ABRALE – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia
13 de setembro de 2022
Última atualização em 5 de outubro de 2022
Esse câncer se dissemina pelo corpo de uma forma diferente que os tumores sólidos, mas, mesmo assim, pode afetar diferentes órgãos
Dizer que o linfoma tem metástase não está exatamente certo por alguns motivos. Mas, sim, esse câncer pode aparecer tanto em linfonodos ou no sistema linfático, quanto em órgãos que estão em diversas partes do corpo. Quando isso acontece, faz com que o seu estadiamento seja considerado mais avançado. Nesses casos, o tratamento se torna mais complexo, porém, ainda assim, é possível controlar a doença.
Linfoma tem metástase?
Na verdade, falar “linfoma com metástase” não está certo, pois as células que estão envolvidas no desenvolvimento desse câncer já estão por todo o corpo. Então, não é que a doença se espalha pelo organismo, como acontece nos tumores sólidos.
O Dr. Sérgio Augusto Buzian Brasil, hematologista, coordenador da Hematologia do Hospital Santa Paula, explica que a metástase acontece quando as células doentes de uma lesão inicial migram para um local distante, por via sanguínea ou linfática.
“Quando, por exemplo, células cancerígenas do pulmão ou da mama estão presentes em ossos, fazem isso porque elas lançam mão de mecanismos que permitem que se desprendam do tumor inicial, viajem através da corrente sanguínea ou do sistema linfático, cheguem ao osso e aí criem condições para sobreviver e se multiplicar”, o doutor descreve.
Entretanto, as células que originam os linfomas são os linfócitos, um tipo de glóbulo branco que está na corrente sanguínea, no sistema linfático e em alguns órgãos – por exemplo, no estômago ou na tireoide, para a defesa contra agentes externos. Dessa forma, mesmo em pessoas sem câncer, os linfócitos já se encontram em diversas partes do corpo.
“Os linfócitos, normalmente, estão presentes nos linfonodos (popularmente conhecidos como ínguas) mas, a rigor, podem estar em qualquer lugar do corpo que seja solicitada sua presença”, o Dr. Sérgio Brasil esclarece.
Por esse motivo, ele conta que não faz muito sentido dizer que o linfoma tem metástase.
Linfoma estágio 4 tem cura
O estadiamento do linfoma é utilizado para determinar onde a doença está localizada e ele é dividido em quatro fases. O mais comum é encontrarmos essa classificação escrita em números romanos, de I a IV, mas ela também aparece em números cardinais, de 1 a 4.
No caso do linfoma estágio 4, a doença infiltrou não só o tecido linfático, mas também algum outro órgão, como estômago, fígado, rim ou sistema nervoso central (SNC).
Mesmo nessas situações, o hematologista reforça que o termo “metástase” não deve ser utilizado. “Prefere-se utilizar ‘comprometimento extra nodal’, ou ‘disseminação hematogênica’, quando há comprometimento de órgãos que não pertencem ao sistema linfático. E ‘disseminação linfática’, quando há disseminação entre órgãos do sistema linfático que se localizam distantes uns dos outros.”
O Dr. Sérgio Brasil lembra que quanto mais precoce for o diagnóstico de qualquer câncer, melhor será o prognóstico. Então, um linfoma em estágio IV tem uma maior carga tumoral e, “quanto maior essa carga tumoral, mais difícil é combatê-lo e, naturalmente, pior o prognóstico.”
Apesar de ser mais complexo, ele diz que o linfoma de hodgkin estágio 4 tem cura, ou, que é possível, pelo menos, controlar a doença. E o mesmo vale para o linfoma não-Hodgkin estágio 4.
“Mesmo com a constatação da presença do linfoma em vários linfonodos ou em órgãos extra nodais se mantém a possibilidade de cura. Quando isso não ocorre, há, hoje, devido à quantidade de novas opções de tratamento, pelo menos um controle adequado por vários anos, com excelente qualidade e expectativa de vida”, o especialista afirma.
Linfoma espalhado pelo corpo
Como falamos anteriormente, os linfócitos estão presentes em diversas partes do corpo e alguns órgãos podem solicitar “reforço” para essas células combaterem algum agente externo.
Um exemplo dessa situação é o linfoma que se desenvolve no estômago e que, mais comumente, está relacionado à presença da bactéria H. pylori.
“Para se defender desse ataque, o organismo lança mão de seu sistema de defesa. Os linfócitos viajam pela corrente sanguínea e linfática e chegam até o estômago para tentar acabar com as bactérias. Entretanto, como essas bactérias podem resistir, mais e mais linfócitos são mandados ou se multiplicam lá mesmo no estômago”, o médico descreve.
Ele conta que o problema acontece quando esses linfócitos sofrem uma mutação genética, que pode 1) fazer com que essas células passem a se multiplicar mais rapidamente ou 2) fazer com que eles respondam menos à morte programada pelo organismo e, então, em vez de cumprir o ciclo natural de vida, esses linfócitos “vivem” mais.
“Assim, temos um conjunto de ‘super linfócitos’ que, a princípio pode parecer bom, mas com o decorrer do tempo mostra-se ruim. Isso acontece pois eles começam a invadir um território que não lhes pertence por ‘falta de espaço’ – temos aí as condições criadas para o surgimento e o desenvolvimento do linfoma MALT gástrico.
Quando o linfoma se espalha pelo corpo
Outro ponto importante é entender que há diferença quando o câncer se desenvolve em um órgão e quando acaba atingindo esse órgão.
Um exemplo disso é o linfoma primário do mediastino, que pode atingir o pulmão, e o linfoma pulmonar primário.
O mediastino é uma estrutura que ocupa o centro do tórax e é possível que o linfoma apareça nesse local. De acordo com o Dr. Sérgio Augusto Buzian Brasil, não é incomum que a doença acabe comprometendo também os pulmões, a membrana que envolve os pulmões (pleura) ou ainda a membrana que envolve o coração (pericárdio), porque essas estruturas ficam todas muito próximas.
“Como já dissemos anteriormente, não se utiliza o termo metástase nesses casos, por se tratar de um linfoma cujas células de origem já habitarem a corrente linfática e a corrente sanguínea. Por isso, é preferível dizer comprometimento extra nodal (isto é, fora dos linfonodos)”, ele reforça.
E isso é diferente do linfoma pulmonar primário, que aparece quando há uma proliferação anormal de células do tecido linfóide do pulmão.
FONTE
: https://revista.abrale.org.br/saude/
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
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