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domingo, 18 de agosto de 2024

AVC infantil existe?

 

É raro, mas pode acontecer. Nossa neurologista infantil dra. Rejane Macedo fala sobre o tema

Uma criança pode sofrer um acidente vascular cerebral? Sim, mas é uma situação rara, com incidência estimada de 5 a 10 casos para cada 100 mil crianças/ ano.  É bem mais frequente no período neonatal, até 28 dias de vida, com incidência de 01 caso para cada 2.500 nascimentos. 

O AVC infantil está entre as dez principais causas de mortalidade na infância. Cerca 10 a 20% das crianças morrem decorrente da doença. A chance de recorrência do evento está em 20%. Enquanto 50 a 75% permanecem com alguma sequela. 

Causas e fatores de risco
Ele é decorrente de uma interrupção brusca do fluxo arterial em um território cerebral (AVC isquêmico), por sangramento cerebral (AVC hemorrágico) ou mesmo por obstrução da circulação venosa cerebral (infarto venoso, trombose venosa cerebral).  A criança pode apresentar um AVC isquêmico e hemorrágico ao mesmo tempo. 

Os fatores de risco são diferentes entre adultos e crianças. Enquanto nos adultos os fatores de risco são obesidade, diabetes, aterosclerose, hipertensão arterial, tabagismo, arritmias cardíacas, as causas na infância são bem variadas e costumam ser multifatoriais. 

Na infância, os principais fatores de risco são: cardiopatias, anemia falciforme, distúrbios de coagulação, malformações vasculares, arteriopatias, vasculites sistêmicas, infecções agudas, infecções crônicas, doenças genéticas e metabólicas, linfomas e outros tipos de câncer, trauma de crânio e cervical, usam de drogas. O vírus da varicela é um exemplo importante a ser lembrado, pois pode levar a uma arteriopatia até 01 ano após a sua infecção. Há ainda causas indeterminadas, em que cerca de 1/3 dos casos não é possível identificá-las. 

As causas podem variar ainda conforme a faixa etária. O AVC perinatal, que vai desde a 20ª semana de gestação até 28 dias de vida, pode ter risco aumentado em certas condições maternas, tais como, histórico de infertilidade, pré-eclâmpsia, corioamnionite. Após o nascimento, há outros fatores, como desidratação, sepse, uso de cateteres, cardiopatias, trombofilias.

Sintomas
A apresentação clínica pode ser diferente na infância, podendo se manifestar de forma mais sutil, como uma dificuldade súbita de andar ou apenas com uma crise epiléptica. Os sintomas mais comuns são fraqueza motora súbita, que se manifesta com hemiparesia, dificuldade na fala e na deglutição, crise epiléptica, sonolência, irritabilidade. Pode haver ainda, déficit visual, alterações de sensibilidade e alterações cognitivas, bem como déficit de atenção. Cerca de 50 a 75% dos casos, permanecem com sequelas após o evento. 

Em recém-nascidos, a apresentação clínica aguda costuma ser inespecífica, manifestando-se como crise epiléptica ou apneia. As sequelas motoras e cognitivas só costumam ser reconhecidas mais tardiamente, por volta dos 4 a 6 meses de idade, quando pode ser observado atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, hemiparesia e epilepsia. 

Uma pista importante quanto a presença de hemiparesia em bebês é observar o uso de uma mão preferencial antes dos 18 meses de idade, quando ainda não está desenvolvida essa habilidade.

A única maneira de fazer o diagnóstico definitivo é por meio dos exames de imagem, como tomografia computadorizada, ressonância magnética e angiorressonância.

O reconhecimento do AVC na infância costuma ser tardio, principalmente por desconhecimento da sua existência. Existe um mito de que criança não possa sofrer AVC. Além do fato de que sua apresentação clínica seja facilmente confundida com outras causas ou doenças mais comuns na infância. Por isso, é importante o alerta sobre essa condição que pode ser muito grave.

​​Por dra. Rejane de Souza Macedo, neurologista infantil do Einstein
 
Publicado em: 26/02/2018

 

 

 

FONTE : https://www.einstein.br/noticias/noticia/avc-infantil-existe

 
 
 
 






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abs

Carla

 

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