No blog do Joslin Diabetes Center,
Instituto de pesquisa e educação em diabetes, localizado em Boston nos
Estados Unidos, foi publicada uma interessante matéria sobre como ajudar o(a) adolescente quando ele(a) já está no limite, cansado do diabetes e com vontade de desistir do tratamento.
http://blog.joslin.org/2014/07/how-to-help-a-teen-with-diabetes-burnout-2/ |
Esse fenômeno, chamado “burnout” em inglês, pode ser traduzido como estafa ou sobrecarga em português, e é um fenômeno comum em pessoas com diabetes, ainda mais entre os adolescentes.
A adolescência é, em si, uma fase difícil, dada a mudança hormonal e a
pressão social de pares. O diabetes adiciona ainda maior complexidade à
essa fase, incluindo na lista uma série de comportamentos essenciais
para o gerenciamento da disfunção, que requer disciplina e é cercada por
desafios.
Entre esses comportamentos podemos
citar a dosagem do açúcar no sangue várias vezes ao dia, a cuidadosa
aplicação de insulina, os cálculos para a contagem de carboidrato, a
atenção dobrada durante a prática de atividade física, entre outros
cuidados. Além disso, há aspectos emocionais e fisiológicos, como por
exemplo, o adolescente pode se sentir diferente diante do grupo, por ter
diabetes. Com isso, a adesão ao tratamento pode diminuir, devido à
necessidade que sente de pertencer ao grupo. Um outro ponto são as variações da glicemia, que podem acentuar as oscilações de humor já próprias da idade. Com isso, o(a) adolescente pode entrar num ciclo de estafa e comprometer o manejo (controle) do seu diabetes.
Um dos principais sinais de sobrecarga, como o artigo pontua, é a elevação repentina de hemoglobina glicada ou a percepção dos pais de que o(a) adolescente está pulando consistentemente medidas de glicemia e aplicações de insulina.
Então o que fazer se você
identificar esses sinal em seu filho(a)? Vale ressaltar que se os pais
perceberem que seu filho não está lidando de forma ideal com o diabetes,
no geral, não adianta dar bronca e brigar, pois pode ser que o próprio adolescente esteja tendo grandes dificuldades em dar conta de tudo! Vale aí entrar com a mentalidade de trabalho em equipe e um ajudar o outro.
Algumas dicas são: Reconheça para
seu(ua) filho(a) o quanto o diabetes pode ser difícil e complexo, e
pergunte o que ele(a) precisa, e se há alguma forma de você ajudar a
tirar um pouco do peso de cima dele(a).
Não olhe o medidor de glicemia escondido, abra o jogo, tente promover a mentalidade de trabalho em equipe, “Nós contra o [mau controle do] diabetes” e não “Os pais contra o adolescente” e vice-versa. Ou seja, ataque o problema e não as pessoas envolvidas nele!
Evite uma linguagem julgadora ou
crítica. Ou seja, ao invés de falar: “Você não está fazendo o que devia
fazer, é um irresponsável” diga “Eu estou preocupado, pois eu tenho
expectativa de que você meça sua glicemia mais vezes ao dia, o que está
acontecendo?” Caso esse comportamento se estenda por muito tempo,
vale atentar-se que a falta de autocuidado pode não estar apenas
relacionada ao cansaço e sobrecarga.
Esses sinais podem estar apontando para problemas mais sérios, como uma condição chamada “diabulimia”,
que é uma desordem alimentar na qual pessoas – mais comumente meninas -
com diabetes tipo 1 propositalmente reduzem a quantidade de insulina
para perder peso. Esse problema se não for tratado de forma apropriada
pode, infelizmente, levar a sérias consequências e, inclusive, ser
fatal.
Outra questão que pode estar envolvida com a falta de autocuidado e merece atenção é a depressão. Já foram encontradas evidências que confirmam que um adolescente com diabetes está mais propenso a desenvolver depressão do que adolescentes que não apresentam nenhuma condição crônica de saúde.
Alguns dos motivos são os efeitos fisiológicos de oscilação do açúcar
no sangue, que podem contribuir para a instalação de condições
depressivas, além dos efeitos psicológicos de ter que cuidar de uma
condição 24 horas por dia e 7 dias por semana.
Assim, caso perceba que seu filho
está com dificuldades na gestão de seu diabetes, tenha em mente que pode
ser que ele esteja passando por uma fase de estafa, que é algo
totalmente normal e, talvez, ele só precise de mais empatia e apoio da família nesse período. Porém, caso a situação persista, vale a pena procurar ajuda profissional
de um psicólogo, de preferência que tenha experiência com diabetes ou
doenças crônicas, visto que o jovem pode estar passando por um problema
mais sério.
O acampamento profissional pode
ajudar muito a reverter a situação e promover qualidade de vida para o
adolescente e para toda a família.
Por Fabiana Couto*
*Fabiana é muito engajada com a
causa pela melhoria da qualidade de vida das pessoas com diabetes e suas
famílias, ela é uma coach de vida (especialista em aconselhamento) e
facilitadora de workshops e grupos. Formou-se mestre em Psicologia e
possui certificação como Coach profissional pela Federação Internacional
de Coaching. Sua especialidade é trabalhar com programas voltado a mães
de crianças e jovens com diabetes. Sua meta é apoiá-las a ajudar seus
filhos com diabetes e a viver uma vida mais feliz e com mais equilíbrio.
Ela escreve um blog sobre o tema: www.criandoumfilhocomdiabetes.com
Referencia:
Joslin Communications “How to help a teen with diabetes burnout”, disponível em: http://blog.joslin.org/2014/07/how-to-help-a-teen-with-diabetes-burnout-2/
Kanner S1, Hamrin V, Grey M. “Depression in adolescents with diabetes”
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
https://tenhodiabetestipo1eagora.blogspot.com/
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