Gerontologia em foco
Marisa Accioly Domingues
maccioly@usp.br
Novos arranjos familiares e suas implicações na vida da pessoa idosa
O envelhecimento da população e as novas configurações familiares, com
mulheres mais presentes no mercado de trabalho e menos disponíveis para
assumir encargos com parentes longevos têm levado os países a repensar seus
sistemas de atenção a populações que necessitam de cuidados.
Longe se vai o tempo com famílias numerosas nas quais as mulheres, donas de
casa, assumiam o cuidado com a prole e pessoas idosas.
No mercado de trabalho fortemente engajada desde a década de 1970, cresce o
número de mulheres chefes de família, com cargas acentuadas de trabalho
profissional e doméstico.
Além dessas questões é cada vez mais presente na sociedade contemporânea
novos arranjos familiares.
A opção ou falta de opção para morar só, casais sem filhos, uniões homoafetivas,
corresidências, rede de relações sedimentadas em relações de amizade e das
relações comunitárias, integram esse mosaico de arranjos que nos dão referência
e são nossas referências, nossa relacional, nossa rede de suporte social
Pesquisas recentes, IPEA, (2020); Revista FAPESP (2021), apontam para a
demanda de cuidados para a população idosa, em célere aumento, investimento
em Políticas Públicas efetivas cuidados de longa duração, infelizmente não
entraram em pauta do Brasil.
Dilemas a serem enfrentamos:
Com quem pode contar a pessoa idosa? Família, que família é essa?
Com quem pode as pessoas do circulo relacional da pessoa idosa?
A adoção do conceito de novos conceitos de família e arranjos familiares, ou rede
sociofamiliar é premente.
Pois, é ainda muito romantizada uma visão de famílias ampliadas, com cuidados
que são prestados pelos integrantes desse núcleo, sobretudo mulheres.
Falta conceber que essa família nem sempre existe na vida cde milhões de
cidadãos e cidadãs.
O que compete aos arranjos multifacetados plurais cada vez mais presentes?
Poder Público qual seu quinhão no acolhimento e atenção aos novos arranjos e
demandas a pessoa idosa? Desresponsabilizar o Poder Público quanto ao
tripé da seguridade social não é o recomendado.
Acolher novos arranjos sociofamiliares, incluídos na atenção centrada na
pessoa idosa é premência da nossa sociedade.
Cabe destacar o conceito de familismo que responsabiliza a família, por
vezes, desonerando, não acolhendo arranjos familiares diversos, cada qual
com sua peculiaridade, mas com um núcleo comum que é o processo de
envelhecimento.
Quando essa perspectiva prepondera, pode não dar a dimensão
intergeracional e intersetorial em termos de Políticas Públicas, uma tenção
sociossanitárias da Assistência Social e Saúde.
Foco nos diferentes arranjos familiares, conceito de família extendida,
participação do Poder Público acolhendo os diferentes arranjos familiares é
o que importa.
Concluindo, vale essa reflexão: se precisarmos de alguém para conversar,
nos auxiliar em alguma atividade, com quem posso contar?
Pensemos nisso?
Referências
CAMARANO, AM, Nota Técnica - 2020- Abril - Número 64- Disoc. Cuidados Para a População Idosa e Seus Cuidadores: Demandas e Alternativas.Disponível em:[
https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=35503:nota-tecnica-2020-abril-numero-64-disoc-cuidados-para-a-populacao-idosa-e-seus-cuidadores-demandas-ealternativas-&catid=437:publicacoes-coronavirus&directory=1]
DOMINGUES,M.A.D e DUARTE, Y. A. O. . Instrumentos de Avaliação de Suporte Social. In: Yeda AO Duate; Marisa Accioly Rodrigues Domingues. (Org.). Família, Rede de Suporte Social e
Idosos. 1ed.São Paulo: Blucher, 2020, v. 1, p. 43-56.
GUIMARÃES, N. A. e HIRATA, H. (eds.). Care and care workers – A Latin American perspective. Serie Latin American Societies – Current Challenges in Social Sciences.
Springer, 2020.
QUEIROZ,C. Economia do Cuidado. Disponível em [revista FAPESP, 032-037_economia-do-cuidado_299, FAPESP, 2021]
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