16 de março de 2021
Essa resposta é mais importante do que saber qual tipo da doença apresenta um maior risco
Por Natália Mancini
Querer saber qual o tipo de câncer mais perigoso é algo natural do ser humano. Ter o conforto de, ao receber o diagnóstico, pensar que sua doença não é a mais grave é bem compreensível. Entretanto, fazer uma lista e elencar quais são os tipos mais perigosos é, praticamente, uma missão impossível. O correto seria fazer várias listas, considerando cada um dos fatores relacionados à doença, como letalidade e a incidência. E, mesmo assim, vale lembrar que descobrir uma neoplasia maligna que está em uma dessas enumerações não significa que há menos chances de bons resultados. Atualmente, existem vários tratamentos, que possibilitam a cura ou a remissão.
Qual câncer é o mais perigoso?
Definir quais os cânceres mais perigosos é uma tarefa complexa, pois envolve uma série de questões, que variam dependendo da pessoa.
Primeiramente, é preciso olhar para a doença e o paciente. Um primeiro ponto a ser avaliado para saber qual o risco daquele tumor é a velocidade. Ou seja, o quão rápido ele surge e compromete os órgãos e tecidos do corpo. O segundo, é a dificuldade do diagnóstico, que impacta diretamente, no quão avançada (estadiamento) a doença está ao ser descoberta. Outro fator é a idade do paciente, que está relacionada com a capacidade do organismo de receber um determinado tratamento.
“Assim, levando em conta todos esses fatores, determinamos quais são os tumores que têm a maior chance de levar o paciente à morte”, conta o Dr. Gélcio Mendes, coordenador geral de assistência e diretor-geral substituto do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Porém, ele ressalta que outro ponto que tem ganhado muita relevância é o resultado do tratamento. As leucemias infantis, por exemplo, costumam progredir com grande velocidade e são diagnosticadas em um estágio tardio. Entretanto, elas têm grandes chances de cura, especialmente, devido à eficácia das terapias disponíveis.
Em seguida, é preciso analisar aspectos da doença na sociedade, como a quantidade de pessoas comprometidas. Então, uma doença pode ter uma alta letalidade e ser muito rara.
“Uma doença rara, entendemos como um risco menor do que uma doença que, apesar de não ser tão letal, compromete um número muito grande de pessoas. Nessa segunda situação, o número de mortes passa a ser maior simplesmente porque há muitas pessoas com aquela doença”, o Dr. Mendes explica.
Portanto, são muitos fatores que precisam ser avaliados e, por isso, não é possível eleger o câncer mais perigoso. Mas é possível falar em câncer mais letal e mais incidente.
Câncer mais incidente no Brasil
Qual o tipo de câncer mais letal?
Uma lista feita também pelo INCA, no ano de 2018, elenca os cânceres mais letais no Brasil:
1º) Traqueia, brônquio e pulmão
2º) Cólon e Reto
3º) Mama
4º) Estômago
5º) Próstata
6º) Fígado
7º) Pâncreas
8º) Sistema Nervoso Central
9º) Esôfago
Ao comparar a primeira lista com a segunda, é possível perceber que tanto os tipos de câncer, quanto a posição que eles ocupam, varia. Um exemplo é o linfoma não-Hodgkin, que aparece como um dos mais incidentes, porém não está na lista dos mais letais.
Já outros tipos de tumores que aparecem nas primeiras posições, em incidência, caem algumas colocações em letalidade. O Dr. Mendes ressalta que isso acontece porque todas essas neoplasias malignas apresentam boas taxas de cura, quando diagnosticadas precocemente.
“Assim, ao observar a lista da letalidade, principalmente os cânceres de mama e de próstata, temos diagnósticos mais precoces. Isso acontece porque as mulheres fazem, habitualmente, a mamografia anual, ou bianual, a partir dos 50 anos. Além disso, é uma prática corrente, na nossa sociedade, a realização do toque retal e a testagem do PSA no sangue dos homens. Então, essas são duas doenças que têm uma frequência grande de pacientes em estágio inicial. Dessa forma, tendo uma grande chance de cura”, diz.
O contrário também é verdadeiro, então tumores que são de difícil diagnóstico tendem a ser mais letais. Como o de pulmão, que aparece como o 4º mais incidente e 1º mais letal. O médico informa que, comumente, quando o paciente com essa doença procura um médico, a massa já está grande ou com metástase. O mesmo acontece com os cânceres de fígado, pâncreas e do sistema nervoso central
Tenho um câncer mais perigoso. E agora?
Apesar de todos esses fatores poderem assustar, atualmente, existe tratamento para todos os tipos de câncer. Vale lembrar que, em alguns casos, o objetivo principal não é curar a doença, mas sim controlá-la. Porém, em todos os casos, os oncologistas têm ao seu alcance uma grande variedade de possibilidades de terapias. Qual a melhor delas e qual será a intenção do tratamento, varia de caso para caso.
“Cada tipo de tumor tem uma lógica de tratamento. Quando falamos de tratamento oncológico, falamos em três grandes grupos: cirurgia, radioterapia e tratamento medicamentoso. O medicamentoso envolve quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia e as chamadas terapias-alvo”, o especialista detalha.
Ele exemplifica que para o câncer de pulmão em estágio inicial, recomenda-se a cirurgia oncológica. Dependendo da situação, ela pode ser realizada em conjunto com a quimioterapia. Por outro lado, para os pacientes que estão com a doença em um estágio um pouco mais avançado, é realizada radioterapia mais quimio, ou somente radio. E, aqueles em metástase, os principais são os tratamentos medicamentosos, como quimio ou terapia-alvo.
Para os tumores de cólon e reto, a cirurgia é fundamental nas fases iniciais. Também a depender da situação, podem ser indicadas a radio e a quimio como método terapêutico inicial.
Com o linfoma não-Hodgkin também. A depender do subtipo da doença, poderão ser indicados quimio, imunoterapia e terapias-alvo. Se o linfoma for indolente, em um primeiro momento apenas o acompanhamento médico será necessário.
“A lógica, na maioria dos tratamentos é: os tumores, na fase inicial, sempre que for viável, fazer a cirurgia; naqueles tumores, numa fase mais avançada, mas ainda localizados e que não são passíveis de cirurgia, alguma combinação de quimio e radio; e aqueles com metástase, tratamento medicamentoso, envolvendo quimio, imuno, hormonioterapia ou terapia-alvo, conforme o tipo da doença”, finaliza o Dr. Gélcio Mendes.
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