Última atualização em 18/10/2023
Gustavo Cardoso Guimarães
A cirurgia preventiva, também conhecida como cirurgia profilática, ou cirurgia redutora de risco, é um procedimento cirúrgico realizado com o objetivo de prevenir o desenvolvimento de uma doença ou problema de saúde futuro. Este tipo de cirurgia é recomendado quando há um risco aumentado de uma doença específica, mas ainda não existe a presença da doença em si.
A cirurgia redutora de risco é uma abordagem utilizada em Oncologia para reduzir o risco de desenvolvimento ou recorrência de câncer em pacientes de alto risco. Essa técnica envolve a remoção de tecidos ou órgãos que têm maior chance de desenvolver câncer.
A decisão de realizar uma cirurgia preventiva ou redutora de risco é baseada em uma avaliação médica detalhada, levando em consideração fatores como histórico médico, exames clínicos, resultados de testes genéticos e recomendações especializadas.
A importância de conversar com seu médico
É importante discutir essas opções com um médico especialista para compreender as vantagens, os riscos e as indicações específicas em cada caso.
Aproximadamente 10% dos cânceres são atribuíveis a uma síndrome de predisposição hereditária ao câncer. Identificar os pacientes com câncer que sejam portadores de uma condição hereditária e os seus parentes que também sejam portadores da mesma condição, mas ainda não são afetados, traz benefícios significativos para ambos.
O relacionamento entre o conhecimento da presença de uma predisposição ao câncer síndrome e o câncer índice podem auxiliar no tratamento da malignidade, bem como orientar as recomendações para triagem e prevenção de novos tipos de câncer para pacientes e familiares afetados, para os quais o uso de operações de redução de risco pode diminuir consideravelmente a probabilidade de desenvolver um tipo de câncer específico.
Cirurgia preventiva
Por exemplo, a cirurgia preventiva mais comum é a remoção das mamas (mastectomia bilateral) em mulheres com alto risco de câncer de mama devido à presença de mutações genéticas hereditárias, como a mutação do gene BRCA1 ou BRCA2, que estão associados a um maior risco de câncer de mama e ovário. A mastectomia preventiva reduz significativamente (em mais de 90%) o risco de desenvolver câncer de mama nessas mulheres.
Outras cirurgias redutoras de risco incluem a colectomia, que é a remoção preventiva do cólon em pacientes com síndrome de Lynch, uma condição genética associada ao risco aumentado de câncer colorretal.
Para orientar esta decisão e outras, o aconselhamento genético desempenha papel fundamental para identificar a condição para a qual o teste genético está sendo realizado, como os testes devem ser feitos, como os resultados dos testes serão divulgados e o significado dos resultados no contexto de possível risco para o índice paciente e família.
É importante ressaltar que a decisão de realizar uma cirurgia redutora de risco deve ser individualizada e discutida com uma equipe médica especializada em oncologia. Essas cirurgias têm benefícios significativos na redução do risco de câncer, mas também podem ter impactos físicos e psicológicos, por isso é essencial considerar todos os aspectos antes de tomar uma decisão.
Gustavo Cardoso Guimarães é Professor Livre-Docente – UNICAMP, Coordenador Geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológico e do Departamento de Medicina Genômica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer
Referências Recomendadas:
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FONTE: https://vencerocancer.org.br/o-que-e-a-cirurgia-preventiva-em-oncologia/?utm_campaign=janeiro-2024&utm_medium=email&utm_source=newsletter
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abs
Carla
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