8 de fevereiro de 2024
Cada órgão afetado manifesta sintomas específicos e pode influenciar o prognóstico de maneiras distintas. Compreender esses mecanismos é essencial para entender melhor a doença e os tratamentos
Quando a leucemia atinge outros órgãos, geralmente, é necessário fazer algumas adaptações no tratamento – lembrando que este câncer tem origem na medula óssea. Nos casos em que isso acontece, os órgãos mais afetados são os linfonodos, pulmão, sistema nervoso central e rins. O quadro tende a interferir no prognóstico, porém atualmente há diversas terapias que podem ser utilizadas para conseguir alcançar a remissão.
Antes de entender para quais órgãos a leucemia pode se espalhar, é importante conhecer onde ela se origina. Então, a leucemia é um câncer que se desenvolve na medula óssea e acontece quando as células-tronco passam por uma série de mutações genéticas, transformando-se em malignas, se multiplicando com maior velocidade e de forma desordenada.
Como as células-tronco são as responsáveis por dar origem às células sanguíneas (glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas), essas são as primeiras estruturas do corpo a serem atingidas pela leucemia. Dessa forma, no caso das leucemias crônicas, as células doentes estão maduras e suas funções estão parcialmente preservadas, já nas leucemias agudas, elas são imaturas e não têm capacidade de realizar as suas funções normais.
O Dr. Marcel Brunetto, médico especialista em Hematologia e Onco-Hematologia, complementa que, além das células não amadurecerem normalmente, elas ainda começam a se acumular na medula óssea, tomando o lugar das células saudáveis. Por esse motivo, “elas também podem sair para a corrente sanguínea, o que lhes dá um caminho para afetarem todo o organismo”, ele afirma. São nesses casos que a leucemia pode se espalhar.
O que acontece quando a leucemia atinge outros órgãos?
O desdobramento é diferente para cada uma das estruturas do corpo atingidas, os sintomas também podem variar e o tratamento tende a ser adaptado de acordo com o local afetado e os sinais que o paciente apresenta.
Os principais órgãos que a leucemia pode “se espalhar” são:
- Linfonodos
- Sistema Nervoso Central (SNC)
- Fígado
- Pele
- Baço
- Testículos
- Pulmões e
- Rins
O hematologista informa que cada subtipo da doença atinge esses órgãos com frequências diferentes. As leucemias crônicas, principalmente a leucemia linfoide crônica (LLC), acometem mais os órgãos, quando comparadas com as leucemias agudas. Já em relação às leucemias agudas, a leucemia mieloide aguda (LMA) raramente afeta outros órgãos e a leucemia linfoide aguda (LLA) acomete, mais comumente, os gânglios linfáticos, sistema nervoso central e testículos
Linfonodos
O Dr. Brunetto explica que, quando as células da leucemia saem para a corrente sanguínea, elas podem utilizar o sangue como um caminho para se espalhar, afetar o organismo e chegar até os linfonodos.
“Neste caso, mesmo que a leucemia alcance os gânglios linfáticos, é diferente do linfoma, já que esse tipo de câncer começa nos gânglios linfáticos e a leucemia apenas se espalhou para ele”, o doutor salienta.
Nesses casos, o tamanho do linfonodo aumenta, fazendo com que eles fiquem protuberantes sob a pele.
De acordo com o hematologista, as leucemias que têm origem nas células linfoides, ou seja, a LLA e a LLC, são as que podem atingir os linfonodos. Porém, ele ressalta que não é comum isso acontecer.
“No caso da LLC esses órgãos podem estar acometidos e denotam maior extensão da doença, afetando o prognóstico”, o Dr. Brunetto conta.
Sistema Nervoso Central
As células doentes podem se espalhar para o SNC, afetando o cérebro e/ou a medula espinhal. A LLA é o subtipo de leucemia que mais costuma se espalhar para esse local.
“As células leucêmicas podem se acumular no líquido cefalorraquidiano que banha a coluna e o cérebro, ou podem fixar residência no cérebro. Quando isso acontece, não é considerado câncer cerebral, mas sim infiltração leucêmica”, o médico pontua.
Quando isso acontece, os principais sintomas são:
- Fraqueza
- Dormência facial
- Dores de cabeça e
- Convulsões (em casos graves)
A quimioterapia tradicional não consegue chegar até o cérebro nem até a medula espinhal por conta de uma barreira conhecida como “barreira hematoencefálica”, que impede a passagem dos medicamentos quimioterápicos. Para esses casos, é preciso fazer uso da quimioterapia intratecal, que é administrada em doses mais altas e diretamente no líquor (um líquido que envolve todo o nosso SNC).
Fígado
O subtipo de leucemia que mais ataca o fígado é a LLC, mais especificamente a tricoleucemia, também conhecida como leucemia de células pilosas ou leucemia de células cabeludas.
“No caso da LLC, até 20% dos casos podem apresentar aumento do órgão, denotando um estadiamento mais avançado e influenciando no prognóstico. A LMA raramente infiltra o tecido hepático”, o Dr. Brunetto diz.
Geralmente, há um aumento no tamanho do fígado e a pessoa pode percebê-lo sensível.
Pulmão
Segundo o médico, raramente a leucemia ataca o pulmão, mas quando isso acontece, causa sintomas como dificuldade respiratória, sensação de falta de ar e azulamento da pele (cianose).
“Em casos em que os valores de leucócitos são superiores a 100.000 células/mm3 pode ocorrer um fenômeno chamado de ‘leucoestase’, que se não tratado prontamente pode ser fatal”, o médico alerta.
Rins
O Dr. Brunetto fala que os rins podem ser afetados de várias maneiras, apresentando massas ou conglomerados linfonodais, impedindo a excreção adequada da urina e/ou causando insuficiência renal aguda. Apesar disso, é raro que as células leucêmicas infiltrem diretamente o tecido renal.
Mais especificamente a LLC pode, por meio de fenômenos imunológicos, interferir, por exemplo, na capacidade do rim de filtrar adequadamente proteínas. Já a LLA pode causar um fenômeno chamado de “síndrome da lise tumoral”.
“Nessa síndrome, as células leucêmicas são rapidamente destruídas pelo tratamento e seus produtos lesam diretamente o funcionamento renal”, o especialista esclarece.
Ele ainda afirma que algumas drogas utilizadas para o tratamento das leucemias podem ser consideradas tóxicas aos rins, como antibióticos, que são coadjuvantes no tratamento.
Outros órgãos
O Dr. Brunetto comenta que a gengiva pode ser afetada por algumas formas de LMA, causando dor, sangramento e inchaço no local. Além disso, a LMA também pode se espalhar para os testículos, rins e olhos.
Ele ainda diz que é muito raro, mas pode acontecer do baço ser afetado, especialmente pela tricoleucemia.
E por último, o médico aponta que a pele também pode ser afetada pela leucemia.
“Quando a leucemia se espalha para a pele, causa uma série de lesões, nódulos ou placas cor de ameixa. Esta manifestação está associada a muitos tipos de leucemia, incluindo as formas mieloide e linfoide. Os tipos mais associados são leucemia / linfoma de células T do adulto e leucemia mieloide aguda”, o Dr. Marcel Brunetto fala.
Esse tipo de manifestação indica que o paciente tem uma leucemia sistêmica ou teve uma recidiva e o câncer retornou, também podendo indicar que a doença está progredindo de forma agressiva. Mesmo para esses casos, é possível tratar a doença.
FONTE: https://revista.abrale.org.br/saude/
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
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