por Ana Leite
O dia-a-dia de um cuidador de idosos não é fácil.
Várias tarefas da rotina do idoso são responsabilidade dele: alimentação,
higiene, gerenciamento de medicações e, não podemos esquecer, da estimulação
cognitiva.
Pensando nos materiais que podem ser usados pelos
cuidadores de idosos na estimulação cognitiva, resolvemos listar atividades e
objetos que podem fazer da rotina da estimulação.
Apesar de ser difícil dizer tudo em um post,
vamos lá:
- Ler:
- Livros. Jornais, Revistas: esses recursos podem
ser úteis para estimular todas as habilidades cognitivas relacionadas a leitura,
afinal para essa atividade aparentemente simples tudo começa com o
reconhecimento de letras, sílabas e palavras, até o processamento de frases e
parágrafos até chegar na compreensão do texto. Usando a leitura, o cuidador pode
estimular o conhecimento prévio do leitor sobre o assunto, estimulando a
linguagem e a mémoria. Habilidades de compreensão e raciocínio são necessários
para a interpretação do texto. Sendo assim, cliente capazes de atingir esse
nível de processamento da informação, devem ser requeridos pelo cuidador a
interpretar o texto lido.
Curiosidade:
“De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae
ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso; a úncia csioa
iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe
ser uma ttaol bçguana que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós
não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.”
Algumas estratégias podem ser necessárias
para se atingir um desempenho eficaz do cliente durante a leitura:
- Uso de régua. A régua pode ser
importante para direcionar a atenção do cliente ao texto e orientá-lo quanto a
sequência da frase. As réguas recomendadas são as opacas, pois as transparentes
podem não “isolar” completamente o texto a ser lido.
- Uso de marcador de texto. Os famosos
marcadores de texto também podem ser usados na estratégia de isolar o trecho do
texto a ser lido ou o começo e o fim do texto.
Ainda sobre a leitura, podemos usar os jornais e
revistas para orientação temporal e espacial. Lembrem-se que no topo do jornal
ou na borda da capa da revista sempre temos a data/período.
Dica: revista que conheço e gosto muito pelos
textos é “Vida Simples”. Os textos são atemporais e dão pano para manga quando o
assunto é interpretação.
- Ouvir música:
Aqui no site temos uma tag que é “musicoterapia”.
Resolvemos adicioná-la porque a música é de fato uma ferramenta terapêutica de
grande valia. E, quando o assunto é estimulação cognitiva, não poderíamos
deixá-la de fora.
A música pode ser relaxante para o cliente, ou
seja, nos momentos de agitação, é uma excelente ferramenta para o cuidador
quando ele quer mudanças de humor no cliente. Como recurso de estimulação
pode-se usar a música pedindo ao cliente para bater palmas, assoviar ou bater os
pés, sendo uma forma de “perceber” o corpo e de estimular o ritmo.
A memória musical também pode ser estimulada,
sabemos que todos temos músicas significativas e quando o cuidador sabe quais
músicas são significativas (ou da época do cliente) pode desencadear lembranças
que podem ser tema de conversas entre o cuidador e o cliente. Além de falar
sobre as lembranças, também faz parte da estimulação cognitiva, pedir ao cliente
para cantar. Cantar é algo que até pessoas em estados avançados de demência
podem fazer. Aliás, usar a música nesses estágios avançados de demência pode
trazer à realidade pessoas que passam a maior parte do tempo distantes e alheias
à realidade.
- Ver fotografias:
Ter fotografias significativas emolduradas pela
casa é ter um recurso útil para quem cuida. Fotos emolduradas e albúns de
fotografia podem ser constantemente utilizados pelo cuidador para estimular a
memória de clientes. O reconhecimento de faces, de lugares e de situações pode
ser conseguido por meio da fotografia. Discutir lembranças é uma estratégia que
até hoje se usa na “terapia de reminiscências” que consiste em usar fotografias,
objetos familiares e músicas para obter benefícios cognitivos e comportamentais.
Fazer uso desses recursos com frequência pode ser bastante positivo para os
clientes.
