segunda-feira | 1 de abril de 2019
O câncer é a segunda doença que mais mata no Brasil e faz mais de 200 mil vítimas por ano, segundo o Ministério da Saúde. O número de pessoas com o problema deve crescer 58% no mundo todo até 2035, conforme relatório do Fundo Mundial de Pesquisa sobre o Câncer, e o estilo de vida moderno é um dos principais responsáveis por isso.
Em nosso dia a dia, estamos cada vez mais expostos a fatores fortemente associados a um maior risco de desenvolver câncer, como substâncias presentes em comidas industrializadas e até em panelas e potes plásticos; sedentarismo; raios ultravioleta, cigarro, álcool e muito mais. A seguir, mostramos uma lista de coisas associadas a um maior risco de câncer em longo prazo, para você driblar o que for possível e evitar a doença.
1. Obesidade
O excesso de gordura corporal provoca alterações hormonais e um estado inflamatório crônico no organismo que estimulam a proliferação celular e inibem a apoptose (morte programada das células). Dessa forma, a gordura acumulada contribui para a formação e a progressão de diversos tipos de câncer, como o de esôfago, estômago, pâncreas, vesícula biliar, fígado, intestino, rins, mama, ovário, endométrio, tireoide, mieloma múltiplo, próstata entre outros. Um estudo realizado pela USP (Universidade de São Paulo) em colaboração com a Universidade Harvard, por exemplo, mostrou que 15 mil casos de câncer no Brasil poderiam ser evitados com a redução de peso e da obesidade no Brasil.
2. Excesso de sal
O sal é fonte de sódio, nutriente essencial para o organismo e que não faz mal à saúde quando consumido na medida certa –a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda a ingestão de até 5 g de sal ao dia. Ultrapassar esse limite, segundo um alerta da União Europeia de Gastroenterologia (UEG) baseada em estudos, leva a uma maior atuação no organismo da bactéria H. pylori, já apontada pela ciência como causadora e úlceras que podem evoluir para câncer de estômago. Vale ressaltar que o sal não está presente só no seu saleiro. Ele também é usado em grande quantidade como conservante de alimentos industrializados.
3. Fumo ativo e passivo
Não é novidade que o cigarro é uma das principais causas de muitos tumores. Relatórios do Inca (Instituto Nacional de Câncer) mostram que o tabaco fumado em qualquer uma de suas formas é responsável por até 90% de todos os casos de câncer de pulmão, um dos que mais mata. Os produtos de tabaco que não produzem fumaça –goma de mascar, por exemplo — também são responsáveis pelo desenvolvimento de câncer de cabeça, pescoço, esôfago e pâncreas. E o fumo passivo não fica para trás, já que ao fumar o indivíduo libera no ambiente mais de 4700 substâncias tóxicas e cancerígenas que são inaladas por todos que estão por perto.
4. Excesso de açúcar
Além de estar associado à obesidade, o consumo exagerado de açúcar ou de carboidratos refinados (glicose) aumenta o nível de insulina no organismo. Uma das funções secundárias desse hormônio é promover o crescimento –e o câncer nada mais é do que o crescimento descontrolado de células, explica Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia. Então, em longo prazo, a ingestão excessiva de açúcar pode favorecer aumento de células tumorais.
“Como retirar a glicose da alimentação é também retirar o principal combustível de células sadias, o que se deve levar em consideração é o tipo de açúcar oferecido para nosso organismo”, alerta Janainna Mazelli, nutricionista residente em oncologia do Hospital Sírio Libanês. Mudanças simples na dieta, como reduzir o consumo do açúcar branco, retirar farinhas refinadas da alimentação e optar pelo consumo de frutas em vez de doces, são efetivas.
5. Falta de atividade física
A prática regular de exercícios contribui para inibir diferentes tipos de câncer, pois ajuda a controlar o nível de insulina e diversos outros hormônios no organismo, reduz o tempo de trânsito gastrointestinal, turbina a imunidade e auxilia no combate à obesidade –que está associada a vários tipos de câncer, como você viu. A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é praticar pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana.
