Equipe Oncoguia
- Data de cadastro: 27/06/2014 - Data de atualização: 09/07/2017
A terapia hormonal, também denominada terapia de privação de andrógeno ou terapia de supressão androgênica, tem o objetivo de reduzir o nível dos hormônios masculinos (andrógenos), no corpo.
Os principais andrógenos são a testosterona e a diidrotestosterona (DHT). A maioria dos andrógenos do corpo são produzidos pelos testículos, mas as glândulas suprarrenais, também produzem uma pequena quantidade. Os andrógenos estimulam as células do câncer de próstata a crescerem. Reduzir os níveis de andrógenos ou impedi-los de atuar nas células cancerígenas da próstata muitas vezes faz com que os tumores diminuam de tamanho ou cresçam mais lentamente por um tempo. No entanto, apenas a hormonioterapia não cura o câncer de próstata.
A terapia hormonal pode ser utilizada em várias situações:
Se o paciente não pode realizar cirurgia ou radioterapia, ou se a doença não pode ser curada por estes procedimentos, pois o câncer já se disseminou além da próstata.
Se o câncer não foi totalmente curado ou recidivou após a cirurgia ou radioterapia.
Como complemento à radioterapia, se o paciente tem um alto risco de recidiva.
Antes da radioterapia para tentar reduzir o tamanho do tumor e tornar o tratamento mais eficaz.
Tipos de Terapia Hormonal
Existem vários tipos de terapia hormonal para tratar o câncer da próstata:
Tratamentos para diminuir os níveis de andrógenos
Orquiectomia Bilateral (Castração Cirúrgica).
Consiste na remoção cirúrgica de ambos os testículos. Embora seja um procedimento cirúrgico, seu principal efeito é hormonal. Neste procedimento são retirados os testículos, onde são produzidos a maioria dos andrógenos (testosterona e DHT). É chamado de tratamento hormonal, porque elimina a principal fonte de produção de testosterona.
Terapia com análogo do LHRH (Castração Química).
Essa terapia consiste da administração de uma droga denominada agonista do receptor do hormônio liberador do hormônio luteinizante, o que leva a uma queda no nível de testosterona. Os análogos do LHRH são injetados ou colocados em pequenos implantes sob a pele. Dependendo do medicamento utilizado, podem ser administrados mensalmente ou anualmente. Os análogos de LHRH disponíveis incluem leuprolide, goserelina, triptorrelina e histrelina.
Antagonista da LHRH
Degarelix.
É um antagonista do LHRH usado para tratar o câncer de próstata avançado. É administrado como uma injeção sob a pele mensalmente e rapidamente reduz o nível da testosterona. Os efeitos colaterais mais comuns são problemas no local da aplicação (dor, vermelhidão ou inchaço) e aumento dos níveis de enzimas hepáticas.
Inibidor de CYP17.
Os medicamentos agonistas do LHRH podem bloquear a produção dos andrógenos pelos testículos, mas outras células do corpo, incluindo as próprias células cancerosas da próstata, ainda podem produzir pequenas quantidades, e assim estimularem o crescimento do tumor. O abiraterone bloqueia a enzima CYP-17, que impede a produção de andrógenos no organismo. Este medicamento é administrado por via oral, diariamente.
Medicamentos que bloqueiam a função dos Andrógenos
Antiandrógenos. Um antiandrógeno ou antagonista de andrógeno é um composto químico capaz de bloquear ou inibir os efeitos biológicos de andrógenos nos receptores celulares que captam testosterona ou outros hormônios masculinos. Os medicamentos deste tipo, como a flutamida, bicalutamida e nilutamida são administrados via oral diariamente. O tratamento com antiandrógeno pode ser combinado com orquiectomia ou análogos do LHRH, como a hormonioterapia de primeira linha, o que é denominado bloqueio androgênico combinado.
Enzalutamida. Este medicamento é um novo tipo de antiandrógeno. A enzalutamida inibe a ligação do andrógeno ao receptor, inibe a passagem do complexo receptor-andrógeno para o núcleo e inibe a duplicação do DNA e "multiplicação da célula cancerosa”. Em homens com câncer de próstata resistentes à castração que progrediram após uso de análogos do LHRH ou orquiectomia, ou que já fizeram uso de docetaxel (medicamento quimioterápico) enzalutamida diminui o nível do PSA, reduz ou retarda o crescimento de tumores e aumenta a sobrevida. A enzalutamida é administrada por via oral e a dose é de 4 comprimidos de 40 mg diariamente (160mg).
Outros Medicamentos Supressores de Andrógenos
Estrogênios (Hormônios Femininos). Foram a principal alternativa à orquiectomia para homens com câncer de próstata avançado. Mas, devido a seus possíveis efeitos colaterais estão sendo substituídos por outros tipos de hormonioterapia.
Cetoconazol. Utilizado anteriormente no tratamento de infecções fúngicas, bloqueia a produção de determinados hormônios, como os androgénios, de forma similar ao abiraterone. É mais frequentemente utilizado no tratamento de homens diagnosticados com câncer de próstata avançado, por permitir a redução dos níveis de testosterona mais rapidamente. Também pode ser administrado quando outras formas de hormonioterapia não estão respondendo. Pacientes tratados com cetoconazol muitas vezes precisam tomar um corticosteroide, para evitar os efeitos colaterais causados pela diminuição do nível do cortisol.
Possíveis Efeitos Colaterais
Em função das alterações nos níveis de hormônios, a hormonioterapia pode provocar efeitos colaterais como:
Diminuição ou ausência da libido.
