04/02/2019
Hermínia Brandão CIDADANIA, Vila Mariana e Região- Capital SP
Prof. Dr. Paulo Henrique Ferreira Bertolucci, chefe do Departamento de Neurologia da UNIFESP fez a palestra de abertura do 1º Mutirão de Capacitação e Apoio para Cuidador de Alzheimer da cidade de São Paulo. Foto: jornal3idade.com.br
O 1º Mutirão de Capacitação e Apoio para Cuidador de Alzheimer da cidade de São Paulo, realizado anteontem, sábado dia 2 de fevereiro, no bairro da Vila Mariana, na Zona Sul da capital, foi bem sucedido, contou com a presença de mais de 250 pessoas, sendo que 90% delas participaram de todas as palestras e atividades até o final da tarde. O próximo, da Capital, já está agendado para o segundo semestre, em setembro.
Durante sete horas consecutivas, o evento voltado para os familiares e cuidadores de pessoas portadoras da doença de Alzheimer apontou para uma nova forma de manifestação da população, que está crescente em todo o país, em vários segmentos, e que agora chega na área do envelhecimento.
As pessoas estão dispostas a sacrificar seu final de semana para buscar a informação presencial, sobre assuntos que estão afetando o seu dia a dia ou que acenam para problemas de longa duração. As pessoas estão cansadas de “propagandas enganosas”, de publicidade de governos e estão dispostas a fugir do “muito teórico” e “muito acadêmico”.
O 1º Mutirão de Capacitação e Apoio para Cuidador de Alzheimer da cidade de São Paulo teve a participação de mais de 250 pessoas. Foto: jornal3idade.com.br
Quem já cuida de uma pessoa com a doença de Alzheimer ou quem acabou de descobrir uma pessoa acometida na família precisa de orientação e formas de apoio que coloquem o “dedo na ferida” das necessidades do dia a dia. A prova disso são os Grupos de WhatSapp formado por cuidadores que trocam informações, dicas de como melhor tratar seu doente, com informação direta. Foram as necessidades sentidas num desses grupos, que tem mais de 21 mil pessoas trocando informações, que motivou a criação do 1º Mutirão.
Grupos de apoio de diferentes entidades têm sido muito importantes e nessa área a maioria é da ABRAZ- Associação Brasileira de Alzheimer. No entanto eles são poucos e tem pouca divulgação. O próprio site da entidade que antigamente relacionava esses grupos não os publica mais.
Sem patrocínio e sem ajuda governamental, o 1º Mutirão de Capacitação e Apoio para Cuidador de Alzheimer contou com a colaboração de várias pessoas. Os logotipos que estavam no cartaz do evento foi uma forma de prestigiar os palestrantes e empresas que ajudaram divulgar, sem receber pagamento. Entre os palestrantes estiveram presentes pessoas importantes na sua área, mas todos ali estavam como colaboradores
Cid Torquato, Secretario da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência esteve a frente de representantes de diferentes secretarias da Prefeitura de São Paulo, explicando os serviços públicos disponíveis para as famílias. A sua esquerda a e asua direita Miriam Morata, idealizadora do 1º MutirãoFoto: jornal3idade.com.br
O evento foi capitaneado por Míriam Morata e Carmen Ferrari, com o apoio de Nadia Goncalves, Tino Peres e Carmen Ponce.
Míriam Morata é arquiteta e escritora, autora de uma trilogia sobre a vivência das pessoas que precisam cuidar de um familiar com a doença de Alzheimer. Ela cuidou do pai e da mãe, em períodos diferentes e aprendeu na prática a importância de fazer parte de uma rede de apoio.
Depoimentos
No auditório formado no salão social da Igreja Santa Margarida Maria os depoimentos eram diferentes mas, quase sempre, recaíram na falta de apoio governamental.
