Publicado em: 25/07/2018 - 21:07:00
Entenda o papel dessa especialidade no diagnóstico, tratamento e reabilitação do paciente com câncer
Quando identificamos algum problema na boca, procuramos o dentista, certo? Certo. O que poucas pessoas sabem é que dentro da odontologia existem várias especialidades, cada uma responsável por uma questão específica e, entre elas, está a estomatologia. Os estomatologistas são especialistas no diagnóstico das doenças da boca. Eles são, por exemplo, os profissionais indicados para analisar e, se necessário, realizar biopsias das lesões da boca e dos ossos maxilares. Desta forma, são grandes aliados no diagnóstico precoce do câncer de boca.
O Dr. Fábio de Abreu Alves, Líder do Departamento de Estomatologia do A.C.Camargo Cancer Center, explica que identificado o câncer de boca o paciente será tratado por uma equipe multidisciplinar composta por cirurgiões de cabeça e pescoço, oncologistas clínicos e radioterapeutas. Contudo, o Estomatologista participa também no manejo dos efeitos colaterais que aparecem na boca do paciente em tratamento oncológico. "Eles acontecem principalmente em quem faz radioterapia na região da cabeça e pescoço, quimioterapia, iodoterapia (sialoadenites), além daqueles que fazem uso de algumas drogas específicas", diz.
Entre os principais efeitos encontrados na boca dos pacientes oncológicos estão: Mucosite -inflamação da parte interna da boca que pode levar à feridas na região; Xerostomia - sensação de boca seca; Osteorradionecrose - necrose óssea, mais comumente na mandíbula, causada pelo efeito da radioterapia; e Osteonecrose associada a medicamentos - necrose óssea na região do maxilar associada ao uso de medicamentos (principalmente por Bifosfonatos e Denosumabe). "Em todos os casos podemos atuar tanto preventivamente, quanto tratar o problema diretamente", afirma Fábio de Abreu Alves.
A atuação preventiva consiste em uma avaliação odontológica criteriosa antes de começar o tratamento. É avaliada a condição das gengivas e dos dentes e feito todo o tratamento necessário antes do início de um medicamento ou da radioterapia, por exemplo. "Consequentemente, os índices de necrose nesses pacientes é muito mais baixo quando comparado com aqueles que não fizeram essa avaliação odontológica", observa o especialista.
A equipe de estomatologia também atua na reabilitação do paciente. "Fazemos todo o tratamento odontológico, desde a parte periodontal, que envolve o cuidado com as gengivas, como a colocação de próteses e, se houver necessidade e indicação, os implantes", explica.
Tumores benignos - Além de dar todo o suporte no diagnóstico, tratamento e reabilitação dos pacientes com câncer de boca, a equipe (estomatologista e cirurgiões bucomaxilofaciais) ainda atua no tratamento de tumores benignos que aparecem na cavidade oral. O mais comum deles é chamado ameloblastoma, um tumor que, apesar de benigno, é localmente agressivo, sendo capaz de destruir a mandíbula, causando deformidades e perda dentária. Ele é mais comum em pacientes jovens, em torno dos 20 anos.
Outros tumores benignos e cistos também chamam atenção dentro desse cenário, não pela agressividade, mas pelos sinais que eles dão para o especialista. Os osteomas, por exemplo, quando surgem em grande número podem indicar a presença da Síndrome de Gardner, condição que favorece o crescimento de pólipos no intestino e, com isso, o desenvolvimento de câncer colorretal. "Esses pacientes são encaminhados para avaliação da área especializada em tumores colorretais e acompanhados de perto por eles", esclarece Fábio de Abreu Alves.
Outra síndrome relacionada ao câncer que pode ser identificada a partir da boca é a Síndrome de Gorlin. Crianças e adolescentes que apresentam queratocistos nessa região precisam fazer uma investigação para a síndrome que favorece o desenvolvimento de tumores de pele em idade precoce. "Nesses casos é preciso passar com a equipe de oncologia cutânea para fazer a prevenção e o diagnóstico precoce", destaca o estomatologista.
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Carla
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