26 de maio de 2020
Os motivos para os pacientes precisarem receber sangue são variados, porém acontecem frequentemente. Doar sangue pode salvar a vida dessas pessoas
Precisar de uma transfusão de sangue é algo comum para o paciente que está passando pelo tratamento contra o câncer. A quantidade de transfusões varia de acordo com o tipo de neoplasia maligna, entretanto, os pacientes onco-hematológicos, normalmente, são os que mais necessitam. Assim, a doação de sangue se mostra um ato essencial para salvar a vida não só dessas pessoas, mas de qualquer um que possa precisar. E neste momento, essa informação deve ser ainda mais reforçada, por conta da atual situação da covid-19.
Dentre os principais motivos que fazem com que o paciente oncológico tenha que receber sangue está a cirurgia para retirada do tumor e a própria quimioterapia.
“As quimioterapias tradicionais bloqueiam o crescimento da maioria das células que crescem rápido, uma linhagem destas são as do sangue. Então bloqueamos, parcialmente, a produção de sangue pelo organismo”, explica o Dr. Rodrigo Santucci, diretor médico do Instituto Hemomed de Oncologia e Hematologia.
No caso dos pacientes com cânceres hematológicos, como as leucemias agudas, a demanda por transfusão de sangue pode ser maior. Isso acontece porque a doença se origina na medula óssea, órgão no qual o sangue é produzido. Assim, nesses casos, o tratamento atinge, principalmente, a medula e o bloqueio na fabricação é ainda maior.
De acordo com o Dr. Santucci, para esses pacientes a necessidade de transfusão de sangue acontece “geralmente, dez dias após a quimioterapia”.
Quais componentes sanguíneos o paciente oncológico mais precisa?
“A contagem muito baixa de plaquetas pode causar hematomas e sangramentos! Além também de poder atrasar os ciclos de quimioterapia e o resultado final esperado do tratamento”, diz o médico.
Entretanto, também pode ser necessário realizar a transfusão de sangue para casos que apresentem uma queda nos níveis de hemácias. Uma das principais razões para essa queda acontecer é a insuficiência renal e inflamação do corpo, efeitos colaterais da quimioterapia.
As hemácias são um tipo de glóbulo vermelho presente no sangue e, assim como todos os glóbulos vermelhos, contêm hemoglobina na sua formação. Além de ser responsável pela coloração dessas células, a hemoglobina distribui oxigênio para todo o corpo. Então, se o nível de glóbulos vermelhos estiver abaixo do limite, é possível que nem todos os órgãos recebam oxigênio suficiente e, consequentemente, não consigam realizar suas funções de forma adequada. Quando esse quadro acontece, considera-se que o paciente está com anemia.
“Anemia pode ocasionar cansaço, dor nas pernas, dor de cabeça e queda da energia do corpo. Assim, a pessoa acaba não tolerando bem o tratamento, diminuindo a aderência e aumentando a experiência negativa”, o especialista conta.
Qual a importância da doação de sangue?
Apesar da porcentagem de brasileiros que doam sangue (1,6%) estar dentro do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (entre 1% e 3%), não é o suficiente para manter os estoques dos hemocentros em um nível considerado como adequado. Um dos motivos para essa situação acontecer é a periodicidade com que as pessoas realizam essa ação.
“Apenas 4% dessa população faz doações rotineiramente e o sangue é perecível, então precisamos constantemente de novas doações”, ressalta o Dr. Santucci.
Enquanto o plasma doado pode ser armazenado por até um ano, as hemácias podem ser utilizadas até 35 ou 42 dias após a doação. Porém, as plaquetas duram apenas cinco dias. Por isso a importância de realizar a doação de maneira rotineira, respeitando o intervalo de 90 dias, para as mulheres e 60, para homens.
Transfusão de sangue e coronavírus
Pensando nisso a Abrale criou a campanha Saia de casa só se for para fazer o bem. O objetivo é incentivar e mostrar que é seguro sair de casa para realizar esse ato de solidariedade.
Os hemocentros continuam funcionando normalmente, entretanto desenvolveram alguns protocolos para garantir a segurança do doador. Por isso, as doações devem ser previamente agendadas para evitar aglomeração e os espaços entre as cadeiras de doação aumentaram.
Além disso, os cuidados básicos de higiene devem ser seguidos pelo doador. Ou seja, não cumprimentar com toques, abraços e apertos de mão, lavar bem as mãos ao chegar e sair do local, utilizar álcool em gel sempre que encostar em algo, evitar tocar o rosto e usar máscara de proteção.
Apesar das indicações de quem pode doar não terem sido alteradas, devido à covid-19 é recomendado que pessoas com mais de 60 anos permaneçam em casa. As outras indicações continuam iguais: ter mais de 16 anos (menores de 18 precisam de autorização), pesar mais de 50kg e levar documento com foto recente.
É importante ressaltar que quem estiver gripado, resfriado ou com suspeita da covid-19 não pode doar sangue temporariamente. Caso a pessoa tenha contraído o vírus, só poderá doar sangue 90 dias após recuperação completa. Se tiver contato com alguém que está com covid-19, é preciso esperar 14 dias após o último dia de contato.
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
https://revista.abrale.org.br/
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