No Dia Nacional de Combate ao Colesterol Elevado, um levantamento revela que parte da população desconhece seus níveis e a importância de controlá-los
Por Maria Cristina Izar, cardiologista, e Valéria Machado, nutricionista*
8 ago 2024, 08h53
Um exame de sangue simples pode lhe trazer números de sorte: os valores do colesterol. “Sorte” porque, independentemente de como está seu LDL (também chamado de “colesterol ruim”), o resultado mostra se sua saúde está no caminho certo ou se é necessário iniciar um tratamento para afastar ou controlar a chance de problemas cardiovasculares graves e até fatais.
Antes de tudo, é bom lembrar que o colesterol é classificado em ótimo ou bom (abaixo de 100 mg/dL e entre 100 a 129 mg/dL, respectivamente); limítrofe (entre 130 a 159 mg/dL); alto (160 a 189 mg/dL) ou muito alto (acima de 190 mg/dL).
Porém, hoje, as recomendações de diretrizes vão além desses números, levam em conta não só os valores ideais, mas o risco cardiovascular calculado de cada paciente.
Porém, hoje, as recomendações de diretrizes vão além desses números, levam em conta não só os valores ideais, mas o risco cardiovascular calculado de cada paciente.
Um exemplo são indivíduos que já sofreram infarto ou um AVC. Para eles, os valores do colesterol ruim devem ser ainda mais baixos (menos de 50 mg/dL). Manter o LDL em níveis adequados para o seu perfil previne o primeiro evento ou sua recorrência.
E é realmente muito importante ter acesso a esses indicativos, que dão oportunidade de o paciente contra-atacar antes que seja tarde, uma vez que o colesterol elevado é uma condição que não apresenta sintomas prévios.
Apesar de contarmos com meios de monitoramento eficazes, existe muito desconhecimento sobre a gravidade que o descontrole do LDL representa ao sistema cardiovascular. Estima-se que 50% dos infartos seriam evitados se os níveis de colesterol estivessem dentro dos parâmetros.
Segundo dados oficiais, no Brasil, quatro em cada 10 adultos têm colesterol alterado.
Pesquisa mostra desconhecimento
Em pesquisa da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) realizada com 2.764 entrevistados, só 11% das pessoas mencionaram o colesterol como fator danoso ao coração.
E apenas metade dos consultados havia feito teste de colesterol no ano vigente; 67% tinham pesquisado há mais de um ano e 17% nunca realizaram o controle.
Só vale esclarecer que o colesterol LDL não é vilão o tempo todo. Dentro dos valores desejáveis, ele é importante para o funcionamento do organismo, contribuindo para a síntese de hormônios, vitamina D e bile.
Porém, quando elevado, tende a se acumular nos vasos sanguíneos, favorecendo a formação de placas de gordura, que restringem o fluxo de sangue e, consequentemente, aumentam o risco de infarto e de acidente vascular cerebral (AVC). Sedentarismo, estresse, hereditariedade e alimentação de má qualidade nutricional são alguns dos responsáveis pelo aumento do LDL.
Importância da alimentação
As medidas preventivas para equilibrar o colesterol incluem comer bem. O consumo restrito de certos produtos – como carnes gordas, gorduras trans (contidas na maioria dos industrializados), frituras e queijos amarelos – é uma das principais recomendações neste sentido.
Carnes magras, como peixes com alto teor de ômega 3 (cavalinha, arenque, atum, salmão e truta); azeite; farinha e farelo de aveia e demais ricos em fibras são recomendáveis nas refeições diariamente.
Pela pesquisa da Socesp, fica claro que a população não segue essas recomendações. E pior: não assimilou que comer de forma desregrada também prejudica a saúde cardiovascular. Somente 13% apontaram que a comida influencia o coração
Além disso, 90% declararam a ingestão de ovos e carnes regularmente, 67% de leites e derivados, 64% de açúcar e 65% de óleos e gorduras. A má notícia é que nesses grupos estão alguns inimigos do bom colesterol.
Em contrapartida, os saudáveis, que ajudam a manter o colesterol nos eixos, não têm o protagonismo merecido: 31% não comem hortaliças, 24% não consomem frutas e 27% não colocam legumes no cardápio.
O arsenal de ataque ao colesterol elevado abrange ainda a atividade física, que reduz o colesterol ao melhorar o metabolismo lipídico. Mas, ainda de acordo com a pesquisa SOCESP, 37% não se exercitam e outros 37% praticam, no máximo, duas vezes por semana. Só 26% têm rotina de, pelo menos, quatro treinos semanais.
Dia Nacional de Combate ao Colesterol Elevado
A conscientização sobre os males que o colesterol fora de controle pode causar é o primeiro passo. Em seguida, vem a busca por orientação médica e o cumprimento das diretrizes estipuladas. Por isso, em 8 de agosto temos o Dia Nacional de Combate ao Colesterol Elevado.
A Socesp também está engajada nesta mobilização e divulga, durante o mês de agosto, entrevistas, podcasts e postagens em suas redes sociais e site, conversando diretamente com o público.
O trabalho visa solucionar dúvidas e estimular o devido cuidado com o LDL, além de apresentar boas práticas para manter o colesterol dentro dos limites e usufruir de uma vida sem os perigos que a doença acarreta.
* Maria Cristina Izar é cardiologista, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp — biênio 2024/2025) e professora adjunta livre docente da Disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Valéria Machado é coordenadora geral do Departamento de Nutrição da Socesp e mestre e doutora em Ciências Aplicadas à Cardiologia.
Leia mais em: https://saude.abril.com.br/coluna/guenta-coracao/colesterol-exame-detecta-problemas-antes-que-se-tornem-irreversiveis/
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
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