O médico geriatria e reumatologista Alberto Frisoli Junior, vencedor de um prêmio recente num congresso europeu e também homenageado no encerramento do 8º BRADOO- Congresso Brasileiro de Densitometria Osteoporose e Osteometabolismo de 2018, defende que mais importante que tratamento para prenevir fraturas nos idosos mais velhos é a conscientização da família, do cuidador e da sociedade em geral.
Especialista e pesquisador das formas de diagnosticar com antecedência o desenvolvimento da Osteoporose, doença que atinge cerca de 10 milhões de brasileiros, compromete a resistência dos ossos e aumenta o risco de fraturas no fêmur, pulsos e coluna vertebral, ele foi responsável por quatro palestras durante o 8º BRADOO.
Nas suas apresentações ele destacou a abrangência dos estudos que hoje apontam para a necessidade de uma observação conjunta da Sarcopenia (diminuição da massa muscular) com a Osteoporose (diminuição da massa óssea). Falou sobre a mudança que precisa ser feita na prescrição do exame de identificação de perda de massa óssea nas pessoas com mais de 80 anos e como o tratamento delas tem que ser diferenciado.
Após receber os prêmios de melhor trabalho na área clínica e também o segundo melhor pôster na área clínica do congresso, ele falou para o Jornal da 3ª Idade.
Jornal da 3ª Idade– Por que o senhor defende que os exames de massa muscular e massa óssea devam ser feitos em conjunto, diferente do que faz a maioria dos médicos até hoje?
Dr. Alberto Frisoli Junior– Até hoje muitos cientistas da área osseometabolicas e musculo esqueléticas consideravam que eram doenças independentes. Com as descobertas cientificas recentes que provaram que osso e musculo se comunicam muito mais do que se imaginava, passou-se a perceber que as repercussões clinicas também são piores. Antigamente se observava que o paciente tinha osteoporose, mas ninguém observava a massa muscular dele, ou se ele tinha sarcopenia, mas não se via a massa óssea dele. Percebeu-se que o paciente que tem as duas coisas está num estado clínico muito pior.
Jornal da 3ª Idade– O que mudou na forma de identificar essas perdas?
Dr. Alberto Frisoli Junior– Uma das formas de identificar é fazendo o exame de densitometria óssea, onde se avalia tanto densidade mineral óssea quanto a própria quantidade da massa muscular, fazendo o diagnóstico denominado de Osteosarcopenia, que por sua vez tem um pior prognóstico que a densitometria isolada ou da sarcopenia isolada.
No estudo Sarcos, um estudo longitudinal que está avaliando pessoas muito idosas ambulatoriais, descobrimos que somente usando o exame de densitometria da coluna lombar nas pessoas com 80 anos ou mais, 1 a cada três delas estão deixando de ser diagnosticadas. Isso mostra que a forma de diagnóstico de osteoporose em pacientes muito idosos tem que ser revista.
Jornal da 3ª Idade– Como se deve tratar os pacientes idosos com 80 anos ou mais?
Dr. Alberto Frisoli Junior– Na verdade a densidade mineral óssea por si só não é um fator tão importante, mas sim o conjunto do paciente muito idoso. As vezes a própria densidade mineral óssea é o menor dos problemas do paciente muito idosos. O que é preciso é avaliar todos os outros fatores desses pacientes que tem risco de quebrar os ossos. A gente tem que avaliar o idoso pensando em risco de queda, de desnutrição, de doenças que podem levar a perder osso, perder musculo e cair não só a densidade mineral óssea. A avaliação do muito idoso tem que ter uma avaliação mais global.
Jornal da 3ª Idade– Essa avaliação multidisciplinar vem ocorrendo de maneira geral ou ainda é uma proposta?
Dr. Alberto Frisoli Junior– Não ela não vem ocorrendo justamente porque nos atendimentos do serviço público ou mesmo no atendimento de convênios, os médicos não têm tempo hábil para que seja feito isso. O médico acaba dando atenção ao que não envolve o tempo dele no momento, que são os exames laboratoriais. O paciente sai com muito pedidos de exames o que para essa população não servirá muito para avaliar risco de fraturas. E mesmo que nos resultados venham apontamento para massa óssea magra o tratamento nem sempre trará grandes benefícios, porque não se estará tratando o global.
Jornal da 3ª Idade – Então o que é possível fazer nesse momento com o quadro de atendimento que temos?
Dr. Alberto Frisoli Junior– Conscientizar e educar. Essa é uma tarefa não somente do médico, mas da equipe multidisciplinar, da família, do cuidador do idoso. O paciente mais idoso quando tem fratura apresenta uma chance muito grande de desenvolver pneumonia e embolia. Na última pesquisa do Congresso de Pesquisa e Metamobilismo Ósseo da Sociedade Americana- em setembro no Canada- foi frisado muito isso. Se não fizer educação, com todos os envolvidos, o tratamento cai linearmente. Mais importante que dar medicação é envolver a família.
Jornal da 3ª Idade – Que instrumentos podemos usar de forma mais imediata para sensibilizar as famílias, e a sociedade em geral, para a necessidade de um acompanhamento das pessoas mais velhas?
Dr. Alberto Frisoli Junior– Com muita divulgação, com as mídias sociais, com campanhas, com educação continuada. O brasileiro está muito focado no celular, nas mídias sociais, então uma divulgação de massa em todos esses recursos é mais importante que a publicação de trabalhos científicos e a apresentação em congressos.
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
http://www.jornal3idade.com.br
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