6. Conservantes alimentares
Se por um lado eles ampliam a validade e acentuam o sabor dos alimentos industrializados, por outro, os conservantes vêm carregados de altas quantidades de sódio e outras substâncias químicas. O que não é nada saudável, já que lesionam a mucosa gástrica, tornando-a mais suscetível a inflamações e mutações no DNA, como aponta dados do Inca. “Fãs de carteirinha de biscoitos doces ou salgados, lasanhas prontas, sopas em pó, macarrão instantâneo e cereais matinais devem, ao menos, controlar esse consumo, substituindo-os por alimentos in natura”, orienta Mazelli.
7. Álcool
Além de ter efeito cancerígeno, quando chega ao intestino, o álcool pode funcionar como solvente, facilitando a entrada de outras substâncias que causam a doença nas células. Segundo a OMS não existe um nível seguro para a saúde de consumo da substância, e diversos tipos de tumores estão relacionados ao abuso de álcool, como o de mama, boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, fígado e intestino. Se você não abre mão de uma cerveja com os amigos, alguns órgãos de saúde dizem que um bom limite é duas latas por dia para os homens e uma para mulheres, no máximo cinco vezes por semana.
8. HPV
Alguns tipos de câncer são causados por agentes infecciosos como vírus ou bactérias. O mais comum é o HPV (Papiloma vírushumano), que causa principalmente o câncer de colo de útero, mas não só ele. O vírus é capaz de infectar células e causar lesões na pele e em mucosas. Se a lesão não for tratada, pode progredir para um tumor, por exemplo, no colo, na vagina, na vulva, no ânus, no pênis e até na boca.
A melhor forma de prevenção do HPV é a vacina –que deve ser tomada por meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Em mulheres adultas, também é importante realizar regularmente o exame Papanicolaou para detectar se há células anormais ou alterações no colo do útero.
9. Fimose
A fimose é uma condição em que a pele que recobre o pênis (prepúcio) impossibilita expor a glande (“cabeça” do órgão sexual masculino). Ela é um dos fatores envolvidos no aparecimento do câncer de pênis em homens de meia idade porque o excesso de pele muitas vezes dificulta a higiene do membro e predispõe ao acúmulo de esmegma (substância líquida e pastosa), que tem um efeito tóxico e promove a alteração no tecido, transformando-se em células malignas.
Em casos mais graves, o câncer de pênis pode levar até à amputação do órgão. Portanto, cuide bem da limpeza e saúde dele. Segundo Marcos Tobias Machado, chefe do setor de uro-oncologia e cirurgia robótica do Hospital Brasil e da Rede D’Or, para prevenir a doença é importante realizar a correta higienização diária do órgão sexual, utilizando apenas água e sabão. Fazer sexo com prevenção e tomar a vacina contra HPV também é importante.
10. Potes plásticos
Da geladeira ao micro-ondas. Quer algo mais prático na hora de aquecer um alimento? Mas tome cuidado ao fazer isso se a comida estiver em um pote plásticos. Expostos a altas temperaturas, alguns recipientes liberam substâncias nocivas com potencial de causar câncer, como a dioxina, o bisfenol A (BPA) e os ftalatos. Essas substâncias podem alterar hormônios, prejudicar o sistema imunológico e estão possivelmente relacionadas ao aumento no risco de alguns tipos de câncer. É importante saber que muitos potes plásticos hoje em dia já são comercializados sem essas substâncias. Então, cheque sempre a embalagem do produto.
11. Refrigerantes
Essas bebidas são repletas de açúcar, que se ingerido sem moderação pode levar à obesidade. Os refrigerantes também têm muito sódio e inúmeras substâncias químicas. O consumo exagerado desses produtos já foi associado a um maior risco de câncer em longo prazo.
Essas bebidas são repletas de açúcar, que se ingerido sem moderação pode levar à obesidade. Os refrigerantes também têm muito sódio e inúmeras substâncias químicas. O consumo exagerado desses produtos já foi associado a um maior risco de câncer em longo prazo.
