Se para todos os tipos de limitação pode haver a necessidade de atenção e cuidado, para a deficiência intelectual a segurança na moradia é significativa.
Maria Luisa Trindade Bestetti (*)
Quando se fala em deficiência, a ênfase é dada aos tratamentos oferecidos para que crianças nessa circunstância possam alcançar a maior independência possível para que, quando adultos, sejam felizes e realizados apesar das limitações. De acordo com o Decreto nº 5.296/2004, há diferentes tipos de deficiência tais como física, auditiva, visual, mental (atualmente intelectual, função cognitiva) e múltipla, que é a associação de mais de um tipo. Igualmente há níveis de gravidade variados, sendo que pode ser congênita ou adquirida, em função de enfermidades ou acidentes.
A deficiência física envolve alcance e mobilidade, portanto as condições de acessibilidade são fundamentais e recomendadas pela norma brasileira NBR 9050:2015. Também nesse documento encontram-se informações sobre sinalização, seja visual, sonora ou tátil, necessárias para pessoas com baixa visão ou audição. Esses dados são importantes para espaços habitacionais adequados, mas fundamentais para lugares de uso público, onde pessoas com diversas condições físicas e intelectuais estarão cruzando e/ou permanecendo.
Se para todos os tipos de limitação pode haver a necessidade de atenção e cuidado, para a deficiência intelectual há outra questão bastante significativa, a capacidade de tomar decisões. O Instituto Jô Clemente, antiga APAE de São Paulo, oferece um apoio que vai além da assistência em tratamentos, desenvolvendo pesquisas sobre alimentação adequada, capacitação e envelhecimento bem-sucedido da pessoa com Deficiência Intelectual.
A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) foi aprovada no Brasil em 2009/2009 como norma constitucional e diz que “pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”.
Considerando a possibilidade de buscar independência ao longo do envelhecimento com o acompanhamento dos cuidadores originais, geralmente os pais, que temem os perigos oferecidos por oportunistas e pessoas inescrupulosas, verifica-se uma transição bastante delicada. Deixá-los sair de casa quando adultos pode resultar em “ninhos vazios”, mas mantê-los consigo traz medo em insegurança de como será depois que morrerem.
Na deficiência intelectual a pessoa apresenta um atraso no seu desenvolvimento, dificuldades para aprender e realizar tarefas do dia a dia e interagir com o meio em que vive. Ou seja, existe um comprometimento cognitivo, que acontece antes dos 18 anos, e que prejudica suas habilidades adaptativas.
Como desejamos morar na velhice é um dilema ainda mais delicado quando uma supervisão constante se faz necessária para garantir conforto e segurança, o que justifica ainda mais que pensar fora da caixa amplia nossos horizontes.
(*) Maria Luisa Trindade Bestetti é arquiteta e pesquisa sobre as alternativas de moradia para idosos no Brasil, especialmente sobre a habitação, mas, também, o bairro e a cidade que a envolvem. É professora doutora no Curso de Gerontologia da Universidade de São Paulo desde 2009, com disciplinas de Gestão de Projetos e Empreendedorismo na graduação e Habitação e Cidade para o Envelhecimento Digno no mestrado. Texto reproduzido de seu blog “Ser Modular – Harmonizar todas as etapas da vida, atendendo desejos e necessidades de moradia na velhice”.
Foto de Steshka Willems/Pexels
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abs
Carla
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