quinta-feira, 11 de maio de 2023
O que é taquicardia sinusal inapropriada?
A taquicardia sinusal inapropriada (TSI) é um tipo de arritmia cardíaca incluída dentro da categoria de taquicardias supraventriculares, condições em que o coração bate mais rápido do que o normal em repouso, sem uma causa aparente ou mediante estímulos mínimos. Essa taquicardia é chamada de "inapropriada" porque a frequência cardíaca não guarda relação ou proporção com nenhum estímulo físico ou emocional específico.
Ela não é considerada uma ameaça à saúde, mas em alguns casos pode ser um sintoma de uma condição médica subjacente mais grave, como doença cardíaca, problemas de tireoide, anemia ou uso excessivo de estimulantes.
Quais são as causas da taquicardia sinusal inapropriada?
A TSI pode ser causada pelo fato de o próprio nódulo sinusal ter uma estrutura ou função anormal, ou pode ser parte de um problema chamado disautonomia ou disfunção autonômica, uma condição em que o sistema nervoso autônomo não funciona bem.
A TSI incide em cerca de 1% da população de meia-idade (dos 15 aos 45 anos de idade) e predomina nas mulheres em relação aos homens, na proporção de 4:1. Mais raramente, os pacientes idosos também podem apresentar TSI.
Embora alguns dados relacionem a TSI a alterações hormonais associadas à idade, gravidez e menstruação, associações claras entre ela e esses fatores nunca foram estabelecidas com segurança.
Qual é o substrato fisiopatológico da taquicardia sinusal inapropriada?
A fisiopatologia da TSI ainda não está elucidada, mas acredita-se que possa estar relacionada a alterações no sistema nervoso autônomo, especialmente uma maior atividade do sistema nervoso simpático. Além disso, algumas condições, como ansiedade e estresse, consumo de cafeína, uso de drogas, distúrbios endócrinos, desidratação, doenças pulmonares e cardíacas e efeito colateral de certos medicamentos, também podem contribuir para o desenvolvimento da TSI.
Evidências recentes revelaram uma forma familiar de TSI associada a uma mutação de ganho de função no canal do marcapasso do gene HCN4, causando aumento da sensibilidade e levando ao aumento do impulso simpático.
Quais são as características clínicas da taquicardia sinusal inapropriada?
A TSI é uma condição em que a frequência cardíaca em repouso é anormalmente alta, geralmente acima de 100 batimentos por minuto (com média de 24 horas maior do que 90 bpm), sem uma causa óbvia, podendo chegar a 150 bpm em adultos e 180 bpm em crianças.
Algumas características clínicas da taquicardia sinusal inapropriada incluem, além da frequência cardíaca elevada:
- palpitações;
- dores no peito;
- dores de cabeça;
- fadiga e falta de energia;
- intolerância ao exercício;
- falta de ar;
- tontura;
- parestesias;
- câimbras;
- sintomas associados ao sistema nervoso autônomo;
- desmaios;
- e sudorese.
No entanto, nem todas as pessoas com taquicardia sinusal inapropriada apresentam todos esses sintomas e algumas são, na verdade, assintomáticas. Além disso, esses sintomas também podem ser causados por outras condições médicas, por isso, é importante procurar um médico para estabelecer um diagnóstico adequado.
Como o médico diagnostica a taquicardia sinusal inapropriada?
Para realizar o diagnóstico da taquicardia sinusal inapropriada, o médico deve partir de:
- Análise do histórico clínico (anamnese) do paciente, que inclui, entre outras coisas, seus sintomas, sua idade, condições de saúde preexistentes, medicamentos que esteja tomando, etc.
- Exame físico, para verificar sua frequência cardíaca, pressão arterial e avaliar qualquer outro sintoma que esteja apresentando.
- Eletrocardiograma (ECG), que registrará a atividade elétrica do coração e que pode detectar a taquicardia sinusal inapropriada e descartar outras condições cardíacas.
- Monitoramento Holter, usado para gravar a atividade elétrica do coração por 24 horas seguidas ou mais.
- Teste de esforço, que pode verificar se a taquicardia sinusal inapropriada é desencadeada pelo exercício.
Outros exames podem ser solicitados na dependência das peculiaridades de cada caso. Os dados diagnósticos clínicos mais característicos são: taquicardia sinusal paroxística ou persistente inexplicável, com exclusão de outras causas de taquicardia sinusal ou de taquicardias supraventriculares; onda P normal no ECG; taquicardia sinusal em repouso; queda noturna do ritmo cardíaco; resposta anômala ao exercício; e hipotensão.
Como o médico trata a taquicardia sinusal inapropriada?
Como a TSI, por si só, não é nociva, o não tratamento é uma opção escolhida por muitas pessoas que não apresentam sintomas ou que só apresentam sintomas mínimos. Algumas estratégias gerais que podem ajudar a tratar ou minorar a TSI são:
- Identificar os gatilhos, para poder evitá-los ou minimizar seus efeitos.
- Reduzir a ingestão de cafeína (café, chá, bebidas energéticas e refrigerantes).
- Evitar álcool e tabaco ou reduzir seu consumo.
- Praticar técnicas de relaxamento que podem diminuir a frequência cardíaca em pessoas com TSI.
- Usar os medicamentos prescritos pelo médico nos casos em que sejam necessários.
- Às vezes, pode ser necessário tratar a causa subjacente da TSI.
Quando se optar pelo tratamento, ele pode ser feito por meio de fármacos ou de forma invasiva, com vários graus de sucesso. Alguns tipos de medicamentos testados são, entre outros, betabloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio e agentes antiarrítmicos.
Os tratamentos invasivos incluem formas de ablação por cateter, como modificação do nódulo sinusal ou ablação completa do nódulo sinusal, com implantação associada de marca-passo artificial permanente. Mas essas intervenções podem até mesmo piorar os sintomas.
Como evolui a taquicardia sinusal inapropriada?
O prognóstico da TSI não é uniforme e nem sempre é previsível. O risco de cardiomiopatia induzida pela taquicardia é considerado muito baixo. Há poucos relatos sobre os resultados da TSI a longo prazo, embora haja relatos de morte.
A TSI não resolvida tem sido sugerida como um fator predisponente à hipertensão arterial sistêmica. Apesar do tratamento, a maioria dos sintomas sistêmicos parece persistir, mesmo com a diminuição da frequência cardíaca.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Journal of the American College of Cardiology e da Dysautonomia International.
Chefes da Equipe de Revisão:
Dr. Alonso Augusto Moreira Filho e Dra. Vandenise Krepker de OliveiraAs notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.
FONTE: https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1436900/taquicardia-sinusal-inapropriada.htm
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
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