29 de março de 2018
É bem provável que você já tenha ouvido alguém falar que não devemos perguntar quantos anos as pessoas têm depois de determinada idade.
Você também já deve ter visto (ou feito você mesmo) “trapaças” no número de velas do bolo de aniversário, invertendo a ordem entre o 7 e 2 para ficar 27 ao invés de 72 ou as do 8 e do 3, ficando 38 ao invés de 83, por exemplo.
Situações como essas são muito comuns em nosso cotidiano e merecem ser refletidas. Afinal, como enxergamos a velhice e por que nos envergonhamos das nossas idades, cabelos brancos e rugas?
O que significa envelhecer nos dias de hoje? Para entendermos melhor, vamos fazer uma retrospectiva da velhice e da visão do homem sobre ela ao longo da história.
A velhice e o homem ao longo da história
Os idosos das sociedades primitivas eram pessoas veneradas!
Eles eram extremamente procurados pelos mais jovens em busca de conselhos: os mais velhos costumavam ser extremamente respeitados e vistos como exemplos de sabedoria.
A maioria das sociedades antigas consideravam a velhice uma condição altamente dignificante e o velho como o ancião dotado de sabedoria e conhecimentos valiosos. Os anciãos tinham atuação na política e voz nas decisões importantes.
Em tempos mais recentes, com a revolução industrial e o progresso da sociedade, ocorreu uma mudança na forma como as pessoas enxergam a velhice: no lugar da sabedoria e conhecimentos de vida, o homem começa a ser valorizado pela sua capacidade de produção.
Ou seja, o homem jovem, com muito vigor e força de trabalho começa a ser muito mais valorizado do que o homem velho, que não tem tanta força produtiva mais (apesar de ter tesouros muito valiosos em sua mente e alma).
Essa visão da velhice tem perdurado e, ainda hoje em dia a força da juventude é objeto de adoração, e a sabedoria da velhice é deixada à margem.
Porém, o quadro da sociedade mostra novas mudanças: com o aumento da expectativa de vida, é necessário repensar a visão da velhice e resgatar esse papel de sabedoria e respeito que pertencem aos participantes da terceira idade.
O Brasil, país que, de acordo com o IBGE aumentou em menos de uma década o número de idosos em 8,5 milhões, tem hoje 26 milhões de pessoas acima dos 60 anos.
E, a tendência é que esse número não pare de crescer: de acordo com as projeções do IBGE, até 2027 essa parcela da população poderá chegar aos 37 milhões de idosos.
O número de idosos está aumentando por um motivo bem simples: Hoje, as pessoas estão vivendo mais do que há algumas décadas atrás. Para se ter uma noção, de 1940 até o ano passado, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer aumentou em mais de 30 anos!
O aumento da expectativa de vida é um fenômeno global. O aumento das oportunidades de escolaridade, o avanço das redes de saneamento básico e o desenvolvimento da medicina foram fundamentais para esticar os anos de vida das pessoas ao redor do mundo todo
Com o aumento do número de idosos, naturalmente, surgem novas formas de ver a velhice, assim como nascem novas empresas e produtos destinados à terceira idade para atender suas necessidades e desejos.
Um exemplo desses novos produtos é a Revista Velharias! A revista é uma publicação digital destinada a idosos. O Alzheimer360 convidou a sua diretora, a jornalista Elisa Diaz, para uma entrevista sobre a revista e a velhice.
1. Como nasceu a Revista Velharias?
A Revista Velharias, nasceu há pouco tempo, uma publicação independente, feita por mulheres, que quer ver, ouvir, falar e mostrar o universo do velho e as mais diferentes possibilidades de viver a velhice em uma sociedade comandada por jovens.
2. Qual o principal objetivo da Revista?
A inclusão digital, social e afetiva do idoso. Queremos mostrar seus rostos, suas histórias, suas dores, amores e aventuras. Mostrar que envelhecer faz parte da vida e que é possível sim, ser velho, ativo e feliz.
3. Como vocês enxergam a velhice?
Arnaldo Antunes diz que “a coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer”. Mas o que é envelhecer?
É privilégio. É colheita. É poder dar vida aos anos conquistados…É incomodar e não se acomodar. Mesmo que uns poucos duvidem, envelhecer é dádiva. É gratidão.
Não é fácil, ainda mais no mundo em que vivemos, mas sempre há a oportunidade de fazer escolhas e ser uma pessoa melhor – velho ou não. É escolher saber, ampliar horizontes. Ter projetos de vida e energia para brigar pela saúde, porque não existe um universo paralelo cor de rosa.
São anos acumulados descobrindo coisas novas,
quebrando rotinas. Reclamar, mas sem excesso e ter a liberdade de não
querer ficar parado. É ter prazo de validade sim, mas nem por isso, se
considerar vencido.