12. Prótese de silicone
É raro, mas o “acessório” pode provocar o linfoma anaplásico de grandes células (ALCL). De acordo com o National Cancer Institute (EUA), a incidência desse tipo de câncer ocorre em 3 a cada 100 milhões de mulheres por ano. Segundo o FDA (Food and Drug Administration), dos casos da doença ocorridos nos Estados Unidos, 70% aconteceram em mulheres que colocaram a prótese por questões estéticas e 30% em pacientes pós-câncer de mama.
Celso Massumoto, onco-hematologista, coordenador de transplante de medula óssea do Hospital Nove de Julho e membro da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia), explica que esse câncer pode se originar, como uma espécie de inflamação, na cápsula que se forma ao redor da prótese ou na própria mama em forma de linfonodos que se agrupam e formam uma massa (o tumor).
13. Raios UVA e UVB
A exposição excessiva aos raios ultravioleta é o principal fator de risco para o câncer de pele. No Brasil, o tipo não melanoma é o câncer mais frequente em ambos os sexos e corresponde a 30% de todos os casos da doença registrados no país. Pessoas de pele, cabelo e olhos claros, que se queimam facilmente quando expostas ao sol, têm maior risco de desenvolver a doença. “Crianças também engrossam essa lista, já que se expõem ao sol três vezes mais que adultos”, acrescenta Carla Albuquerque, dermatologista e membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
14. Panela teflon
O Bisfenol A –encontrado em alguns potes plásticos — também pode estar presente no revestimento interno de algumas latas de alimentos e utensílios domésticos alimentares, como a panela teflon. A substância afeta o sistema endócrino e provoca mudanças na ação de hormônios que são produzidos pelo corpo humano, prejudicando a fertilidade, o desenvolvimento de órgãos sexuais e aumento do risco de câncer, principalmente mama e próstata, como sugere um estudo publicado na US National Library of Medicine National Institute of Health.
15. Conservas e picles
Nitritos e nitratos são utilizados para conservar alguns alimentos, como os picles enlatados. Essas substâncias podem se transformar em N-nitrosos, que alguns estudos já apontaram como potencial cancerígeno. Os tumores mais associados ao composto são os no intestino e no estômago.
16. Carnes processadas
Um grande alerta emitido pelo Inca para os fãs de alimentos tipo presunto, salsicha, linguiça, salame, mortadela, peito de peru defumado: esses produtos devem ser evitados, já que aumentam a chance de desenvolver câncer –especialmente no intestino e estômago. Essas carnes passam por processos como salga, cura, fermentação, defumação e/ou recebem inúmeras substâncias químicas (como nitritos e nitratos) para realçar seu sabor ou garantir uma maior conservação.
Um grande alerta emitido pelo Inca para os fãs de alimentos tipo presunto, salsicha, linguiça, salame, mortadela, peito de peru defumado: esses produtos devem ser evitados, já que aumentam a chance de desenvolver câncer –especialmente no intestino e estômago. Essas carnes passam por processos como salga, cura, fermentação, defumação e/ou recebem inúmeras substâncias químicas (como nitritos e nitratos) para realçar seu sabor ou garantir uma maior conservação.
17. Churrasco bem passado
Quando a carne é exposta à alta temperatura e fica mais tempo na grelha, forma-se um composto carcinogênico chamado de aminas heterocíclicas, presentes na crosta escura do alimento. A substância pode danificar o DNA das células e aumentar o risco de desenvolver tumores, principalmente no intestino. Isso foi comprovado por uma pesquisa da USP (Universidade de São Paulo). Mais: a Universidade da Califórnia (EUA), nos Estados Unidos, mostrou em uma pesquisa que o consumo de carne bem passada pode estar relacionado ao surgimento do tumor de próstata.
