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domingo, 16 de abril de 2023

Como ajudar o adolescente que não liga para seu diabetes?

 

 

 

No blog do Joslin Diabetes Center, Instituto de pesquisa e educação em diabetes, localizado em Boston nos Estados Unidos, foi publicada uma interessante matéria sobre como ajudar o(a) adolescente quando ele(a) já está no limite, cansado do diabetes e com vontade de desistir do tratamento. 

http://blog.joslin.org/2014/07/how-to-help-a-teen-with-diabetes-burnout-2/

Esse fenômeno, chamado “burnout” em inglês, pode ser traduzido como estafa ou sobrecarga em português, e é um fenômeno comum em pessoas com diabetes, ainda mais entre os adolescentes. A adolescência é, em si, uma fase difícil, dada a mudança hormonal e a pressão social de pares. O diabetes adiciona ainda maior complexidade à essa fase, incluindo na lista uma série de comportamentos essenciais para o gerenciamento da disfunção, que requer disciplina e é cercada por desafios. 

Entre esses comportamentos podemos citar a dosagem do açúcar no sangue várias vezes ao dia, a cuidadosa aplicação de insulina, os cálculos para a contagem de carboidrato, a atenção dobrada durante a prática de atividade física, entre outros cuidados. Além disso, há aspectos emocionais e fisiológicos, como por exemplo, o adolescente pode se sentir diferente diante do grupo, por ter diabetes. Com isso, a adesão ao tratamento pode diminuir, devido à necessidade que sente de pertencer ao grupo. Um outro ponto são as variações da glicemia, que podem acentuar as oscilações de humor já próprias da idade. Com isso, o(a) adolescente pode entrar num ciclo de estafa e comprometer o manejo (controle) do seu diabetes

Um dos principais sinais de sobrecarga, como o artigo pontua, é a elevação repentina de hemoglobina glicada ou a percepção dos pais de que o(a) adolescente está pulando consistentemente medidas de glicemia e aplicações de insulina.  

Então o que fazer se você identificar esses sinal em seu filho(a)? Vale ressaltar que se os pais perceberem que seu filho não está lidando de forma ideal com o diabetes, no geral, não adianta dar bronca e brigar, pois pode ser que o próprio adolescente esteja tendo grandes dificuldades em dar conta de tudo! Vale aí entrar com a mentalidade de trabalho em equipe e um ajudar o outro. 

Algumas dicas são: Reconheça para seu(ua) filho(a) o quanto o diabetes pode ser difícil e complexo, e pergunte o que ele(a) precisa, e se há alguma forma de você ajudar a tirar um pouco do peso de cima dele(a).  

Não olhe o medidor de glicemia escondido, abra o jogo, tente promover a mentalidade de trabalho em equipe, “Nós contra o [mau controle do] diabetes” e não “Os pais contra o adolescente” e vice-versa. Ou seja, ataque o problema e não as pessoas envolvidas nele! 

Evite uma linguagem julgadora ou crítica. Ou seja, ao invés de falar: “Você não está fazendo o que devia fazer, é um irresponsável” diga “Eu estou preocupado, pois eu tenho expectativa de que você meça sua glicemia mais vezes ao dia, o que está acontecendo?” Caso esse comportamento se estenda por muito tempo, vale atentar-se que a falta de autocuidado pode não estar apenas relacionada ao cansaço e sobrecarga

Esses sinais podem estar apontando para problemas mais sérios, como uma condição chamada “diabulimia”, que é uma desordem alimentar na qual pessoas – mais comumente meninas - com diabetes tipo 1 propositalmente reduzem a quantidade de insulina para perder peso. Esse problema se não for tratado de forma apropriada pode, infelizmente, levar a sérias consequências e, inclusive, ser fatal. 

Outra questão que pode estar envolvida com a falta de autocuidado e merece atenção é a depressão. Já foram encontradas evidências que confirmam que um adolescente com diabetes está mais propenso a desenvolver depressão do que adolescentes que não apresentam nenhuma condição crônica de saúde. Alguns dos motivos são os efeitos fisiológicos de oscilação do açúcar no sangue, que podem contribuir para a instalação de condições depressivas, além dos efeitos psicológicos de ter que cuidar de uma condição 24 horas por dia e 7 dias por semana.   

Assim, caso perceba que seu filho está com dificuldades na gestão de seu diabetes, tenha em mente que pode ser que ele esteja passando por uma fase de estafa, que é algo totalmente normal e, talvez, ele só precise de mais empatia e apoio da família nesse período. Porém, caso a situação persista, vale a pena procurar ajuda profissional de um psicólogo, de preferência que tenha experiência com diabetes ou doenças crônicas, visto que o jovem pode estar passando por um problema mais sério. 

O acampamento profissional pode ajudar muito a reverter a situação e promover qualidade de vida para o adolescente e para toda a família. 

Por Fabiana Couto*  

*Fabiana é muito engajada com a causa pela melhoria da qualidade de vida das pessoas com diabetes e suas famílias, ela é uma coach de vida (especialista em aconselhamento) e facilitadora de workshops e grupos. Formou-se mestre em Psicologia e possui certificação como Coach profissional pela Federação Internacional de Coaching. Sua especialidade é trabalhar com programas voltado a mães de crianças e jovens com diabetes. Sua meta é apoiá-las a ajudar seus filhos com diabetes e a viver uma vida mais feliz e com mais equilíbrio.

Ela escreve um blog sobre o tema: www.criandoumfilhocomdiabetes.com

Referencia
Joslin Communications “How to help a teen with diabetes burnout”, disponível em: http://blog.joslin.org/2014/07/how-to-help-a-teen-with-diabetes-burnout-2/   
Kanner S1, Hamrin V, Grey M. “Depression in adolescents with diabetes” 

 

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Carla

https://tenhodiabetestipo1eagora.blogspot.com/

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