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segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

COMO ALIMENTAR IDOSOS ACAMADOS

 

Contando um pouco sobre as fases de algumas doenças, passei a receber dúvidas sobre como cuidar em casa de idosos que estão acamados.
 
Sou terapeuta ocupacional e só posso responder às dúvidas sobre a minha área. Por isso resolvi criar uma seção nova aqui no blog, a de “entrevistas”. Assim posso trazer a contribuição de outros profissionais de saúde.
 
E claro, para fazer jus aos pedidos de vocês, ela vai ser inaugurada com um tema que deixa muita gente angustiada: alimentação do idoso acamado.
 
É necessário ter algum cuidado especial para dar comida ao idoso que está acamado?
 
Sim. A posição da pessoa no ato da alimentação é de fundamental importância, esteja ela se alimentando pela boca, por sonda nasoenteral ou gastrostomia.
 
O idoso não deve estar deitado em hipótese alguma, e o ideal seria que ele se mantivesse sentado, pois assim se minimiza o possível risco de o alimento ir para o pulmão e não para o estômago. Mas sentar uma pessoa acamada nem sempre é uma tarefa simples e segura. 
 
Por isso, recomenda-se que o idoso não esteja nem deitado por completo nem sentado como numa cadeira, seria o meio termo dessas posições.
 
E é também nessa posição que ele deve permanecer por pelo menos 30 minutos após ter recebido o alimento ou tomado qualquer líquido, inclusive medicações.
 
Dra. Diana Santos é nutricionista com experiência no atendimento de idosos
 
Em determinado momento da doença muitas pessoas com Alzheimer podem se recusar a comer, o que pode levar à desnutrição. Essa situação leva a problemas, como atrofia dos músculos, menor absorção de medicamentos e até mesmo a morte. O que fazer quando alguém com Alzheimer não quer comer?
 
É verdade. Muitos idosos com Alzheimer ou qualquer outra síndrome demencial podem se recusar a comer porque perdem o apetite ou simplesmente porque não se lembram que ainda não comeram.
 
Nesses casos os familiares e/ou cuidadores devem ter muita paciência com a pessoa doente no ato da alimentação. A oferta dos alimentos deve ser feita com uma certa insistência até que uma quantidade considerável de comida seja ingerida, sempre respeitando o ritmo de cada pessoa (os idosos tendem a comer mais lentamente que os adultos).
 
De que maneira é possível melhorar a alimentação do idoso que está acamado?
 
Hoje em dia já encontramos em farmácias e em lojas especializadas suplementos nutricionais capazes de suprir boa parte dos nutrientes necessários às pessoas, inclusive dos idosos.
 
Eles são comercializados na forma líquida ou em pó, nas versões com sabores variados (banana, chocolate, baunilha, morango, dentre outros), ou mesmo sem sabor. Uma boa opção de uso dos suplementos nutricionais é adicioná-los a preparações bem aceitas pelos idosos.
 
Sugiro incrementar mingaus, sucos, purês, vitaminas de frutas, sopas, etc. Mas também podemos suplementar a alimentação adicionando leite em pó ao leite líquido convencional, azeite de oliva em receitas salgadas que o idoso aceite bem, e a depender do caso incrementar algumas receitas com creme de leite, clara do ovo (a parte branca), mel, e o que mais a imaginação permitir e o paladar aceitar. 
 
Além disso, podemos enriquecer feijões, por exemplo, cozinhando uma beterraba e carne junto deles, ou acrescentar cenoura ralada no arroz (preferir o integral).
 
As vísceras animais, como o fígado, são alimentos riquíssimos em nutrientes importantes para o bom funcionamento do organismo, e fornecerem boas proteínas também. Uma sugestão é prepará-las junto com carne moída, ficará nutritivo e o sabor mascarado.
 
A dieta deve se adequar ao estado nutricional da pessoa, às doenças pré existentes, aos hábitos alimentares de cada um, além de ter que estar de acordo com o meio de entrada do alimento no indivíduo (se pela boca ou por sonda).
 
Se for pela boca deve atender às condições bucais da pessoa, isto é, se ela tem dentes suficientes para uma mastigação adequada, se há ferimentos na gengiva, língua ou bochechas, e ainda se o idoso tem alguma dificuldade de engolir alimentos sólidos ou líquidos.
 
Portanto, não existe uma receita pronta da melhor dieta, e sim uma dieta ideal para cada pessoa. Lembrando que uma alimentação saudável deve ter diariamente carne, leite, frutas, legumes e verduras, cereais (arroz, aveia, milho, etc.), tubérculos e raízes (batata, mandioca, inhame, cará, etc.) e feijões (ervilha, lentilha, grão-de-bico, feijões de todos os tipos).
 
Um dos segredos da alimentação via sonda nasoenteral é a fluidez da dieta. E esse é um quesito em que se deve ter atenção redobrada no caso da refeição feita em casa, a dieta enteral caseira. Basta entender que a dieta terá que passar, sem esforço algum, por aquela “mangueirinha” que leva a comida até o estômago, ou intestino, do paciente.
 
Portanto, deve ser quase tão fluida quanto a água. Mas como fazer isso com uma sopa, ou um suco de frutas mais grosso? Devemos adicionar água! Mas a água pura não nos fornece nenhum nutriente, então devemos priorizar aquela água usada para cozinhar os alimentos, nela ficam retidos muitos nutrientes como vitaminas e minerais.
 
Uma outra opção é acrescentar leite, que é um alimento nutritivo, além de ser líquido. Devemos lembrar também que a pessoa alimentada por sonda não sente o sabor dos alimentos que lhe são ofertados, então uma sopa que tiver o leite adicionado não deve causar estranheza, assim como podemos acrescentar azeite de oliva numa vitamina de frutas. 
 
O “segredo” é a dieta estar bem líquida, sem deixar de ser nutritiva.
Um outro aspecto a ser considerado é que para que a dieta esteja bem fluida os alimentos que a compuserem devem ser sempre muito bem cozidos, batidos (de preferência num liquidificador) e coados, de duas a três vezes, logo em seguida. Esse procedimento, embora trabalhoso evitará que a sonda fique entupida pelos pequenos pedaços de alimentos e suas fibras (fiapos), o que implicará à ida do paciente até um serviço médico para que a sonda seja trocada.
 
Outra dica importante para a preservação dos nutrientes de uma sopa para a sonda é que esta seja preparada diariamente e mantida na geladeira, e batida somente instantes antes de ser ofertada ao paciente. Isso garantirá uma oferta maior de nutrientes.
 
Devemos lembrar também que a alimentação pela sonda deve ser sempre ofertada à temperatura ambiente, nem quente ou morna, nem fria ou gelada. Isso evitará que o paciente apresente diarreia.

 

 

 

 




obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico

abs

Carla

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