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domingo, 22 de agosto de 2021

CÂNCER: Como funciona o protocolo ABVD para o linfoma de Hodgkin

13 de agosto de 2021


Tratamento Para Linfoma De Hodgkin Com Protocolo Abvd


Entenda o que é e a importância do protocolo, utilizado há algumas décadas, para o tratamento desse tipo de câncer

Escrito por:

Natália Mancini

O protocolo ABVD é um esquema de terapia clássico utilizado para o tratamento do linfoma de Hodgkin. Ele consiste em um conjunto de quatro drogas quimioterápicas, sendo elas Adriamicina, Bleomicina, Vinblastina e Dacarbazina, e o seu tempo de duração varia de acordo com algumas características da doença. A escolha desses medicamentos é tida como padrão para os pacientes, pois, no geral, apresenta boa taxa de remissão e baixa toxicidade. 

A Drª. Valeria Buccheri, coordenadora do Departamento de  Linfoma de Hodgkin do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP),  recorda que até chegar no protocolo ABVD, o tratamento de linfoma de Hodgkin (LH) passou por diversas etapas e foi evoluindo.

No início da década de 40, era utilizada a monoquimioterapia com mostarda nitrogenada. Como resultado, essa terapia apresentava boas respostas, mas elas não se mantinham por muito tempo. 20 anos após, foi introduzido o esquema MOPP, contendo as drogas Mecloretamina, Vincristina, Procarbazina e Prednisona. 68% dos pacientes, em estadiamento avançado, tratados dessa maneira possuíam sobrevida livre de doença de 10 anos.

“Logo após, foi idealizado o esquema ABVD (DoxorrubicinaBleomicinaVinblastina e Dacarbazina), inicialmente para casos recidivados/refratários ao MOPP. Posteriormente, foi administrado como parte do tratamento alternado MOPP e ABVD e do protocolo híbrido MOPP/ABV”, a médica conta. 

Em pouco tempo, o ABVD se mostrou superior ao MOPP e com menor toxicidade e estabeleceu-se como principal escolha para esse tipo de linfoma. Isso permanece até os dias de hoje.



Quais pacientes podem receber o protocolo ABVD?

De acordo com a Drª.Valeria esse esquema de quimioterapias é o padrão realizado para a grande maioria dos casos de linfoma de Hodgkin.

Entretanto, ele pode, ou não, ser realizado juntamente à radioterapia dependendo do estágio da doença.

Estadiamento Do Linfoma

“Todos os pacientes com LH são divididos em quatro estádios clínicos, a depender da extensão da doença. Essa é a primeira etapa para se programar uma terapêutica adequada”, ela diz.

Aqueles em estágios precoces (I e II) recebem o protocolo de quimioterapia associado à radioterapia. Já para aqueles em estadiamento avançado (III e IV), o método utilizado é somente a administração das drogas.


Tratamento com ABVD

Quanto tempo o tratamento com o protocolo ABVD irá durar também é determinado pelo estadiamento do linfoma. Sendo que, para alguns casos, ainda leva-se em consideração o risco de recidiva. Ou seja, a possibilidade da doença retornar. 

A especialista explica que um ciclo de ABVD consiste na administração intravenosa dos quimioterápicos  no 1º e 15º dias de cada ciclo – um ciclo dura 28 dias. 

Pessoa Com Câncer Fazendo Quimioterapia E Radioterapia

Os pacientes que possuem esse câncer em estadiamento I e II, são divididos em dois grupos conforme o risco de recidiva. Se o risco for:

  • Baixo, são administrados dois ciclos de ABVD, com duração de dois meses. Em seguida, é feita a consolidação com radioterapia apenas onde houver linfonodos comprometidos pela doença.
  • Alto, são realizados quatro ciclos de ABVD, com duração de quatro meses. Depois, também é feita a radioterapia apenas nos locais comprometidos. 

Já no caso da doença em estadiamento avançado, são feitos seis ciclos de ABVD, com duração de seis meses.

“O ABVD, associado ou não à radioterapia, e considerando todos os pacientes, apresenta taxas de cura entre 70% a 95% dos casos. Com algumas exceções, o protocolo tem baixa toxicidade, particularmente para o sangue, e há uma ocorrência muito baixa de infertilidade”, a Drª.Valéria conta. 



Efeitos colaterais do ABVD

A médica detalha que as principais reações adversas imediatas são:

  • Alopecia (queda de cabelo)
  • Náusea/vômito
  • Obstipação
  • Neutropenia (neutrófilos abaixo de 1000/mm³) e
  • Reação alérgica (durante a infusão da Bleomicina)

Geralmente, o nadir, momento entre cada ciclo no qual as contagens de células estão mais baixas e, portanto, a neutropenia está mais forte, acontece entre o 7º e o 12º dia após a administração dos medicamentos.

Entretanto, é possível prevenir e evitar esses efeitos colaterais.

A hematologista informa que “para prevenir náusea, vômito e reação alérgica todos os pacientes são pré-medicados com anti-eméticos potentes e antihistamínicos, pela via intravenosa, 30 minutos antes da quimioterapia. ”

Para os pacientes com neutropenia, é utilizada uma terapia que estimula o crescimento de granulócitos. Dessa forma, a quantidade dessas células volta ao valor considerado como saudável. 

Além disso, para aqueles que têm antecedente de infecção viral, por exemplo, pelo vírus da herpes, é feita uma profilaxia. 



Falta de Bleomicina

Desde 2017, o Brasil enfrenta desabastecimentos periódicos da Bleomicina, consequentemente, causando o sumiço desse medicamento dos centros de tratamento. Por esse motivos, alguns pacientes passaram a ser tratados apenas com o AVD (Adriamicina, Vimblatina e Dacarbazina).

Desenho De Um Homem Procurando Por Algo

“Vale ressaltar que as dificuldades encontradas pelo desabastecimento periódico da Bleomicina são decorrentes de termos apenas um único fornecedor no país, que pode não ter condições de atender toda a demanda”, a médica explica.

Mas, ela complementa afirmando que, na maioria dos casos, a indisponibilidade da medicação acontece por poucos ciclos e não impacta no tratamento. Sendo que para esses pacientes que receberam o protocolo AVD, são necessários maiores estudos a longo prazo e com um número considerável de pessoas para avaliar se e como os resultados foram afetados.




O futuro do tratamento do linfoma de Hodgkin

“Considerando todos os pontos mencionados anteriormente, particularmente as altas taxas de cura com poucos efeitos colaterais, e adicionando o baixo custo do protocolo ABVD, a tendência é que ele continue sendo utilizado. É importante frisar que, quanto antes o paciente é tratado, isto é, quanto menor o volume tumoral, maior sua chance de cura e isso vale para a maioria dos tumores”, a Drª. Valeria Buccheri conclui. 





Enfermeira Ao Lado De Um Pacientes Fazendo Terapia Com Protocolo Abvd


ESCLEROSE MÚLTIPLA




obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico

abs

Carla 

https://revista.abrale.org.br/


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