17 de agosto de 2021
Esse câncer do sistema linfático atinge, principalmente, crianças e jovens. Apesar de ser considerado agressivo, costuma apresentar boas taxas de cura
O linfoma de Burkitt é um subtipo de linfoma não-Hodgkin que pode aparecer em pessoas de qualquer idade, porém com maior predominância na faixa etária de 0 a 19 anos. Essa doença representa cerca de 5% dos cânceres nessa população, ocupando o 3º lugar das neoplasias malignas mais comuns na infância e adolescência. O tratamento, geralmente, é feito com quimioterapia e apresenta boas respostas, representando uma chance de cura de até 90% quando o câncer é diagnosticado nos estágios iniciais.
A Drª. Ana Paula Kuczynski, oncologista do Hospital Pequeno Príncipe, explica que o motivo para o linfoma de Burkitt ser mais predominante em crianças e adolescentes é devido à imaturidade do sistema imunológico. Ou seja, por ele ainda estar em desenvolvimento, há uma maior chance de uma mutação genética acontecer. Podendo causar, dessa forma, o aparecimento de células anormais e com proliferação descontrolada, originando esse tipo de linfoma não-Hodgkin (LNH).
A oncologista conta que esse linfoma é considerado agressivo devido ao crescimento rápido da doença. Isso acontece porque “existe um índice mitótico muito alto nas células tumorais. Isto é, elas têm uma capacidade de divisão celular muito acelerada. ”
Além disso, esse câncer tem uma capacidade alta e rápida de destruir outras células, podendo ocasionar uma sobrecarga renal e alguns pacientes podem necessitar, inclusive, de hemodiálise.
“Por outro lado, apesar desta evolução muito rápida da doença, a resposta ao tratamento é também muito rápida, com ótimas chances de cura”, a doutora complementa.
O que causa o linfoma de Burkitt?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divide essa doença em três tipos: endêmico, esporádico e associado à imunodeficiência. De acordo com a médica, a diferença entre o endêmico e o esporádico é a maior ou menor presença do DNA do Vírus Epstein-Barr (EVB).
“O endêmico tem sido descrito em países em desenvolvimento com 50 a 100% contendo DNA-EBV. Sendo mais prevalente na África, Turquia e no Amazonas e são mais frequentemente associados a massas mandibulares. Em países desenvolvidos, a associação com o EBV é muito menor (10 a 20%). O linfoma Burkitt esporádico tem como principais manifestações clínicas, massas abdominais”, ela diz.
Já o linfoma associado às imunodeficiências, normalmente, acontece em pessoas cuja imunidade está comprometida. Por exemplo, portadores do vírus HIV, pessoas que fazem uso de drogas imunossupressoras. Além de também estar relacionado a síndromes congênitas, como a de Wiskott-Aldrich, a ataxia-telangiectásica e síndrome de Bloom.
Ainda não se sabe exatamente o que acontece para que o linfoma de Burkitt se desenvolva, entretanto sabe-se que há alguns fatores risco, relacionados à classificação da OMS citada acima, como:
- EVB, HIV e HTLV
- Medicamentos imunossupressores, principalmente utilizados após transplantes, radioterapia
- Doenças congênitas associadas a imunodeficiências
Sintomas do linfoma de Burkitt
- Aparecimento de linfonodos aumentados (“caroços”) pelo corpo
- Dor no abdome
- Obstipação ou diarréia
- Perda de apetite
- Náusea
A Drª. Ana Paula ainda conta que “outra forma de apresentação, mais comum na forma endêmica, é o aumento de volume da mandíbula, podendo causar dor local. Também manifesta-se como aumento de volume da região orbitária, causando dor e protrusão ocular. ”
Como é feito o diagnóstico
Para identificar o linfoma, é feita uma avaliação física detalhada do paciente, bem como análise de seu histórico médico. Em seguida, o especialista solicita a realização de exames laboratoriais, como o hemograma, exames de imagens, por exemplo tomografias e/ou ressonâncias magnéticas, e análises do líquor e medula óssea.
Mas, para determinar, com certeza, se é linfoma de Burkitt, é preciso fazer uma biópsia do local acometido. Pode ser retirado um pedacinho dos caroços que aparecem, ou da “massa” que cresce em algumas partes do corpo. Esse material coletado passa por análises histológicas, imunohistoquímicas e citogenéticas que apontam se há a presença da doença.
Tratamentos para linfoma de Burkitt
Tradicionalmente, a escolha de método terapêutico para esse linfoma é a quimioterapia. A Drª. Ana Paula informa que faz-se uso do Protocolo Brasileiro, uma combinação de diversas drogas que variam de acordo com o estadiamento da doença. Dentre os possíveis medicamentos, os principais são corticosteróides, Vincristina, Ciclofosfamida, Methotrexato em altas doses e anticorpo anti-CD20.
Segundo a especialista, a terapia dura de quatro a 10 meses, mas, pode aumentar e ser mais agressiva conforme o estágio. Ou seja, para os estágios I e II, a quimioterapia é mais “branda” e rápida, enquanto que para os estágios III e IV, é mais agressiva e demorada.
Parte importante do protocolo de tratamento para o linfoma de Burkitt é a quimioterapia intratecal. Todos os pacientes são submetidos à ela desde o momento do diagnóstico para prevenir que aconteça a infiltração do SNC (sistema nervoso central).
É de extrema importância estar atento às complicações que podem acontecer tanto por conta da doença em si, quanto por causa da terapia. Por exemplo, insuficiência renal e maior perigo das infecções por conta da baixa imunidade (neutropenia). Mas, a boa notícia é que esses quadros podem ser prevenidos e tratados.
Como um dos possíveis efeitos colaterais da quimioterapia é a infertilidade, pacientes jovens e/ou que ainda desejam ter filhos no futuro, podem se beneficiar de métodos para a preservação da fertilidade.
Em relação à resposta à terapia, a Drª. Ana Paula Kuczynski conta que “as chances de cura são muito muito boas, podendo chegar até 90% nos estágios iniciais. Entretanto, se houver o acometimento da medula óssea e/ou do sistema nervoso central o prognóstico é mais reservado. ”
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
https://revista.abrale.org.br/
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