9 de setembro de 2020
Apesar de fazerem parte do mesmo grupo de cânceres, esses dois tipos de doenças, e seus tratamentos, são totalmente diferentes
O linfoma acontece devido a uma mutação genética dos linfócitos, células de defesa do corpo que, em vez de realizarem suas funções normais, se tornam malignas. Com isso, perdem a capacidade de proteger o organismo e passam a se multiplicar de forma desordenada.
Classificação dos linfomas
Antes de entender a diferença entre os linfomas indolentes e agressivos, vale a pena relembrar os tipos de linfoma que existem.
São dois grandes grupos que contém dois tipos de linfoma, o de Hodgkin (LH) e linfoma não-Hodgkin (LNH). O LH se divide em quatro subtipos e o LNH em mais de 80.
Apesar dos cânceres dos dois grupos poderem ser classificados como indolentes ou agressivos, geralmente, essa indicação se refere aos LNH.
Como cada um dos subtipos de LNH apresenta características específicas, foram criados alguns sistemas para agrupar essas neoplasias malignas. Dessa forma, fica mais fácil de entender o que é e qual o comportamento da doença.
Atualmente, a distribuição mais utilizada é a desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que considera:
- Se o linfoma teve início em um linfócito T ou em um linfócito B
- Como o linfoma aparece quando analisado em um microscópio
- Presença de determinadas proteínas nas células cancerosas
- Características cromossômicas das células do linfoma
Outro fator muito importante a ser considerado é a velocidade com que o linfoma não-Hodgkin se espalha. É nesse critério que entra a classificação de indolente ou agressivo, utilizada para auxiliar a traçar o prognóstico da doença. Ou seja, como sua evolução, provavelmente, acontecerá. Além disso, serve como base para definir qual o melhor tratamento e quando ele deve ser iniciado.
“Os linfomas são ditos indolentes quando possuem características de baixa taxa de proliferação celular, ou seja, progridem lentamente. Já os linfomas agressivos são de progressão rápida, isto é, crescimento rápido”, explica o Dr. Ricardo Chiattone, Hematologista do Hospital Samaritano Higienópolis.
Como saber se o linfoma não-Hodgkin é indolente ou agressivo?
Durante o processo para identificar o linfoma, o oncologista já consegue saber em qual dos grupos a doença está. Com isso, o paciente recebe a informação de qual o tipo do câncer, subtipo e velocidade da evolução.
O Dr. Ricardo Chiattone relembra que para diagnosticar um tumor do sistema linfático, geralmente, utiliza-se a biópsia.
O principal local para ser analisado é o próprio linfonodo aumentado, popularmente chamado de “íngua”, mas também pode ser a medula óssea. Sendo que a medula só é biopsiada quando há alterações no hemograma (exame de sangue).
“O resultado da biópsia também pode oferecer o diagnóstico de um linfoma mais agressivo ou mais indolente”, diz o médico.
Embora essa classificação tenha a ver com a disseminação do câncer pelo corpo, ela não está ligada com o estadiamento. A classificação em agressivo ou indolente está relacionada com a velocidade do crescimento. Já o estadiamento indica quantas e quais partes do corpo estão afetadas. Inclusive, o mais comum é que o linfoma indolente seja identificado em exames de rotina e o agressivo, por conta dos sintomas.
“Por não causarem quase nenhum sintoma, os linfomas indolentes podem ser diagnosticados em estágios mais avançados”, o hematologista explica. Por outro lado, como os agressivos sempre causam manifestações pelo corpo, tendem a ser diagnosticados nos estágios mais iniciais.
Qual dos dois é mais comum?
Na verdade, as taxas de incidência do linfoma não-Hodgkin agressivo e indolente são bem parecidas. Curiosamente, o LNH mais comum é um tumor agressivo e o segundo mais frequente é um indolente.
“O linfoma difuso de grandes células B, maior representante dos linfomas agressivos, é o linfoma não-hodgkin de maior incidência. O linfoma folicular, maior representante dos linfomas não-hodgkin indolentes, é o segundo linfoma mais comum”, o Dr. Chiattone conta.
A grande diferença em relação às taxas desses cânceres está justamente em qual estágio a doença foi diagnosticada. Enquanto 80% dos pacientes de linfoma folicular recebem o diagnóstico tardiamente, 40% das pessoas com linfoma difuso de grandes células B são diagnosticadas nos estágios iniciais.
Outro linfoma muito conhecido e que entra no grupo dos agressivos é o linfoma de Burkitt.
LINFOMA NÃO-HODGKIN tratamento
Conforme já mencionado, o linfoma indolente evolui de maneira bem diferente do linfoma agressivo. Essa característica faz com que os tratamentos para cada um dos cânceres funcione de formas bem distintas.
Por exemplo, a primeira oposição está no fato que para o primeiro grupo de linfoma não-Hodgkin, nem sempre o tratamento precisa ser iniciado o mais rápido possível. Já para o segundo, é extremamente importante que a terapia comece logo após o diagnóstico.
“Os linfomas agressivos devem ser prontamente tratados com imuno-quimioterapia adequada para cada tipo e, eventualmente, radioterapia”, o especialista fala.
Um outro ponto relevante do tratamento desse câncer é a possibilidade do desenvolvimento da síndrome de lise tumoral. Essa é uma complicação frequente que acontece quando as células cancerosas liberam uma série de toxinas e citocinas que podem alterar o funcionamento dos rins e do metabolismo da pessoa. É possível evitar ou minimizar essa síndrome por meio de alguns métodos específicos.
Enquanto que um paciente com linfoma indolente pode, inicialmente, não precisar de nenhum tratamento, e ser somente acompanhado pelo médico. Assim que o especialista identificar que houve uma progressão da doença, inicia-se a terapia. Normalmente, o método utiliza drogas imuno-quimioterápicas ou radioterapia, se o local e tamanho do linfoma permitirem.
“Em geral, o tratamento é iniciado quando o paciente começa a ter sintomas relacionados com o linfoma. Por exemplo, quando há aumento de um linfonodo que o incomoda, ou quando começa a ter sintomas como febre, sudorese profusa e emagrecimento”, o Dr. Chiattone informa.
Linfoma não-Hodgkin tem cura
É possível alcançar a remissão e a cura, entretanto as chances para os dois grupos não são as mesmas.
Nos agressivos, é possível chegar a cura por meio de tratamentos mais intensos e, em alguns casos, transplante de medula óssea. Por exemplo, o linfoma difuso de grandes células B tem cura. De acordo com um estudo publicado no Journal of Clinical Oncology, 60% das pessoas que têm esse câncer podem ser curadas.
Por outro lado, os linfomas mais indolentes são mais difíceis de curar. Em alguns casos, o paciente até entra em remissão, entretanto a doença retorna e é preciso tratá-la novamente.
“Com os tratamentos mais modernos, eles acabam virando doenças crônicas com as quais os pacientes convivem”, o Dr. Chiattone finaliza.
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
https://revista.abrale.org.br/
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