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sábado, 16 de dezembro de 2023

Álcool e Diabetes – O que dizem os Guidelines?

 

Dra Deise Regina Baptista

Os riscos associados ao consumo de álcool incluem hipoglicemia e/ou hipoglicemia tardia (particularmente para aqueles que usam insulina ou terapias com secretagogos de insulina), ganho de peso e hiperglicemia (para aqueles que consomem quantidades excessivas) (1,2).
Bebidas doces ou açucaradas contêm carboidratos e podem aumentar a glicemia. O álcool estimula o apetite e pode alterar o consumo dos alimentos, afetando o julgamento ou força de vontade para o consumo de fontes alimentares não saudáveis (1,3).


Como o álcool interfere na ação da insulina, dos secretagogos de insulina e do glucagon, aumentam o risco de hipoglicemia em indivíduos que fazem uso dessas substâncias (4).


A oxidação do álcool em acetaldeído e depois em energia ocorre principalmente no fígado e envolve a enzima álcool-desidrogenase. O álcool não é convertido em glicose, bloqueia a gliconeogênese e potencializa os efeitos da insulina por interferir na contra regulação na hipoglicemia induzida pela insulina (4).


É importante que os profissionais de saúde aconselhem pessoas com diabetes sobre o consumo do álcool e que incentivem a moderação e uso sensato àqueles que optarem por consumir álcool (5).


Se houver ingestão de álcool, orientar a pessoa com DM a monitorizar a glicemia(4,6). Em relação às quantidades, deve-se seguir as mesmas diretrizes das pessoas sem DM. A ingestão diária de álcool deve ser limitada a uma dose ou menos para mulheres e a duas doses ou menos para homens, que equivale a quantidade média de 15 a 30g de etanol, respectivamente. Compreende-se como uma dose, 150 mL de vinho (uma taça), 350 mL de cerveja (uma lata pequena) ou 45 mL de destilados (uma dose com dosador-padrão) (2,5,6).


Recomenda-se a ingestão de carboidrato durante o consumo da bebida ou antes, sendo necessário, por vezes, ajuste da dose de insulina ou dos secretagogos de insulina. Caso o exercício físico acompanhe o consumo de bebida alcoólica, em período noturno, a glicemia deverá ser monitorada durante a noite e no dia seguinte (5,6).
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O consumo de álcool impacta no risco de desenvolver DM2?

Revisões sistemáticas abrangentes sugerem um efeito protetor da ingestão moderada de álcool (6-48 g de álcool/dia, ou seja 0,5 a 3,4 drinques) e risco de desenvolvimento de DM2, sendo a incidência menor em 30-56% em relação aos que consumidores de maiores quantidades de álcool (7,8, 9).


Knott et al. relataram risco reduzido de desenvolvimento de DM2 em todos os níveis de ingestão de álcool (até 63 g/dia) com redução maior em uma ingestão diária de 10-14g/dia (aproximadamente 1 bebida/dia) (10).


Uma meta análise e revisão sistemática (11) que avaliou os efeitos de diferentes tipos de bebidas alcoólicas e incidência de DM2, relatou que o vinho estava associado significativamente a um risco menor (20%) de desenvolvimento de DM2 quando comparado com consumo de cerveja (9%).


Embora a evidência epidemiológica mostre correlação entre consumo de álcool e risco de desenvolvimento de DM2, os profissionais de saúde não devem aconselhar os abstêmios a começarem a consumir álcool. Este consumo é individual e fatores como histórico de consumo de álcool, fatores genéticos e saúde, bem como interações medicamentosas devem ser consideradas no aconselhamento sobre uso de álcool.

Referências Bibliográficas

  1. American Diabetes Association. 1. Improving Care and Promoting Health in Populations: Standards of 1. American Diabetes Association. 1. Improving Care and Promoting Health in Populations: Standards of Medical Care in Diabetes-2022. Diabetes Care. 2022 Jan;45(Suppl 1):S8–16.
  2. Princípios gerais da orientação nutricional no diabetes mellitus. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020. 2019.
  3. Ranjan A, Nørgaard K, Tetzschner R, Steineck IIK, Clausen TR, Holst JJ, et al. Effects of Preceding Ethanol Intake on Glucose Response to Low-Dose Glucagon in Individuals With Type 1 Diabetes: A Randomized, Placebo-Controlled, Crossover Study. Diabetes Care. 2018 Jan 22;41(4):797–806.
  4. Tetzschner R, Nørgaard K, Ranjan A. Effects of alcohol on plasma glucose and prevention of alcohol-induced hypoglycemia in type 1 diabetes-A systematic review with GRADE. Diabetes Metab Res Rev. 2018 Jan 29;34(3).
  5. Evert AB, Dennison M, Gardner CD, Garvey WT, Lau KHK, MacLeod J, et al. Nutrition therapy for adults with diabetes or prediabetes: A consensus report. Diabetes Care. 2019 Apr 18;42(5):731–54.
  6. American Diabetes Association. 1. Improving Care and Promoting Health in Populations: Standards of Medical Care in Diabetes-2022. Diabetes Care. 2022 Jan;45(Suppl 1):S8–16.
  7. Howard AA, Arnsten JH, Gourevitch MN. Effect of alcohol consumption on diabetes mellitus: a systematic review. Ann Intern Med 2004;140:211–219.
  8. Baliunas DO, Taylor BJ, Irving H, et al. Alcohol as a risk factor for type 2 diabetes: a systematic review and meta-analysis. Diabetes Care 2009;32:2123–2132.
  9. Koppes LLJ, Dekker JM, Hendriks HFJ, Bouter LM, Heine RJ. Meta-analysis of the relationship between alcohol consumption and coronary heart disease and mortality in type 2 diabetic patients. Diabetologia. 2006;49:648–652.
  10. Knott C, Bell S, Britton A. Alcohol consumption and the risk of type 2 diabetes: a systematic review and dose-response meta-analysis of more than 1.9 million individuals from observational studies. Diabetes Care 2015;38:1804–1812.
  11. Huang J, Wang X, Zhang Y. Specific types of alcoholic beverage consumption and risk of type 2 diabetes: a systematic review and metaanalysis.J Diabetes Investig 2017;8:56–68.

 

 

Dra Deise Regina Baptista
  • Professora Associada – Departamento de Nutrição da UFPR
  • Mestre e Doutora em Ciências Farmacêuticas/UFPR
  • Educadora em Diabetes – International Diabetes Center - MN

 

 

 

FONTE:  https://diabetes.org.br/alcool-e-diabetes-o-que-dizem-os-guidelines/

 

 


 

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abs

Carla

 

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