupo de Estudos de Cardio-Oncologia da SBC. Em pauta, aspectos da medicina cardiovascular, em especial sobre a cardio-oncologia.
Nos últimos anos, as consequências da cardiotoxicidade decorrente do tratamento oncológico ficaram mais evidentes, uma vez que houve aumento da sobrevida do paciente oncológico, além do envelhecimento da população e do surgimento de novos agentes quimioterápicos, com efeitos colaterais cardiotóxicos inesperados. Com a integração entre a cardiologia e a oncologia, tem-se desenvolvido um conhecimento interdisciplinar entre ambas as áreas médicas para melhor tratamento desse grupo de pacientes.
A interação entre a cardiologia e a oncologia contribui para a melhor evolução dos pacientes, tendo como objetivos principais a adoção de estratégias de prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento das doenças cardiovasculares nessa população.
“Começamos a pensar a cardio-oncologia em 2006, quando se resolveu construir, ao lado do InCor, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Há 14 anos eram poucos trabalhos na literatura sobre cardio-oncologia, ninguém falava muito nesse tema. Propus algo nesse quesito, montamos uma equipe e nessa década a cardio-oncologia se tornou uma subespecialidade da cardiologia. Foram simpósios, congressos de várias especialidades e no mundo inteiro a área cresceu bastante. Como fomos pioneiros, em 2010 a SBC e a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) fizeram a primeira diretriz de cardio-oncologia. Médicos estrangeiros disseram que se tratava da primeira diretriz no mundo”, contou Kalil.
Segundo o professor, hoje o paciente adentra o consultório do cardiologista com qualquer tipo de câncer e imediatamente é perguntado como o oncologista vai conduzir, qual quimioterápico será utilizado, já que se sabe de uma gama deles que são prejudiciais ao coração. Kalil falou que há uma integração perfeita do Icesp com o InCor e que há vários projetos temáticos com pesquisa. Esse ano foi inaugurado o Centro de Cardio-Oncologia do InCor.
O centro oferece especialização para profissionais da saúde nessa nova área, além de melhor suporte aos pacientes, tanto para a prevenção como para o tratamento precoce de doenças cardiovasculares. Na área de pesquisas, os estudos pretendem avaliar como diferentes tratamentos para câncer de próstata impactam a saúde do coração e de que modo a atividade física durante o tratamento pode ser mais benéfica, por exemplo.
“A cardio-oncologia é uma fronteira nova na medicina, porque há um número grande de pacientes com doenças cardiológicas, com doença arterial-coronária, com disfunção do ventrículo esquerdo. Esses pacientes apresentam câncer e precisam ser avaliados pelo cardiologista de maneira apropriada, através de métodos de diagnóstico muito sofisticados que nós hoje temos, e é possível se conduzir o tratamento do paciente oncológico para que ele tenha melhores perspectivas terapêuticas. É nesse sentido que nós vamos fazer o 1º Simpósio Virtual Internacional de Cardio-Oncologia, em parceria com o American College of Cardiology (ACC)”, antecipou Queiroga.
O evento on-line, com inscrições livres, vai debater sobre as doenças cardiovasculares e oncológicas bem como discutir sobre as experiências para melhorar a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das duas enfermidades que mais causam óbitos no mundo. As grandes prioridades no campo da cardio-oncologia são a identificação, o tratamento e a prevenção de fatores de risco de doenças cardiovasculares em pacientes com câncer e sobreviventes dessa doença.
Kalil disse que a expectativa para o evento é fantástica e que essa área tem que ser difundida. O médico mencionou que já existem estágios em cardio-oncologia na Faculdade do Coração, ligada à FMUSP, e que muito em breve aplicarão a residência.
“Esse simpósio é de suma importância, quanto mais se difundir esse assunto, mais haverá a interação do cardiologista com o oncologista, mais cuidado terá, além do que já existe, o tratamento de quimioterapia, porque muitas vezes o paciente acaba falecendo de complicações cardíacas e não do próprio câncer. A sobrevida é encurtada e diminuída pelo efeito colateral do quimioterápico e não da própria doença. Todas essas atitudes são superimportantes”, destacou Kalil.
De acordo com o coordenador do Grupo de Estudos de Cardio-Oncologia da SBC, a área de cardiologia no Brasil não deve a nenhuma do mundo. Existem médicos cardiologistas de norte a sul, do leste ao oeste do país da maior qualidade, com maior expertise, grandes profissionais com excelente formação. Isso é uma virtude. O Brasil tem ainda hospitais com alta tecnologia em cardiologia, tanto do setor privado quanto do Sistema Único de Saúde (SUS). Em termos de aparelhagem, de tecnologia, as instituições também estão bem equipadas.
“A cardiologia evoluiu muito, na cirurgia, com técnicas mais protetivas do transplante cardíaco, com a chegada dos corações artificiais, com suporte mecânico nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), com ECMOS para pacientes mais graves; evoluiu da mesma maneira que os maiores centros do mundo. Se você pegar transplante cardíaco, nós temos hospitais, como o InCor, que está entre os que fazem o maior número de transplantes cardíacos de crianças e adultos por ano, com a mesma mortalidade. Hoje somos a sétima instituição do mundo em número de transplante com o mesmo índice de sucesso”, comemora Kalil.
Ao bate-papo na íntegra você assiste aqui. (https://www.instagram.com/tv/CEfMLz6nEYi/?igshid=y80qffncvwmx)
Simpósio
O 1º Simpósio Virtual Internacional de Cardio-Oncologia traçará o panorama atual da cardio-oncologia e terá como temas: epidemiologia, diagnóstico/predição, manejo de tratamentos novos e convencionais para o câncer; avanços da ecocardiografia na disfunção cardíaca relacionada à terapia do câncer; imagem avançada em cardio-oncologia; amiloidose de cadeia leve: diagnóstico e fundamentos no manejo; pesquisas em andamento no Brasil; intervenção coronariana em pacientes com câncer; procedimentos cardiovasculares minimamente invasivos; bem como biomarcador mecanístico e predição de risco de imagem na cardio-oncologia. fhjk/}
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Carla
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