- Estimular o uso objetos
familiares:
Manter objetos familiares à vista dos clientes é
uma ação que deve ser desenvolvida pelo cuidador. Esses objetos não só ajudam os
clientes a se orientarem, o que diminui o risco de confusão e agitação, mas
também trazem lembranças importantes. Aliás, a diminuição da confusão deve-se a
essa “lembrança”.
Permitir (desde que não comprometa a segurança) e
estimular a manipulação de objetos familiares pode ser crucial para manter o
cliente ativo durante mais tempo. Se ele é capaz de pentear os cabelos, mesmo
precisando de supervisão ou que o cuidador ao final precise refazer, é
importante para manter a memória de como realizar as atividades. Se ele é capaz
de “arrumar”a gaveta, que seja estimulado para tal. Isso deve ser visto não
somente como estratégia para preservar as memórias como também atitude positiva
para o sentimento de auto-eficácia.
Sendo assim, percebe-se que deve fazer parte da
rotina de estimulação manter o cliente ativo em atividades que são conhecidas
por ele.
Lembre-se de SEMPRE MANTER O CLIENTE TÃO
INDEPENDENTE O QUANTO FOR POSSÍVEL.
- Estimular o contato do cliente com
amigos e parentes
O cuidador vai ser a pessoa que mais tempo passa
com o cliente e, portanto, a pessoa que mais o conhece em termos de habilidades
e limitações. Faz parte da progressão da demência de Alzheimer, assim como
outras demências, o distanciamento social do cliente, pois as habilidades
necessárias para socialização vão sendo comprometidas.
Manter o máximo possível o convívio social é
importante também do ponto de vista cognitivo. Socializar é uma oportunidade de
usar as habilidades cognitivas. Quando estamos diante de um caso com algumas
limitações que prejudicam a socialização, é necessário que o cuidador seja o
intermediário dessa relação. Funcione como uma espécie de “tradutor” para o
cliente. O cuidador não somente vai “traduzir” a conversa, mas também vai
orientar aos parentes e amigos como deve ser feito.
- Oferecer oportunidades de atividade
física:
Engana-se quem acha que a pessoa com Alzheimer
não pode fazer atividade física. Ela tanto pode quanto deve. Os exercícios
físicos fazem parte de uma rotina com estímulos.
A atividade ser uma excelente oportunidade para
estimular o cliente do ponto de vista cognitivo, pedindo que ele volte sua
atenção e tenha informações do entornp (“Olhe a frente da sua casa como é
bonita” ”Sua casa era assim quando você veio morar nela? ” etc.). E, além de
ser a oportunidade de estimulação, a atividade física contribui para a redução
de placas amilóides (causa do Alzheimer).
Aqui no site já falamos disso, veja neste post os exercícios físicos recomendados para a pessoa
com Alzheimer.
Essas atividades que citamos, deve fazer
parte da rotina da pessoa com Alzheimer. Aliás, rotina é
importantíssimo para esses casos, ajuda a orientar. Sente-se com seu
terapeuta ocupacional e planeje com ele a rotina do cliente de acordo
com a quantidade de estimulação necessária.
Atividades que antes faziam parte da vida do
cliente e eram significativas, como ir à missa, rezar o terço ou dançar (dentre
tantas outras) devem, se possível, ser incorporadas nessa rotina de estimulação.
Familiares serão valiosas fontes de informações sobre atividades e interesses do
cliente, não hesite em procurá-los.
Ah, nunca esqueça que para realização de qualquer
atividade é necessário o máximo de segurança possível. Nada de
situações que possam representar riscos, seja para o paciente ou até para o
próprio cuidador.
- Texto da autora.
Fontes:
- Aspectos linguísticos e cognitivos da leitura.
- Efeitos da música em idosos com doença de Alzheimer em
ILPIs.
- Demências; evidências contemporâneas sobre a eficácia de
tratamentos.
Imagem: Martino Giuseppe
extraído: http://www.reabilitacaocognitiva.org/2013/06/como-o-cuidador-pode-estimular/
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Vc é muito importante para mim, gostaria muito de saber quem é vc, e sua opinião sobre o meu blog,
bjs, Carla