Os idosos eram os que mais ficavam na moradia, mas em função do distanciamento físico exigido pela pandemia, o home office e aulas on-line mantêm mais pessoas em casa e de diferentes gerações.
Maria Luisa Trindade Bestetti (*)
Os sentidos são estimulados a partir de diversos fatores, sendo cores e sons os mais facilmente interpretados nos ambientes da moradia. A percepção sensorial é o meio pelo qual são estabelecidas conexões com superfícies e composições, que devem despertar sensações positivas nos moradores, em especial quando permanecem mais tempo em casa. Os idosos eram os que mais ficavam, mas atualmente, em função do distanciamento social exigido pela pandemia da Covid-19, o home office e aulas on-line mantêm mais pessoas em casa e de diferentes gerações.
Ficou ainda mais evidente o impacto da ambiência domiciliar no bem-estar das famílias, seja nos relacionamentos ou no uso da casa, desse modo mais intensivo e obrigando a convivências que antes aconteciam basicamente nos finais de semana. Daí a importância de sentir-se bem, tomando os cuidados para que o sono seja restaurador, o trabalho produtivo e o lazer reconfortante. Assim, a inesperada experiência de permanecer mais tempo em casa por obrigação demonstrou o quanto algumas decisões de arranjos em móveis e acessórios podem trazer bem-estar e prazer nesse período.
Além de facilitar a manutenção, os revestimentos de pisos, paredes e estofados trazem estímulos visuais positivos. Estampas com cores contrastantes precisam estar em proporções que não causem efeitos desorientadores, assim como composições em claro/escuro trazem certo desconforto àqueles que tem alguma perda visual. É o caso de idosos que têm a sensação de barreira em soleiras muito escuras, pois perde-se noção de profundidade, assim como em calçadas que, ao sol, têm seus desenhos em cores contrastantes enfatizadas, parecendo desníveis.
Cores em grandes superfícies geralmente são estimulantes e precisam de harmonia com outros tons ou mesmo outras cores, para que se quebre a monotonia. Paredes em cabeceiras de camas devem receber mais cor do que as outras do mesmo dormitório, além de objetos decorativos. Em salas de estar, privilegiar vistas para o exterior, facilitando a visão de elementos naturais, como forma de relaxar os olhos quando muito tempo em computadores ou aparelhos de TV. Sempre considerar que, quanto mais flexível o uso de objetos complementares, mais interessantes podem ser as reformulações possíveis.
O uso de cortinas e tapetes ameniza sons externos e internos, criando uma sonoridade mais confortável nos ambientes, mesmo com mais pessoas conversando. Lembrar que, se idosos podem tropeçar em tapetes soltos, é preciso prendê-los ou reposicioná-los, mas considerar a importância daquele elemento para essa pessoa, pois pode ser um importante elo para o resgate de reminiscências, o que igualmente garante bem-estar.
Moradias boas para idosos são boas para todas as idades. Portanto, ambientes sensorialmente equilibrados oferecem elementos importantes para estimular atividades nos ambientes residenciais, lugares de vida e privacidade, mas principalmente de prazer.
(*) Maria Luisa Trindade Bestetti é arquiteta e pesquisa sobre as alternativas de moradia para idosos no Brasil, especialmente sobre a habitação, mas, também, o bairro e a cidade que a envolvem. É professora doutora no Curso de Gerontologia da Universidade de São Paulo desde 2009, com disciplinas de Gestão de Projetos e Empreendedorismo na graduação e Habitação e Cidade para o Envelhecimento Digno no mestrado. Texto reproduzido de seu blog “Ser Modular – Harmonizar todas as etapas da vida, atendendo desejos e necessidades de moradia na velhice”.
Foto de RODNAE Productions/Pexels
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Carla
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