As pessoas com Demência podem experimentar dor física pelas mesmas razões que as outras pessoas. Contudo, o declínio da função cerebral e das suas capacidades podem torná-las menos capazes de comunicar aos seus prestadores de cuidados que estão a sentir dor.
As pessoas com Demência podem ser incapazes de comunicar a sua dor de forma clara ou de interpretar corretamente os sinais de dor e transmitir o seu desconforto através de outro comportamento. Nem sempre é fácil determinar se a pessoa está em sofrimento, pelo que a dor frequentemente passa despercebida e fica sem tratamento.
Esta situação pode resultar no sub-tratamento da dor e na diminuição da sua qualidade de vida. No entanto, esta situação é evitável através da observação dos sinais não-verbais de dor e da prestação de um tratamento adequado.
Tanto quanto se sabe, a Demência não causa dor. No entanto, as pessoas com Demência podem ser afetadas pelas mesmas doenças do que as pessoas sem Demência e algumas destas doenças podem ser dolorosas.
A investigação sugere que quando uma pessoa com Demência tem dor, corre o risco de não ser tratada por duas crenças erradas ? primeira, a pessoa com Demência não experimentamos a dor - e segunda, nada pode ser feito pelas pessoas com Demência.
Dor aguda ou crônica
A forma como experimentamos a dor física é muito individual. Uma dor resultante da mesma causa pode ser sentida, por cada pessoa, de forma diferente. Podemos utilizar várias palavras para descrever a nossa dor, desconforto, moinha, pontada, cortante, sensação de queimadura, latejante, etc. Podemos, também, inconscientemente mostrar sinais de dor, tais como fazer certas expressões faciais ou afastar do toque a parte do corpo dolorida.
Sentimos dor porque da parte do corpo afetada são enviados sinais para áreas específicas do cérebro. Reconhecer que alguém com Demência está com dores nem sempre é fácil. A dor é uma experiência muito pessoal e a avaliação é usualmente baseada na nossa percepção da dor e na comunicação do seu tipo, gravidade e localização.
Mas, para alguém com Demência que tem dificuldade em comunicar, será necessário reconhecer a dor de outra forma. Alguns comportamentos e sintomas podem indicar que a pessoa tem desconforto, dor ou que não está bem.
Estes comportamentos e sintomas podem incluir:
Alterações do comportamento. A pessoa pode parecer apática, letárgica, frustrada ou mesmo zangada;
Dormir mais do que o habitual;
Chorar;
As expressões faciais ou verbais podem indicar dor numa parte específica do corpo;
Relutância em mover-se;
Quando perguntar à pessoa com Demência sobre a sua saúde, tente utilizar uma variedade de palavras que possam ajudar a pessoa a descrever aquilo que sente. Pode ser útil utilizar palavras como desconforto, incômodo, magoado, doloroso e ferida. Em intervalos regulares, pergunte à pessoa se tem dores, em vez de fazê-lo uma única vez.
A queixa verbal de dor
Nas fases iniciais da Demência, as pessoas são capazes comunicar a alguém que estão a sentir dor. No entanto, o declínio das capacidades de pensamento pode torná-las menos capazes de entender por que motivo estão a sentir dor e de saberem o que fazer em relação a esta.
O declínio da função cerebral e das competências de comunicação pode prejudicar a capacidade da pessoa para relatar com precisão a localização, o nível e o tipo de dor que está a sentir ou para lembrar-se de tomar a medicação regularmente para aliviar a dor, o que significa que a pessoa poderá permanecer em sofrimento.
As situações que podem levar uma pessoa a não comunicar a sua dor são: a depressão; o medo de necessitarem de uma cirurgia, hospitalização ou de transitarem para uma unidade residencial; a percepção errônea de que todos os analgésicos criam dependência; não quererem parecer fracas ou queixosas.
As diferenças culturais, religiosas e de gênero podem afetar o relato de dor. Algumas pessoas não querem perder o respeito da sociedade ao admitirem que estão com dor e que precisam de ajuda, ou acreditam que a dor deve ser sentida em silêncio.
Outras pessoas consideram que devem relatar de imediato a dor e obter um alívio instantâneo da mesma. Como resultado das expectativas sociais e culturais, alguns homens podem acreditar que precisam de ser fortes e que devem aguentar a dor.
Os sinais não-verbais podem incluir:
Expressões faciais;
Gestos que indicam sofrimento;
Resguardar uma parte do corpo ou ter relutância em movimentar-se;
Gemidos de dor ao movimentar-se;
Movimentos limitados ou lentos;
Aumento da frequência cardíaca, pressão arterial ou sudorese;
Inquietação;
Choro ou sofrimento;
Aumento ou diminuição das vocalizações;
Comportamento social retraído;
Letargia ou aumento do sono;
Sono perturbado ou agitado;
Diminuição do apetite (e diminuição da ingestão nutricional);
Aumento da confusão;
Raiva, agressividade, irritabilidade ou agitação
Alguns destes sintomas ou alterações podem ser resultado de outros problemas. Contudo, a dor deve ser sempre considerada como uma causa potencial e tratável. É, também, importante lembrar que algumas pessoas apresentam poucos ou nenhuns comportamentos específicos associados à dor.
Alzheimer Austrália.
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
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