O Alzheimer é a causa mais comum de demência, sendo uma doença neurodegenerativa comprometedora da memória, do pensamento e do comportamento, de forma lenta e progressiva. A patologia provoca dificuldade para executar funções cerebrais, até então rotineiras, como lembrar acontecimentos recentes, palavras, cálculos e noções de dia e noite, assim como a capacidade de julgar, prejudicando a independência da pessoa.
Um estudo das universidades federais de Pelotas (UFPel) e do Rio Grande do Sul (UFRGS) com a Universidade de Queensland (Austrália), estima que cerca de um milhão de brasileiros convivem com essa enfermidade. Os dados da pesquisa revelam que esse número era de 500 mil pessoas, há três décadas e, a tendência e um aumento para 4 milhões, nos próximos 30 anos.
Diabetes
Geralmente, a doença acomete indivíduos entre 60 e 90 anos. O sintoma precoce mais comum é a dificuldade para lembrar as novas informações aprendidas. Os pacientes tendem a negar os sintomas iniciais, relacionando-os ao envelhecimento normal.
A Federação Internacional do Diabetes estima que 537 milhões de adultos vivem com diabetes. O diabetes tipo 2 é decorrente dos níveis elevados de glicose (açúcar) no sangue e ocorre, quando a produção de insulina pelo pâncreas é insuficiente ou a insulina não consegue agir de maneira adequada (resistência insulínica), acarretando um excesso de insulina no sangue. O cenário também é agravado pela amplo consumo de alimentos ultraprocessados, com alta densidade de açúcares, gorduras e carboidratos e pela falta de atividades físicas.
Relação entre Alzheimer e níveis de açúcar no sangue
Existe uma associação forte entre o Alzheimer e os níveis aumentados de açúcar no sangue. Os estudos apontam que pessoas com níveis altos de glicose no sangue têm um crescimento importante de depósito de uma proteína beta-amiloide no cérebro, um dos marcadores típicos da doença.
Ainda não se sabe, exatamente, como o declínio cognitivo e o diabetes estão conectados, mas vários mecanismos são propostos para a associação entre os níveis elevados de açúcar no sangue e o dano cerebral. O aumento do risco de doenças cardiovasculares e derrames em portadores de diabetes leva a uma lesão nos vasos sanguíneos cerebrais, podendo contribuir para esse processo. Além disso, o cérebro depende de vários neurotransmissores, que podem ser afetados pelo excesso de insulina nos quadros de resistência insulínica. Sabe-se ainda que os altos níveis de glicose no sangue causam um processo inflamatório, que por sua vez pode lesar os neurônios e causar demência.
Prevenção e mudanças no estilo de vida
As mudanças no estilo de vida melhoram a saúde cardiovascular e reduzem a chance de diabetes e demência: controle da pressão arterial, controle dos níveis de colesterol e de açúcar no sangue, atividade física regular, alimentação mais saudável, pobre em gorduras e açúcares, perda de peso e cessação do tabagismo. O Alzheimer não tem cura, mas alguns medicamentos podem restringir o acúmulo da substância beta-amiloide e ajudar no controle da progressão.
A prevenção ainda é o melhor remédio. O acompanhamento profissional é essencial e, é sempre bom lembrar que o diagnóstico precoce facilita a condução do tratamento, proporcionando melhores perspectivas de qualidade de vida.
(*) Flávia Coimbra Pontes Maia é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia / Regional Minas Gerais
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Carla
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