18. Benzeno
Sabe aquele cheirinho de gasolina que muita gente gosta? Trata-se do benzeno, cuja inalação altera fatores fundamentais do sistema imune, como aponta estudo da Universidade de Rutgers (EUA). A exposição à substância está associada ao aumento no risco de desenvolver diversos tipos de linfomas, como o não-Hodgkin e o mieloma múltiplo, além da leucemia mieloide aguda. Se você prestar atenção na próxima vez que for abastecer, provavelmente vai encontrar no posto de combustível uma placa com os dizeres: “Perigo, gasolina contém benzeno, substância cancerígena”
19. Omeprazol
Segundo Marcos Belotto, gastrocirurgião do hospital Sírio Libanês, o medicamento usado para tratar refluxo e úlceras estomacais, quando usado de forma contínua e excessiva pode alterar o pH do estômago, levando ao que chamam os especialistas de ma mucosa careca, com absorção reduzida da vitamina B12, nutriente essencial para a integridade do órgão em geral. Tal ação, consequentemente aumenta 2,4 vezes o risco de câncer de estômago, segundo estudo da University College London (Inglaterra), publicado no periódico científico Gut. Vale saber que o remédio, com tantas outras ações positivas, não precisa ser banido. É importante apenas consumi-lo com orientação médica.
20. Amianto
Também conhecido como asbesto, essa fibra mineral é muito utilizada na indústria e nas construções civis. Reconhecido como carcinógeno pela OMS (Organização Mundial da Saúde), este produto já foi proibido em todos os países membros da União Europeia e em alguns da América Latina. No Brasil, já foi aprovado seu banimento, mas como os trâmites são morosos, o amianto ainda é utilizado –inclusive em algumas caixas d’água e telhas.
Mas não precisa ficar desesperado. O aumento no risco de ter câncer, especialmente de pulmão, ocorre ao manusear, cortar ou serrar este material, o que expõe a pessoa à inalação do pó do amianto, segundo Henrique Silveira, médico do Centro de Pesquisa de Oncologia Molecular do Hospital Amor, em Barretos (SP).
21. Agrotóxicos
Em estudos epidemiológicos, como o americano Agricultural Health Study realizado desde 1997 com mais de 40.000 trabalhadores rurais, revelou que pessoas expostas aos agrotóxicos têm o risco aumentado para desenvolver leucemia, mieloma múltiplo, linfoma Não-Hodgkin, câncer de próstata e bexiga. Outros estudos também já associaram substâncias como glifosato, malationa e diazinona como prováveis e possíveis agentes carcinogênicos para humanos.
É importante entender que os estudos apontam maior risco de doença em pessoas que manusearam ou inalaram os agrotóxicos usados para acabar com pragas na lavoura. Até o momento não houve um trabalho científico grande o suficiente e criterioso capaz de comprovar a associação entre o consumo de alimentos com agrotóxicos e o surgimento de câncer.
22. Deficiência de vitamina D
O papel da substância no corpo humano vai muito além do metabolismo ósseo. “Classificada como um hormônio, a vitamina D diminui a proliferação celular e inflamações, além de regular a ação e secreção da insulina. Logo, sua deficiência vem sendo destacada como uma das causas do câncer de mama”, explica Ana Carolina Machado, mastologista e oncologista, habilitada em reconstrução mamária pela Sociedade Brasileira de Mastologia.
Entre vários estudos, alguns deles ainda não conclusivos, o artigo publicado no The New England Journal of Medicine relata menor taxa de morte e incidência de metástases nos grupos de mulheres que foram suplementados a vitamina D. Sua ação anti-inflamatória no câncer de mama, também foi detalhada na publicação da Universidade de Medicina Kaohsiung (Taiwan), além de relatar seu importante desempenho no equilíbrio celular, quando se sabe que o câncer retrata justamente o seu colapso.
23. Diurético hidroclorotiazida
O medicamento utilizado para tratamento de hipertensão, bem como para o controle de edemas, recebeu um cartão amarelo da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) no final de 2018. Dados epidemiológicos alertam para seu uso cumulativo desencadeando aumento do risco de câncer de pele não melanona. O fármaco deixa a pele mais sensível à luz e aos raios UV, aumentando o risco de lesões cutâneas suspeitas.
A indústria farmacêutica já foi notificada para incluir na bula as novas informações. Os pacientes, por sua vez, devem ser orientados a verificar regularmente a sua pele quanto a novas lesões e a notificar imediatamente o profissional que o acompanha. A Anvisa orienta, ainda, que não se interrompa o tratamento sem antes consultar o médico.
Fonte: Viva Bem UOL
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abs
Carla
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