Eu sou cuidadora de idosos. No momento estou sem trabalho porque a pessoa que eu cuidava faleceu, mas eu acompanhei a dificuldade da família em conseguir fralda nas UBS. Na Zona Norte da cidade de São Paulo ninguém consegue. Eu já cansei de rodar os postos em dias diferentes. Por que não colocam um site dando as datas que chegam de verdade para as pessoas irem buscar? Tenho uma amiga que está cuidando do pai com Alzheimer. O homem está com escaras e as UBS não atendem pacientes com escaras. O que a gente faz?, questionou Josefa Bento Cabral, moradora do bairro Vista Alegre, na Cachoeirinha.
Débora Rodrigues , de 23 anos, que trabalha como Cuidadora e que foi para aprender mais sobre a evolução da doença. Foto: jornal3idade.com.br
Eu comecei a trabalhar como cuidadora e fiz o curso antes. Essa é sem dúvida uma opção de trabalho para os jovens. Ocorre que os cursos passam teoria e só quando a gente cuida é que entende como é o dia a dia. Eu não sabia como é que podia se dar a evolução da doença. É preciso também professores que tenham uma linguagem fácil e direta. Acho que tudo no Mutirão foi útil, mas a palestra do Dr. Paulo Bertolucci foi a melhor, declarou Débora Rodrigues , de 23 anos.
Eu cuido de uma pessoa, a Simone Cordeiro Costa. Ela foi namorada do meu irmão, que já faleceu, mas ficou nossa amiga.. Ela não tem ninguém, nem recurso algum e está com 72 anos. Eu é que tenho ajudado e cuidado, mas gostaria de ter uma ajuda e regularizar a situação dela. Não sei como fazer isso.. Quando a gente procura se informar dizem que tem que provar que a família não tem recursos. Nossa família tem recursos, mas ela não é da família e a iniciativa é minha. Se eu faltar ninguém tem essa obrigação. Esse tipo de encontro é importante porque a gente pode falar abertamente as dificuldades, relatou Renilce Gonçalves Pedrosa que abriga a senhora e ainda contrata Marlene Silva dos Santos como cuidadora.
Meu cunhado que mora no Interior, na Região de Marília, começou a desenvolver a doença e rapidamente se tornou uma pessoa muito agressiva. Não conseguimos cuidar em casa e o internamos. Minha cunhada ficou sabendo do Mutirão e pediu que viéssemos nos informar. A família foi pega de surpresa e está todo mundo abalado. Não temos casos anteriores e ninguém sabe lidar com a doença. Não conhecemos nenhum grupo de apoio na região. Falamos com muitas pessoas e existe uma grande desinformação, falou Iara que estava acompanhada do esposo Severo.
Novos Mutirões agendados
É claro que o 1º Mutirão não foi perfeito e o calor de 34 graus que batia na Zona Sul de São Paulo ajudou na falta de água e de ventiladores. As cartilhas impressas acabaram antes, pois a presença foi muito maior que a esperada e as pessoas pegavam mais de uma. Não houve oferta de almoço nem tinha “cantina”. No final é que um lanche foi oferecido pela ABG- Associação Brasileira de Gerontologia.
O sucesso da iniciativa pode ser medido pela permanência da maioria das pessoas que ficaram até o fim pelas várias cidades que já começaram a organizar e que estão contando com a colaboração de São Paulo.
No mesmo dia foram realizados o 1º Mutirão de Capacitação e Apoio para Cuidador de Alzheimer do Rio de Janeiro e da cidade de São Caetano. O 1º Mutirão de Capacitação e Apoio para Cuidador de Alzheimer de Salvador já está sendo organizado e vários bairros de São Paulo estão solicitando edições regionais.
Eu gostei muito dessa iniciativa e aproveitei que estava em São Paulo para vir conhecer. Vou organizar uma em Florianópolis, nesses mesmos moldes, tenho certeza que será bem vindo também, disse a Psicogerontóloga, Andrea Silveira, que é membro da ANG- Associação Nacional de Gerontologia de Santa Catarina.
Esse tipo de mutirão pode ser muito útil para colhermos informações novas sobre as reais necessidades das famílias nesse momento. Eu já estou pensando em como vamos trabalhar para organizar e sistematizar essas contribuições, disse animado o médico Paulo Bertolucci, Professor de Neurologia da Universidade Federal de São Paulo
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
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