1 de agosto de 2023
Esse tratamento é feito com cinco medicamentos, que possuem diferentes objetivos, e a principal contraindicação para seu uso é caso o paciente tenha restrição a alguma dessas drogas
O protocolo R-CHOP é um esquema terapêutico que pode ser realizado para tratar alguns tipos de linfoma não-Hodgkin e é composto pelos medicamentos rituximabe, ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e prednisona. Esse tratamento pode causar alguns efeitos colaterais, como reação alérgica, vômito e cansaço, mas é possível amenizá-los e controlá-los. As chances de cura variam muito de acordo com o tipo do câncer, o estadiamento e se o paciente possui alguma doença pré-existente.
O Dr. Rodrigo Brum, especialista em Hematologia do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (INGOH), começa explicando qual a classe de cada um dos medicamentos do protocolo R-CHOP.
Em primeiro lugar, ele informa que a letra R representa o rituximabe, um anticorpo monoclonal, um tipo de imunoterapia. Ele atua se ligando e destruindo uma proteína ou um antígeno, chamado CD20, que está presente na superfície dos linfócitos do tipo B.
“Ao fazer isso ele desencadeia vários mecanismo imunológicos para destruir essa célula”, o Dr. Brum complementa.
Já a ciclofosfamida, a doxorrubicina, também chamada de hidroxildaunorrubicina, e a vincristina, que recebe o nome comercial “Oncovin”, são drogas quimioterápicas que estão representadas, respectivamente, pelas letras C, H e O.
“Elas agem na célula cancerígena, por mecanismos diferentes, com o intuito de destruí-la”, o médico esclarece.
Por último, representada pela letra P, está a prednisona ou prednisolona, que faz parte do grupo dos corticoides e é usada para aliviar sintomas e reações adversas, além de também agir nos linfócitos.
Quando o protocolo R-CHOP é indicado para linfoma?
De acordo com o Dr. Brum, esse esquema terapêutico pode ser usado para tratar linfomas de células B, sendo realizado com maior frequência no linfoma difuso de grandes células B e no linfoma folicular.
Ele diz que esse protocolo com o rituximabe só pode ser usado nos casos em que há o envolvimento dos linfócitos B, justamente devido ao fato do medicamento se ligar aos linfócitos B e destruí-los.
“Nosso organismo possui, principalmente, dois tipos de células linfóides, as do tipo B e as do tipo T. Como descrito anteriormente, o rituximabe atua sobre um antígeno da superfície celular (CD20), que está presente apenas nas células B. Dessa forma, este fármaco não é utilizado quando a doença em questão é oriunda de células linfóides T”, o especialista reforça.
Por outro lado, a única contraindicação existente para o uso desse tratamento é caso a pessoa tenha restrição a alguma das medicações utilizadas. Sendo que o mais comum é a restrição à doxorrubicina por ela poder causar cardiotoxicidade (lesão cardíaca).
“Um paciente, por exemplo, com uma importante cardiopatia (doença do coração) pode ter um risco muito aumentado de complicar sua condição com o uso deste fármaco”, o Dr. Brum exemplifica.
Essa preocupação ocorre, principalmente, em pessoas que têm mais de 80 anos. Nesses casos, é preciso fazer ajustes no protocolo, como diminuição da dose ou mesmo supressão de algum dos medicamentos.
“O paciente deve sempre ser avaliado individualmente para definição do melhor esquema terapêutico para sua doença e condição de saúde específica”, o hematologista alerta.
Como é o esquema terapêutico
Geralmente, a ordem de infusão do protocolo R-CHOP se inicia com o rituximabe, por ele levar um tempo maior para ser administrado. Em seguida, os outros medicamentos são oferecidos.
O Dr. Brum descreve que o único remédio administrado via oral (em comprimido) é a prednisona, o restante é realizado “em regime ambulatorial e é utilizado um acesso venoso central ou um acesso venoso central de inserção periférica (PICC).”
O rituximabe também pode ser tomado via subcutânea.
Já em relação à quantidade de ciclos necessários, esse número varia de acordo com o estadiamento e o tipo do linfoma. Então, quando o câncer está em estágios iniciais, normalmente, é preciso realizar menos ciclos em comparação a quando a doença está em estágio avançado.
Efeitos colaterais do protocolo R-CHOP
Segundo o Dr. Brum, as reações adversas mais comuns são:
- Reações alérgicas (mais frequentes na primeira infusão do rituximabe)
- Náusea
- Vômito
- Queda de cabelo
- Neuropatia
- Cansaço
- Dor no corpo (mialgia) e
- Obstipação intestinal (prisão de ventre ou intestino preso).
O médico ressalta que, na maioria das vezes, esses efeitos não são intensos e afirma que eles podem ser controlados por meio de outros medicamentos. Então, pacientes que enfrentam, por exemplo, náuseas, podem receber anti-eméticos para prevenir vômitos.
É importante saber que essa indicação deve ser feita de forma muito individualizada pelo onco-hematologista responsável por acompanhar o caso. Em nenhum caso a pessoa deve tomar qualquer medicamento por conta própria.
Chances de cura com o R-CHOP
Definir uma taxa de sobrevida para pacientes com linfoma que foram tratados com o protocolo R-CHOP é muito difícil, pois ela varia de acordo com alguns fatores. Os principais são: qual o subtipo do linfoma, estadiamento, presença de comorbidades e complicações ao longo da terapia.
“Um linfoma difuso de grandes células B, por exemplo, possui uma chance de cura de cerca de 60-70%, no entanto esta taxa pode variar consideravelmente, para mais ou para menos, dependendo do estadiamento, envolvimento de sítio atípico, comorbidades, complicações, entre outros. Assim como o tratamento, esta avaliação também é individualizada”, o Dr. Rodrigo Brum conta.
FONTE:
https://www.abrale.org.br/doencas/linfomas/
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
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