7 de fevereiro de 2020
De 80 a 90% dos casos de câncer no Brasil poderiam ser prevenidos se os fatores de risco para essa doença fossem evitados
O câncer aparece pela junção da disposição genética com a exposição aos fatores de risco. A disposição genética está ligada tanto à hereditariedade, ou seja, a capacidade da mutação genética que causa o tumor ser transmitido para a próxima geração, quanto ao envelhecimento das células. Quando um indivíduo envelhece, suas células também ficam mais velhas e sofrem mudanças. Nesse processo elas podem ficar mais suscetíveis a desenvolver um câncer.
Ao juntar essas questões genéticas com os fatores de risco, situações que fazem com que o risco para algo seja maior, explica-se o porquê das pessoas com mais idade serem mais atingidas pelo câncer.
“O aumento do número de casos de câncer se dá basicamente por dois fatores principais. Primeiramente, o envelhecimento populacional e, em segundo, o melhor controle de outras doenças. Por isso, o câncer é uma doença preferencialmente de pessoas mais velhas, embora possa acontecer em jovens”, explica o Dr. Felipe Ades, oncologista no Hospital Oswaldo Cruz.
A grande questão, entretanto, é que cada vez mais, pessoas com menor idade também estão sendo diagnosticadas. De acordo com um estudo feito pelo Observatório de Oncologia, entre 1997 e 2016 houve um aumento no diagnóstico de alguns tipos de cânceres em pessoas que têm de 20 a 49 anos.
“Cânceres como de cólon e reto, próstata e glândula tireoide tiveram um aumento significativo nessa faixa etária”, conta o Dr. Luiz Antonio Santini, ex-diretor geral do Inca.
Importância da prevenção do câncer
Atualmente, no Brasil, uma em cada seis pessoas morre devido ao câncer, de acordo com dados do Observatório de Oncologia. Ou seja, a cada seis mortes, uma é por essa doença.
Na genética, não há muito o que possa ser feito. Porém, felizmente, os casos de câncer causados exclusivamente por essa questão são raros.
Entretanto, o que pode (e deve) ser feito é a diminuição de exposição aos fatores de risco. Cerca de 80% a 90% dos casos poderiam ser evitados se alguns hábitos da rotina da população fossem mudados.
Para chamar a atenção das pessoas para a necessidade de evitar esses costumes, a Abrale realizou uma grande ação na Av. Paulista no Dia Mundial de Combate ao Câncer para a campanha #VáDeLenço.
Quem passava pelo local era convidado a entrar em uma cabine montada na frente do Shopping Top Center para descobrir o seu futuro. Entretanto, ao entrar, a pessoa percebia que não era um futuro qualquer. Era o futuro da saúde dela e de todos os brasileiros.
As pessoas respondiam perguntas relacionadas aos fatores de risco e descobriam se suas ações estavam levando-as para a doença ou se tinham hábitos saudáveis. Foram mais de 400 pessoas diretamente impactadas e conscientizadas pela ação física.
Além disso, a campanha Vá de Lenço mobilizou mais de 10 famosos nas redes sociais, dentre eles Carol Castro, Juliano Cazarré, Malvino Salvador e Adriane Galisteu. Eles foram convidados a postar uma foto nas suas redes sociais utilizando um lenço para lembrar a população do Dia Mundial de Combate ao Câncer, da importância da prevenção e homenagear aqueles que já enfrentaram ou enfrentam um câncer.
Como prevenir o câncer
Existem 12 “mandamentos” indicados pelo Inca de como ter uma vida mais saudável e evitar o câncer. O Dr. Ades considera que “por ordem, o hábito mais importante é não fumar. Depois, vem o tripé: boa alimentação, prática de exercícios e manutenção de um bom peso”.
Evitar o consumo de carnes ultraprocessadasOs conservantes presentes nesses alimentos e o modo como eles são processados podem provocar danos nas células da mucosa intestinal. Dessa forma, afeta seu DNA podendo causar um câncer.
Consumir 50g por dia de carne ultraprocessada aumenta 18% o risco de câncer colorretal. Isso equivale a duas fatias de bacon ou uma salsicha.
Outros exemplos de carnes processadas são: presunto, linguiça, salame, mortadela e peito e blanquet de peru.
Evitar exposição ao sol entre 10h e 16h
Evitar totalmente o Sol é impossível, e também não é recomendado. Entretanto, nesse intervalo entre 10h e 16h é quando o Sol está mais forte e ele é o grande vilão de todos os tipos de câncer de pele.
É importante sempre sair com protetor solar, chapéu e protetor labial.
Comer alimentos saudáveis
Esse “mandamento” foca principalmente na questão de consumir vegetais, frutas e legumes, cereais etc. Especialmente os livre de agrotóxicos, já que essas substâncias podem causar, além da intoxicação aguda, alteração nas células levando ao câncer.
Fora isso, também recomenda-se evitar o consumo de fastfoods.
Praticar exercícios físicos
As atividades mais indicadas são as chamadas aeróbicas, que são movimentos contínuos, prolongados e rápidos. Por exemplo, corrida, dança ou até subir escada.
Além de ajudarem a controlar o peso, auxiliam na diminuição do colesterol e fortalece o sistema imunológico.
Vacine contra o HPVO HPV é um vírus sexualmente transmissível que pode causar mutações genéticas nas células do local onde se hospedar. Ele está extremamente ligado aos cânceres de colo do útero, canal anal, pênis e orofaringe.
“A vacinação contra o HPV é fundamental na prevenção do câncer de colo uterino. Praticamente todos os casos são causados por este vírus”, diz o Dr. Ades. Dessa forma, meninas entre 9 e 4 anos e meninos entre 11 e 14, devem ser vacinados!
AmamenteAs mulheres que amamentam podem reduzir de 20 a 25% as chances de terem um câncer de mama e também o de ovário. Isso acontece porque ao amamentar, há uma menor produção de estrógeno, ligado ao desenvolvimento do câncer de mama. Além dos hábitos saudáveis que as mães costumam aderir durante a amamentação, como alimentação e não beber.
Segundo o documento lançado pelo Inca com as estimativas do câncer para os anos de 2020, 2021 e 2022, ainda não é possível estabelecer uma ligação direta entre os fatores de risco e as leucemias.
Entretanto, existem algumas associações entre os fatores e alguns tipos específicos da leucemia. Por exemplo:
Leucemia mieloide aguda (LMA): tabagismo, benzeno, radiação ionizante, quimioterapia, síndrome de Down, síndrome mielodisplásica e outras desordens sanguíneas.
Leucemia mieloide crônica (LMC): benzeno.
Leucemia linfoide aguda (LLA): benzeno, radiação ionizante e quimioterapia.
A produção de borracha, histórico familiar, exposição a agrotóxicos, solventes e infecção por vírus da hepatite B ou C estão associadas a todos os tipos de leucemia.
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
https://revista.abrale.org.br/
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