No Brasil só há centros de referência para o tratamento gratuito da doença em cinco estados: Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia e Ceará.
Um laboratório de ponta, na pesquisa. No local, funciona o Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro - o órgão do governo responsável pelo controle da doença no Brasil. O pesquisador do Inca diz que o país passou a reconhecer o câncer como um problema de saúde pública apenas nas últimas duas décadas.
”Existem várias razoes. Existe uma razão que a gente chama epidemiológica. O número de casos que ocorrem no país, isso vem aumentando no Brasil, a medida que a população vai envelhecendo. E existe outro fator muito importante que é o dado econômico. Então, câncer, o tratamento de câncer tem um impacto econômico imenso sobre os países do mundo e no Brasil não é diferente. Custa muito caro”, explica Carlos Gil Ferreira, pesquisador do INCA.
No Brasil só há centros de referência para o tratamento gratuito da doença em cinco estados: Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia e Ceará. E só tem acesso a esses hospitais os pacientes que já têm o diagnóstico positivo de câncer, realizado em outros centros médicos.
O Icesp - Instituto do Câncer de São Paulo – é o maior hospital público no país, especializado no combate à doença. Não cobra nada de ninguém. Mas só atende pacientes com diagnóstico positivo, de tumor maligno. Para quem tem uma doença tão grave, estar num hospital especializado faz toda a diferença.
E olha só quanta gente: são 6 mil pessoas atendidas todo mês. Em 28 andares, leitos modernos, equipamentos novos e gente com treinamento específico para lidar com pacientes com câncer.
“Aqui a gente é tratado como rei ou rainha. Isso ajuda a gente recuperar mais rápido”, disse a dona de casa Maria Lurdes.
Mesmo com a ajuda do governo do estado e do Ministério da Saúde, o hospital ainda não está operando com 100% de sua capacidade. Dos quase 500 leitos, 94 não podem ser usados por falta de dinheiro. Doações poderiam ajudar.
“Já existem experiências importantes no Brasil, como o Hospital de Barretos, que tem parte do seu custeio advindo de doações”, afirma Paulo Hoff, oncologista e diretor do Icesp.
Todos os dias a partir de 7h começam a chegar ônibus, vans, vindos de várias cidades, de vários estados, trazendo pacientes com câncer, para o Hospital de Barretos. Em geral, essas pessoas vêm de regiões onde não há centro de referência no tratamento da doença.
Dona Neusa viajou 2.600 quilômetros de Porto Velho, em Rondônia, até lá.
“É difícil. As coisas da gente ficam todas largadas para lá. Tem que vir, porque não tem outro jeito”, diz a dona de casa.
O que começou como um pequeno hospital 45 anos atrás, hoje é um complexo de 120 mil metros quadrados com 3100 funcionários, 250 médicos em dedicação integral que atendem 120 mil pessoas por ano.
Os pacientes passam por diagnósticos e cirurgias em aparelhos de ponta. Médicos e enfermeiros estão o tempo todo entre os pacientes.
A enfermeira Andreza Gonçalves Manoel diz como trata os pacientes: “Como se fosse um avô, um pai, uma mãe”.
Como a maioria vem de fora, às vezes de muito longe. E o tratamento do câncer é demorado. Essas pessoas são acomodadas em abrigos que são mantidos pelo próprio hospital. Em um o abrigo de adultos, do Hospital de Câncer de Barretos, por exemplo, os pacientes ficam em quartos com acompanhante.
O Hospital de Barretos sobrevive e continua crescendo graças à determinação do filho do fundador. Henrique Prata é pecuarista, mas passa a maior parte do tempo pedindo doações.
“Quando eu tirei o primeiro dinheiro foi na mão de 40 fazendeiros e na segunda vez que voltei achei que seria fácil. A metade falou: ‘Não, eu te ajudei’. Mas eu falei: ‘Não, a doença só aumenta, não tem como eu parar de pedir”, lembra.
Hospital filantrópico de pires na mão, hospitais públicos com falta de recursos. Mesmo nos grandes centros, a estrutura no país é insuficiente para atender meio milhão de casos novos por ano. O presidente do Inca reconhece o problema e diz que vai melhorar.
“Em cinco anos a gente vai ter um cenário muito melhor de conhecimento do câncer no país, garantindo a esses pacientes das regiões mais remotas do país, pelo menos, um acesso a um diagnóstico de melhor qualidade. E a partir dali ser direcionado a centros que possam ajudá-lo no tratamento”, afirma Carlos Gil.
extraído: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2013/08/pacientes-sofrem-com-disparidade-entre-regioes-no-tratamento-de-cancer.html
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