Transformar o tomógrafo num submarino e a sala de quimioterapia num imenso aquário. Jogos e filmes distraem jovens durante o tratamento do câncer e os motivam a lutar contra a doença. Essas são algumas das ações do Instituto Desiderata, organização sem fins lucrativos parceiro do Ministério da Saúde, pensando em um acolhimento mais humanizado através do projeto Unidos Pela Cura. Com a intenção de agir na prevenção e cura do câncer em crianças e adolescentes, o projeto está inserido nos principais hospitais públicos que tratam do câncer no Rio de Janeiro e é gerida por profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS).
A ideia deu tão certo que os jovens pacientes e seus acompanhantes aprovaram as ações do projeto. “Aqui a gente fica tranquila, calma, não precisa se preocupar com nada, tem desenho para assistir e jogo para brincar. É muito bom”, relata uma das pacientes. “Os exames são feitos em espaços apropriados e a recuperação pós-exame é ótima. Ele até dorme, coisa que nunca tinha feito”, conta Maria da Glória, avó de outro paciente. “A qualidade aqui é excelente. Não parece nem tanto com uma sala de hospital, dá para distrair bastante”, complementa um adolescente internado. Segundo os profissionais, os pacientes até sentem saudade dos espaços ao terminarem o tratamento.
Tudo começa com a capacitação de profissionais de saúde para que eles possam identificar os sintomas da doença. “No momento da consulta com o médico da Atenção Primária, quando há suspeita de câncer pediátrico, ele entra em contato com a sua Coordenação de Área Programática. A coordenação entra no Sistema Informatizado Unidos pela Cura e faz o agendamento da criança em um hospital pólo de investigação em até 72h, a partir do tipo de suspeita e da área geográfica em que o médico está. A criança sai da Atenção Primária com dia, hora e local para a investigação da suspeita marcado no Cartão de Acolhimento do Unidos pela Cura”, explica a diretora do Instituto Desiderata, Roberta Costa Marques.
Com o diagnóstico fechado ou em caso de investigação de forte suspeita, o médico atualiza a situação da criança no sistema até concluir o caso com as opções de contrarreferência para a Unidade de Origem: não era câncer nem outra doença que demande atendimento hospitalar; ou Onco-Hemato: casos confirmados de câncer; Outra especialidade médica: não era câncer, mas outra doença que demandava atendimento na média complexidade.
Desde sua criação, em 2005, o Unidos Pela Cura já mostra resultados. Entre 2008 e 2012, foram 1.659 profissionais capacitados, e 691 crianças e adolescentes foram encaminhados para os Pólos de Investigação. Dessas, 32% foram acolhidas pelos hospitais em até 72h. O índice de acolhimento chegou a 56% em até sete dias, e 71% em até 15 dias. No total, 32 casos foram diagnosticados com câncer.
Tratamento humanizado – Para tornar o cotidiano dos jovens pacientes mais leve, o projeto tenta diferenciar no ambiente onde eles são acolhidos. “Gosto dos jogos, de videogame e dos filmes. As cadeiras são macias e muito confortáveis. O ambiente ficou mais agradável”, conta um jovem de 13 anos sobre o Aquário Carioca, onde estão as salas de quimioterapia transformadas em fundo do mar nos hospitais Federal dos Servidores do Estado e Federal da Lagoa, vinculados ao Ministério da Saúde, e o Hospital Pediátrico da UFRJ.
A ideia voluntária do designer Gringo Cardia transformou tomógrafo em um submarino e o serviço de radiologia em um profundo oceano. “As crianças em tratamento ficam até oito horas por dia no hospital. Por isso, é importante ter um espaço mais lúdico onde elas possam se divertir e receber um atendimento integral, transformando a ida ao hospital em um momento de menos dor”, afirma Soraia Rouxinol, hematologista responsável pelo serviço de oncohematologia pediátrica do Hospital Federal da Lagoa.
■Para conhecer mais sobre o projeto, acesse o site Unidos Pela Cura.
Fonte: Fabiana Conte / Comunicação Interna do Ministério da Saúde
fonte:http://www.blog.saude.gov.br/ambientes-diferenciados-ajudam-o-tratamento-do-cancer-em-criancas/
Foto: Laura Doss / Corbis
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