Envelhecer é poder desfrutar das experiências, é ter mais conhecimento
para gastar o dinheiro suado, investir para aumentar o capital social.
Quebrar rotinas e paradigmas. É fazer o que der vontade ou simplesmente parar e curtir. Optar por um processo do viver que seja mais, nunca menos. É saber apreciar as rugas sim e não as esconder sobre qualquer pretexto.
É estar bem consigo próprio. É saber que todo mundo envelhece desde que nasce. É encontrar alegrias nas pequenas coisas, ter amizades que resinifiquem o viver. Simplicidade é o último degrau da sabedoria, É apreciar o bom humor e saber rir de si próprio. É recomeçar sempre. É ser mais moderno do que nunca se foi antes…é não sofrer demais por tudo.
Enfim… ENVELHECER NÃO É PARA QUALQUER UM!
4. Quem são os idosos de hoje?
Se voltarmos no tempo uns 30, 40 anos, teremos os velhos como carta fora do baralho por conta da cultura da inatividade, do sentimento de finitude e da falta de serventia que tomava conta de quem entrava na velhice no século passado.
Hoje, isso começa a mudar, ele passa a ser um protagonista de sua vida, ocupando seu lugar e fazendo história.
Ainda há um longo caminho para atingir a qualidade de vida, mas houve avanços significativos. Prova disso é que está em crescimento a força de trabalho de pessoas com mais de 60 anos, muitas já aposentadas.
A Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio Contínua do segundo trimestre deste ano aponta que 7,09% das pessoas ocupadas no Brasil são idosas. Já um levantamento do SPC Serasa, divulgado neste mês, 33,9% dos idosos que já estão aposentados continuam exercendo alguma atividade profissional.
Convivem com a tecnologia, têm acesso à Internet, telefone celular e redes sociais. Participam de grupos de convivência e assim segue.
5. Quais mudanças podem ocorrer na sociedade para uma melhor qualidade de vida na velhice?
A discussão atual é sobre um envelhecimento saudável, com qualidade, onde os idosos são ativos, tem novos relacionamentos e aproveitam as oportunidades.
No entanto, é preciso alertar que, assim como no século passado havia um estereótipo de um velho acomodado, que não fazia mais nada na vida, não se deve projetar um novo fixo de velhice.
Não é porque você envelheceu que precisa continuar trabalhando, ou vai só viajar ou então usar roupa moderninha. O velho precisa envelhecer de uma forma que se sinta feliz, sem ter que fazer isso ou aquilo.
As políticas públicas destinadas à terceira idade precisam avançar para permitir uma velhice digna a todos.
Os idosos têm duas leis a seu favor, a lei 8.842 de l994, da Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso, lei 10.741 de 2003.
O conteúdo do artigo 3.º, que diz: “É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade a efetividade do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
A lei deixa claro que o primeiro compromisso com a pessoa idosa é da família. Mas é sabido que é também na família onde acontecem o abandono, o descaso, a exploração financeira e outros tipos de violência contra as pessoas idosas. Precisamos repensar a própria família.
6. O Alzheimer, assim como inúmeras outras doenças neurodegenerativas, é uma enfermidade que costuma aparecer na terceira idade. Como você enxerga essa questão para os idosos?
A velhice, como todas as situações humanas, tem uma dimensão existencial: modifica a relação do indivíduo com o tempo e, portanto, sua relação com o mundo e com sua própria história.
A qualidade de vida na terceira idade é importante para que os idosos possam viver bem e com saúde, sem sofrer tanto impacto com as alterações fisiológicas, psicológicas e cognitivas próprias do processo de envelhecimento e as modificações e intensificações sociais,físicas,políticas e morais que ocorrem ao mesmo tempo no ambiente familiar.
O envelhecimento populacional é uma realidade mundial, e o aumento da expectativa de vida favorece o incremento das doenças crônico-degenerativas, dentre elas a Doença de Alzheimer, caracterizada pelo declínio progressivo e global das funções cognitivas, na ausência de um comprometimento agudo do estado de consciência, e que seja suficientemente importante para interferir nas atividades sociais e ocupacionais do indivíduo.
Surge a necessidade imperiosa de aprender a lidar e administrar a situação readaptando vidas em função do cuidado e assistência ao portador de Alzheimer na tentativa de minimizar seu sofrimento.
Acreditamos que nossa parceria é muito rica por considerarmos a compreensão da velhice algo de extrema importância em nossa sociedade.
Queremos ver idosos livres de estereótipos e jovens conscientes.
Queremos que nossos velhos tenham o apoio necessário para viverem a
terceira idade de forma feliz e leve. Queremos, acima de tudo, que a
velhice seja naturalizada, respeitada e comemorada – ao invés de temida.
E, você? Já celebrou sua velhice hoje?
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
http://alzheimer360.com/como-voce-enxerga-envelhecimento/
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