02 MARÇO 2021
Dra. Andressa Heimbecher Soares
- Endocrinologista
- Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
O diabetes é uma doença que afeta mais de 16,8 milhões de Brasileiros, segundo a International Diabetes Federation.
E, além de ser muito comum, suas complicações são bastante temidas: amputações, hemodiálise ou perda da visão, além de infartos ou derrames. Diante da gravidade do problema, é natural que busquemos incessantemente a cura do diabetes. Mas será que realmente o diabetes tem cura?
Quando analisamos pela óptica da medicina, na realidade, o diabetes não tem cura.
O que pode acontecer é que a pessoa passe a apresentar, durante ou depois de um tratamento, níveis controlados de açúcar no seu sangue, que podem até serem níveis normais.
Mas, uma vez que a pessoa já foi diagnosticada com diabetes, ela será sempre diabética, podendo ser bem controlada, mas terá que ter os cuidados e monitoramento regulares.
Muitas vezes, fala-se em cura do diabetes quando, no caso do diabetes tipo 2, a pessoa desenvolve a doença devido ao aumento de peso e ao emagrecer seus níveis de açúcar se normalizam.
No entanto, é importante entendermos que o que acontece na verdade é um bom controle da doença e, caso a pessoa volte a ganhar peso, muito provavelmente a doença voltará a dar sinais nos exames de sangue.
Além disso, o corpo sente em longo prazo os efeitos do açúcar elevado na corrente sanguínea, mesmo que este aumento seja por um período curto de tempo.
Se uma pessoa teve o diagnóstico de diabetes e mudou seus hábitos, normalizando as taxas de açúcar em cerca de 3 meses, por exemplo, mesmo assim o seu corpo sentirá os efeitos desta descompensação no futuro, é a chamada memória metabólica do organismo.
Dessa forma, mesmo que a pessoa com diabetes esteja com suas taxas de açúcar normais e não esteja tomando nenhum medicamento, os exames de rotina anuais como fundo de olho para avaliar a retina, microalbuminúria para avaliar o rim, controle da pressão e colesterol devem ser feitos.
Atualmente novas técnicas de transplante de pâncreas ou das ilhotas pancreáticas – que são as estruturas que produzem insulina – podem ser usadas para o tratamento da pessoa com diabetes tipo 1 e menos comumente no tipo 2.
Mesmo assim, neste caso, com a total normalização dos níveis de glicose no sangue, o acompanhamento nos anos seguintes com os exames importantes para o diabetes deverá continuar a ser feito.
Muito também tem se falado sobre a cirurgia bariátrica promover a cura do diabetes. E aqui o raciocínio é o mesmo da perda de peso. Mesmo que uma pessoa com diabetes tipo 2 se submeta à cirurgia e pare de usar medicamentos, se seus níveis de açúcar ficarem normais, mesmo assim ela ainda, a rigor, continuará sendo diabética – bem controlada, mas diabética.
Nestes casos os especialistas chamam de remissão da doença e não de cura.
Então, devemos desanimar? Claro que não! Na prática, para a qualidade de vida do paciente, a remissão do diabetes é tudo que um médico deseja para seu paciente. Quanto mais os níveis de glicose forem normais no sangue, menos complicações e melhor qualidade de vida.
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Referências
https://www.diabetesatlas.org/en/
Buse, J.B., Caprio, S., Cefalu, W.T., Ceriello, A., Del Prato, S., Inzucchi, S.E., Mclaughlin, S., Phillips, G.L., Robertson, R.P., Rubino, F., Kahn, R., Kirkman, M.S., 2009. How Do We Define Cure of Diabetes?. Diabetes Care 32, 2133–2135.. doi:10.2337/dc09-9036
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
https://www.diabetes.org.br/publico/noticias
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