Impotência.
Ondas de calor.
Diminuição dos testículos e do pênis.
Sensibilidade e crescimento do tecido mamário.
Osteoporose.
Anemia.
Diminuição da agilidade mental.
Perda de massa muscular.
Ganho de peso.
Fadiga.
Aumento do colesterol.
Depressão.
Algumas pesquisas sugeriram que o risco de pressão arterial alta, diabetes, acidentes vasculares cerebrais, ataques cardíacos e até morte por doença cardíaca é maior em homens tratados com hormonioterapia, embora nem todos os estudos concordem com isso.
Anti-andrógenos. Têm efeitos colaterais similares. A principal diferença dos agonistas e antagonistas da LHRH e orquiectomia é que os anti-andrógenos podem ter menos efeitos colaterais sexuais. Quando essas drogas são usadas isoladamente, o desejo sexual e as ereções podem ser mantidas. Quando esses medicamentos são administrados a homens em tratamento com agonistas de LHRH, a diarreia é o principal efeito colateral. Também podem ocorrer náuseas, problemas hepáticos e fadiga.
Abiraterone. Pode provocar dor nas articulações, aumento da pressão arterial, retenção de líquido no corpo, ondas de calor, dor abdominal e diarreia.
Enzalutamide. Pode provocar diarreia, fadiga e ondas de calor. Também pode provocar alguns efeitos colaterais do sistema nervoso, incluindo tonturas e, raramente, convulsões. Os homens que tomam esse medicamento são mais propensos a cair, o que pode provocar lesões.
Muitos dos efeitos colaterais da hormonioterapia podem ser evitados ou tratados, por exemplo:
Ondas de calor podem ser tratadas com determinados antidepressivos ou outros medicamentos.
Radioterapia das mamas pode ajudar a prevenir a hipertrofia, mas não é eficaz quando o aumento já ocorreu.
Vários medicamentos estão disponíveis para prevenir e tratar a osteoporose.
A depressão pode ser tratada com antidepressivos e/ou psicoterapia.
Exercícios ajudam a reduzir os efeitos colaterais, como fadiga, ganho de peso e a perda de massa óssea e muscular.
Existe uma crescente preocupação de que a hormonioterapia no câncer de próstata pode provocar problemas de concentração ou memória. Ainda assim, a terapia hormonal parece levar a problemas de memória em alguns homens. Esses problemas raramente são importantes e, na maioria das vezes, afetam apenas alguns tipos de memória. Mais estudos estão em andamento.
Discussão sobre Hormonioterapia
Nem todos os médicos concordam sobre o melhor momento para começar ou interromper a hormonioterapia, bem como a melhor maneira de administração. Mais estudos estão em andamento para compreender melhor essa questão.
Tratamento do Câncer em Fase Inicial. Alguns médicos utilizam a hormonioterapia em vez da conduta expectante ou vigilância ativa em homens com câncer de próstata estágio inicial, que não querem fazer cirurgia ou radioterapia. Alguns estudos mostraram que estes homens têm uma sobrevida maior comparados àqueles que não receberam qualquer tratamento inicialmente. Em função disso, a hormonioterapia geralmente não é recomendada para o câncer de próstata em fase inicial.
Tratamento Precoce x Tratamento Tardio. Para os homens que eventualmente precisem da terapia hormonal, como aqueles cujo PSA aumentou após a cirurgia ou radioterapia ou aqueles com doença avançada assintomáticos, alguns médicos acreditam que a hormonioterapia tem melhores resultados se iniciada o mais precocemente possível, mesmo para aqueles que não apresentam qualquer sintoma. Alguns estudos mostraram que o tratamento hormonal pode abrandar a doença e até aumentar a sobrevida.
Hormonioterapia Intermitente x Hormonioterapia Contínua. Quase todos os tipos de câncer de próstata tratados com hormonioterapia se tornam resistentes ao tratamento ao longo do tempo. Alguns pesquisadores acreditam que a supressão androgênica constante pode não ser necessária, por isso, recomendam o tratamento intermitente, acreditando que a pausa na supressão androgênica, também haverá uma pausa nos efeitos colaterais, como diminuição da energia, impotência, ondas de calor e perda do desejo sexual.
Bloqueio Androgênico Combinado. Alguns médicos tratam pacientes com privação de andrógenos mais um anti-andrógeno. Nem todos os médicos concordam que isso possa ser mais útil do que a privação de andrógenos isolada. A maioria dos médicos não concorda que existam provas suficientes de que a terapia combinada seja mais eficaz do que apenas um medicamento no tratamento do câncer de próstata metastático.
Bloqueio Androgênico Triplo. Alguns médicos sugerem realizar a terapia combinada, adicionando um inibidor chamado 5-alfa redutase, finasteride ou dutasteride. No entanto, atualmente, existem poucas evidências sobre os benefícios do bloqueio androgênico triplo.
Castração Resistente x Hormônio Refratário. Esses termos são utilizados para descrever os cânceres de próstata que já não estão respondendo aos hormônios, embora sejam conceitualmente diferentes:
Castração Resistente. Significa que o câncer ainda está evoluindo apesar dos níveis de testosterona estar baixos como é esperado.
Hormônio Refratário. Se refere ao câncer de próstata que não está evoluindo adequadamente com nenhum tratamento hormonal, incluindo novos medicamentos.
Fonte: American Cancer Society (11/03/2016)
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
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